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Morre o jornalista Gil Gomes, aos 78 anos

Ícone do rádio, Gil Gomes também teve destaque na TV, com o programa Aqui Agora.

Por: Da Redação atualizado: 14:09
Gil Gomes teve carreira de destaque no rádio e na televisão, ao longo de sua vida profissional (Foto: Arquivo). Gil Gomes teve carreira de destaque no rádio e na televisão, ao longo de sua vida profissional (Foto: Arquivo).

Morreu na madrugada desta terça-feira (16) em São Paulo o jornalista e radialista Gil Gomes, um dos nomes mais famosos na crônica policial. Ele estava internado no Hospital São Paulo, para onde foi levado, na noite desta segunda-feira, após passar mal em sua casa.
Gil Gomes foi socorrido pela equipe do SAMU e levado ao pronto-socorro do Hospital São Paulo, onde permaneceu internado. Na madrugada de hoje não resistiu e morreu. Ele tinha 78 anos e sofria havia mais de 10 anos de Mal de Parkinson.
O radialista e jornalista Gil Gomes deixa quatro filhos e netos. "É uma pessoa única para a comunicação. Sempre muito indignado com as injustiças sociais. Era muito considerado desde os delegados até as classes mais humildes", disse Vilma Gil Gomes, filha do jornalista, ao Portal G1. Segundo a filha, a saúde do pai piorou nos últimos dias.

O começo no rádio (*)

Paulistano nascido e criado na Mooca, Gil vendia balas e santinhos na porta de uma igreja, onde mais tarde foi aceito como congregado mariano.
Sofria de gagueira e para superá-la tentava imitar os locutores esportivos que ouvia pelo rádio. O método funcionou graças, segundo afirma, a sua força de vontade. Foi então convidado a ser locutor nas quermesses da igreja e descobriu que a comunicação era sua vocação. Abandonou assim a ideia de ser médico, como desejava seu pai.
Numa dessas quermesses recebeu aos 18 anos o convite para seu primeiro emprego na Rádio Progresso, como locutor esportivo. Na mesma função, passou por vários rádios paulistanas e do interior até chegar à Rádio Marconi. Quando a rádio parou de fazer coberturas esportivas, Gil passou a integrar o departamento de jornalismo da emissora cuja chefia assumiu no fim dos anos 60.
Um incidente ocorrido em 1968 fez nascer casualmente o repórter policial Gil Gomes. Gil realizava entrevistas pelo telefone com políticos, quando tomou conhecimento que um caso de agressão sexual estava ocorrendo no edifício onde a rádio estava instalada. Num impulso, resolveu fazer a cobertura do caso ao vivo. Desceu as escadas do prédio com o microfone na mão, fazendo locução e entrevistando os envolvidos e as testemunhas.
A Rádio Marconi obteve uma audiência recorde com essa cobertura e Gil concluiu que um programa policial ao vivo era o caminho a seguir. Mas foi um caminho difícil, o regime militar não tolerava críticas ao trabalho da polícia. Para agravar a situação, a Rádio Marconi já era visada pelas autoridades por adotar, em seu noticiário, uma linha de oposição ao governo.
Várias vezes – mais de trinta, conforme afirma o próprio Gil –, Gil e sua equipe foram presos e a rádio retirada do ar. De todas as prisões, conseguiu se livrar sem maiores consequências por conta de sua amizade com policiais. Quando a programação da rádio começou a sofrer censura prévia, Gomes narrava no ar historinhas infantis e receitas culinárias em substituição ao noticiário censurado.
Mas não só as autoridades o hostilizavam. Ao colaborar, com sua equipe, na elucidação de crimes, passou também a sofrer ameaças de morte de bandidos.

Na TV: Aqui Agora (*)

Para se diferenciar do jornalismo sisudo e bem comportado da Rede Globo, em 1991 o SBT idealizou o jornal diário Aqui Agora como um jornal popular no formato e na linguagem. Entre os convidados para integrar a equipe de locutores e repórteres do jornal estavam Gil aparecendo ao lado de Sônia Abrão, Celso Russomanno, Jacinto Figueira Júnior (o homem do sapato branco) e Wagner Montes, entre tantos outros.
Como o Aqui Agora dava ênfase a reportagens sobre acidentes graves e crimes de toda sorte, Gil teve um papel destacado: foi onde ele aprimorou o visual, a voz e o gestual que caíram no gosto do grande público e serviram de inspiração para os imitadores dos programas de humor.
Vestido invariavelmente com uma camisa de cores berrantes, como se tivesse sido comprada numa banca de camelô de um bairro popular, a mão direita empunhando o microfone e a esquerda gesticulando em horizontal como se alisasse o pelo de um cão, Gil narrava os fatos diretamente na cena do crime com sua voz arrastada e grave, que cresce em volume nos momentos mais dramáticos. Usa frases curtas, que às vezes nem chega a completar. Nas entrevistas, não adota uma posição neutra: se emociona diante das vítimas e explode de indignação diante dos criminosos.

O Aqui Agora fez tanto sucesso que passou mais tarde a ter duas edições diárias. Mas com o aparecimento de concorrentes, foi perdendo audiência e saiu do ar em 1997.
Em 1998, Gil foi contratado pela TV Gazeta para ser repórter do Mulheres.
A Escolinha do Barulho foi ao ar pela Rede Record em 1999 quando a Rede Globo deixou de apresentar a Escolinha do Professor Raimundo e dispensou diversos atores cômicos do elenco, os quais a Record resolveu contratar para fazer um programa semelhante. Como inovação, em vez de um único professor, a Escolinha da Record teve quatro professores fixos: Dedé Santana, Miele, Bemvindo Sequeira e Gil Gomes.
Em 2004/05, Gil foi repórter e apresentador do Repórter Cidadão da RedeTV!.

Afastamento da TV e do rádio (*)

Em 2005, Gil afastou-se da família e dos amigos bem como TV e do rádio. Os quase 50 anos de carreira foram aparentemente encerrados pelo mal de Parkinson.

(*) Texto: Wikipédia

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