Os oito containers adquiridos ano passado pelo Centro Universitário de Adamantina (UniFAI), para o funcionamento de consultórios móveis e atividades pedagógicas do curso de medicina, ainda estão sem utilização. As estruturas metálicas comumente usadas para o transporte marítimo de cargas custaram R$ 343.000,00 aos cofres da instituição.

Somados aos R$ 30.670,00 empregados na confecção de 424 metros quadrados de base de concreto para acomodar os containers junto às unidades de saúde, o investimento nessa modalidade de estrutura teve o custo total de R$ 373.670,00. Os containers foram entregues já adaptados internamente para a configuração dos consultórios, são equipados, têm revestimento térmico e são climatizados.

Os consultórios médicos móveis foram apresentados à população por meio de uma carreata pelas principais ruas e avenidas de Adamantina, no dia 24 de setembro (reveja). Desde então, já se passaram quatro meses e a estrutura ainda não está finalizada.

O Siga Mais buscou o posicionamento da UniFAI sobre o tema. Em nota enviada pela diretoria de comunicação, a instituição afirma que os consultórios móveis ainda não estão 100% prontos para uso. “A Reitoria do Centro Universitário de Adamantina (UniFAI) informa que os consultórios móveis (contêineres) adquiridos pela instituição estão em fase de finalização das instalações elétrica e hidráulica e do acabamento interno”, revela.

Containers foram apresentados em carreata

Os containers adquiridos pela UniFAI foram apresentados à cidade em carreata, realizada no dia 24 de setembro. A chegada dos dispositivos repercutiu na imprensa local e regional.

Segundo divulgou a instituição, na época, os consultórios foram adquiridos para serem instalados em diversas unidades básicas de saúde do município. Além disso, uma sala de aula móvel com capacidade para 50 alunos, criada a partir da junção de dois containers, foi alocada na Santa Casa de Adamantina.

Na oportunidade, foi divulgado pela instituição que o foco principal dessa ação buscou propiciar uma estrutura adequada para o desenvolvimento prático dos estudantes e, como consequência, ampliar a capacidade de atendimento à população no município.

Consultórios móveis foram apresentados em carreata pelas ruas de Adamantina, em setembro de 2019 (Foto: Fabrício Lopes). 

Sem uma data mais objetiva para que entrem em funcionamento com a participação dos estudantes de medicina na realização de atendimentos à população, a UniFAI informou na nota que os dispositivos devem entrar em funcionamento ainda no primeiro semestre de 2020. O primeiro semestre vai de janeiro a junho.

Os containers foram adquiridos por meio de licitação pública, ocorrida em meados de junho do ano passado, onde participaram uma empresa de Santos (SP) e outra de Itajaí (SC). A empresa catarinense foi a vencedora do processo de licitação e em setembro fez a entrega dos dispositivos, porém em desconformidade com o edital. Essa condição retardou seu recebimento definitivo (oficial) dos containers pela UniFAI, que por sua vez exigiu do fornecedor o atendimento integral daquilo previsto no processo de licitação.

Depois, houve também a necessidade de adequação dos containers acoplados instalados na Santa Casa, sendo exigido pelos Bombeiros a abertura de uma nova porta.

Do conjunto de containers, seis dispositivos de 6 metros de cumprimento foram instalados junto às unidades básicas de saúde Mário Covas, Cecap, Jardim Adamantina, Nove de Julho, Três Vilas (Vila Jardim) e Lagoa Seca, ao custo de R$ 37.00,00 cada container. Foram adquiridos também dois containers de 12 metros, acoplados, instalados na Santa Casa de Adamantina, a serem utilizados como salas de reuniões para os para os docentes e preceptores. Cada um dos dois containers maiores custou R$ 60.500,00. Somados, todos os containers custaram R$ 343.000,00. (Continua após a publicidade...)

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UnIFAI escolheu os containers por gerar pouco entulho, economia de recursos naturais e velocidade na implantação

Questionamentos sobre a decisão pelos containers foram levantados pelos vereadores na Câmara Municipal de Adamantina. Em resposta ao Requerimento Nº 328/2019, de 7 de outubro de 2019, dos vereadores Acácio Rocha, Alcio Ikeda, Hélio Santos e Paulo Cervelheira, aprovado pela Câmara Municipal e dirigido à UniFAI, o reitor da instituição, Prof. Dr. Paulo Sergio da Silva, elencou as justificativas.

