Memória

O bom princípio de ano novo: entre doces e felicitações

Um breve relato sobre a tradição de pedir doces no ano novo.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Logo que amanhece a criançada sai de porta em porta, acordando os vizinhos e desejando um bom princípio de ano, já com a mão esticada (Imagem: Reprodução/RevistaNet). Logo que amanhece a criançada sai de porta em porta, acordando os vizinhos e desejando um bom princípio de ano, já com a mão esticada (Imagem: Reprodução/RevistaNet).

“A memória é a imaginação do Povo, mantida e comunicável pela Tradição, movimentando as Culturas convergidas para o Uso, através do Tempo”.
Luís da Câmara Cascudo

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Neste início de ano estava me lembrando de uma tradição bem típica desta época, o “bom princípio de ano novo”. Se você já possui uma certa idade e viveu em cidades interioranas, como Adamantina, com certeza sabe do que estou falando.

Em uma simples busca por alguns sites, você perceberá as origens deste costume remontam aos países europeus que fizeram parte de nossa formação (Portugal, Espanha e Itália), mas não há um consenso sobre tal questão.

Segundo consta, esta era uma tradição medieval onde as crianças saiam pedindo dinheiro após a missa de ano novo, desejando um “bom princípio de ano”, com a intenção de comprarem doces com os valores recebidos.

Mas, e como funciona? Logo que amanhece a criançada sai de porta em porta, acordando os vizinhos e desejando um “bom princípio de ano”, “já com a mão esticada”. Pelo costume, quem chegasse primeiro levaria o maior brinde, se fosse menino, seria maior ainda, pois seria um sinônimo de sorte para a pessoa que o recebesse.

Em Adamantina, isso não foi diferente, era muito comum ver crianças no primeiro dia do ano, desejando um “bom princípio de ano” aos moradores. As ruas ficavam repletas de crianças com suas sacolas, as campainhas e palmas não paravam e a grande maioria dos moradores as recebiam com um sorriso no rosto.

Lembro-me de como acordava cedo para participar de tal costume. Próximo das seis horas da manhã, íamos eu e um colega para a “romaria”. Voltávamos com cerca de duas sacolas cheias de doces e alguns trocados no bolso, era uma diversão.

Hoje, ainda existem uns poucos “gatos pingados”, que perpetuam esta tradição, mas infelizmente ela está caindo em desuso. Em alguns casos, por vergonha, por medo, por desconhecimento, enfim a cada ano ela vai minguando.

A nós, resta aquela vontadezinha de passar a mão em uma sacola e voltar a desejar um “bom princípio de ano” aos vizinhos e moradores da cidade, mas como isso já não é mais possível, nos contentamos em receber as crianças, com seu lindo sorriso e os votos de um bom ano, e retribui-las com os doces por elas almejados. A todos, um bom princípio de ano novo!

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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