Memória

Entre Cadilacs e Calhambeques

A frota de veículos de Adamantina através do tempo.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Foto: Arquivo Histórico Municipal de Adamantina (Crédito informado pelo autor do texto). Foto: Arquivo Histórico Municipal de Adamantina (Crédito informado pelo autor do texto).

"Enquanto o Cadillac / Consertava eu usava / O Calhambeque, bi-bi / Quero buzinar o Calhambeque. “
(O Calhambeque – Roberto Carlos)

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Meses atrás, acabei redigindo um breve texto acerca das carroças e charretes, que alavancaram a economia local durante muito tempo. Falar sobre a evolução dos meios de transportes é algo que como sabemos está intimamente atrelado aos auspícios da globalização e consequentemente ao encurtamento das distâncias.

Mas, como assim? O que seria esse encurtamento das distâncias? Basta analisarmos o quanto demorava uma viagem de navio no início do século passado da Europa para o Brasil. Com certeza a viagem duraria bem mais do que hoje. Cartas que demoravam dias e dias para chegarem ao seu destino, caíram em desuso graças as redes sociais, que diminuíram esse tempo, e por aí vai...

Mas, e quanto aos veículos da Cidade Joia? Como eram? Em diversas imagens das décadas de 1940 e 1950, vemos poucos carros nas ruas da cidade, isso se deve ao fato de que por muito tempo o custo para se adquirir um veículo como estes era demasiadamente alto, o que só era comum às famílias mais abastadas.

Os veículos mais comuns de serem vistos por aqui neste período eram os caminhões, as jardineiras e os ônibus que eram vinculados às linhas de transportes intermunicipais. Devemos nos atentar que neste período o trem também desempenhava o papel de escoamento da produção e o transporte de passageiros.

Em décadas posteriores, 1960 e 1970, surgem os modelos “clássicos”, como o Fusca, a Variant, o Opala, o Puma, o Cadilac, entre outros. Muitos destes modelos circularam e circulam pelas ruas da terrinha. Muitos hoje viraram relíquias inestimáveis, muitas vezes não pelo valor econômico, mas pelo apego sentimental entre o dono e a máquina.

Quanto as motocicletas, torna-se ainda mais difícil localizar imagens destas nas décadas mencionadas, sua popularização começou a ocorrer em meados das décadas de 1970, no entanto já circulavam pela cidade, em anos anteriores, os modelos das clássicas Vespa e Lambreta. Mas, é claro que depois acabaram surgindo as versões mais conhecidas dos modelos Honda e Yamaha.

Mas, o que marcou claramente a juventude das décadas de 1970 e 1980, foram as “mobiletes”. Até hoje circulam algumas poucas delas pelas ruas, no entanto isso nem se compara à febre que foram no passado. Seu custo era relativamente baixo, não precisava emplacar e sequer precisava de CNH para andar com ela, o que facilitou a sua disseminação entre os jovens da época.

Nos anos 1990 e 2000, assistimos à popularização dos veículos automotores com diversos programas de redução de juros e impostos, o que acabou fazendo com que muitas famílias pudessem ter o seu primeiro veículo, fato esse que aumentou substancialmente a frota de veículos da cidade.

Com tudo isso, há de se pontuar melhoras e pioras para a cidade, mas isso já é assunto para outro dia. Fiquemos apenas com as boas lembranças que o ônibus, a jardineira, o fusca ou mesmo a mobilete nos deram um dia.

Tiago Rafael dos Santos Alves é Historiador. Acesse aqui seu perfil.
 

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