A resposta do reitor destaca que a decisão pelos containers levou em consideração questões de sustentabilidade ambiental, prazos e a baixa geração de entulhos na implantação do dispositivo. “A escolha da construção em containers justifica-se pela sustentabilidade ambiental, pois temos a edificação com uma mínima taxa de geração de entulho e de outros materiais, bem como a economia de recursos naturais. Além disso, podemos salientar a velocidade na execução, levando geralmente entre 60 e 90 dias para sua implantação. No que tange a durabilidade, o container tem vida útil longa, pois é construído par resistir a diversas intempéries e suportar grandes cargas, além de apresentar baixo custo”, diz a resposta enviada ao legislativo.

Container transformado em consultório móvel, instalado junto à UBS da rua Nove de Julho (Foto: Siga Mais).

Sob um calor intenso em grande parte do ano – ultimamente com temperaturas atingindo 37 °C em Adamantina – o reitor reforça que a decisão pelos containers foi amplamente avaliada e cercada de valores positivos. “Foram estudadas diversas alternativas para a construção e adequação dos espaços, entretanto uma das grandes barreiras foi a ausência de espaços físicos que fossem ‘livres’ de forma definitiva para a construção de tais edificações. Em meio a este cenário a construção em containers se mostrou vantajosa tanto de cunho financeiro como técnico, por apresentar diversos atributos positivos”, continua. “Por fim e vista como fundamental para a instituição, verifica-se como característica a flexibilidade e mobilidade, pois a edificação pode ser desmontada e montada em outro local, sendo assim a edificação pode ser integrada ao patrimônio da instituição”, completa.

Faculdade Municipal de Assis optou por construir uma policlínica

Os recentes cursos de medicina autorizados a funcionar em instituições públicas municipais, pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) devem estar vinculados e inseridos junto aos serviços da rede pública de saúde e demonstrar integração com a gestão local e regional do Sistema Único de Saúde (SUS), com o fixa a Deliberação CEE N° 167/2019, de define as normas para regulação dos cursos de medicina para os estabelecimentos de ensino superior vinculados ao CEE. Essa condição de integração do curso com os serviços do SUS está prevista na letra “j” do item II, Artigo 4º. Esse ponto da Deliberação trata do projeto pedagógico do curso.

Nesse aspecto, a UniFAI tem possibilitado a inserção do aluno em diversas atividades práticas, com internato na atenção básica e agora o internato junto a um hospital de referência, onde os alunos da primeira turma iniciaram neste mês de janeiro o internato junto à Santa Casa de Araçatuba, que vai se desenvolver pelo período de 18 meses. Para as atividades de internato, a UniFAI pagará o valor de R$ 2.900,00 mensais ao hospital araçatubense (veja mais).

Ainda em Adamantina, além da inserção dos estudantes nas unidades básicas de saúde, os alunos participam de atividades na Santa Casa local e pronto-socorro, além do recém-inaugurado Centro Integrado de Saúde (CIS), com serviço ambulatorial em diversas especialidades, onde os alunos, assistidos por professores preceptores, prestam atendimento à população (veja mais). O espaço é mantido a partir de parceria entre a UniFAI e a Prefeitura de Adamantina, por meio da Secretaria Municipal de Saúde.

CIS – Centro Integrado de Saúde, já funciona em parceria entre UniFAI e Secretaria Municipal de Saúde (Foto: Siga Mais). 

Agora, vive-se a expectativa pelo início de atividades dos containers móveis, junto às unidades de saúde Mário Covas, Cecap, Jardim Adamantina, Nove de Julho, Três Vilas (Vila Jardim) e Lagoa Seca, que podem ampliar o alcance social do curso nas comunidades locais.

Em Assis, o curso de medicina da Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA), em parceria com a Prefeitura da cidade, inaugurou uma PoliClínica em novembro do ano passado. Segundo divulgou a instituição, essa é a quinta de sete unidades de saúde do município a receberem as centrais de atendimento (veja mais).

De acordo com a FEMA, a implantação das PoliClínicas em Assis faz também parte do plano pedagógico feito para o curso de medicina, em que o propósito é levar os alunos para fora da sala de aula, para que ofereçam um atendimento mais humanizado à comunidade. O curso assisense foi anunciado na mesma época que o curso de Adamantina.