Memória

Malhar o Judas? Isso ainda é permitido no mundo do politicamente correto?

Uma análise atual da antiga tradição da Malhação de Judas.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Malhar o Judas? Isso ainda é permitido no mundo do politicamente correto?

“Numa terra de liberdade, nós somos reféns da tirania do politicamente correto. ”
Robert Griffin

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Estamos nos aproximando do domingo de páscoa, e uma tradição há muito esquecida me veio na memória: A malhação de Judas. Tal costume é celebrado em diversos países da América Latina no sábado que antecede a Páscoa, mais conhecido como sábado de aleluia.

Tal tradição consiste na “malhação”, “queima’ ou “estouro” de um boneco representado Judas, uma espécie de “vingança simbólica”, rememorando a traição de Judas Iscariotes para com Jesus.

Em diversas localidades o boneco acaba recebendo o nome de políticos, técnicos de futebol e personalidades diversas, e acaba sendo pendurado em lugares centrais da cidade, perto das igrejas e mesmo em frente aos cemitérios.

Em Adamantina esta tradição acabou caindo em desuso, já faz algum tempo que não vejo mais nenhum boneco nas ruas. Lembro-me que quando criança meus tios sempre faziam tal boneco e o colocavam na frente da casa do meu avô, que claro ficava muito furioso com a brincadeira.

Recentemente li uma matéria acerca deste costume e sua vinculação com discursos de ódio. E antes que alguém comece com a mesma fala, ressalto que ao escrever sobre tal tradição, o meu foco é única e exclusivamente com a sua história e cultura, procurando sempre ressaltar como era e como a vivenciei.

Mas, e hoje? Pode ou não pode malhar o Judas? Até parece diálogo Shakespeariano: Malhar ou não malhar o Judas? Eis a questão? Infelizmente no mundo do politicamente correto, até o pau no gato, não se pode mais atirar (claro que é na música pessoal!). Daqui a pouco não poderemos nem cantar mais “Os escravos de Jó”, vai que esta “galera” resolve nos processar por apologia ao “trabalho escravo”.

Infelizmente percebemos que com o passar do tempo as tradições acabam caindo no esquecimento, seja por falta de conhecimento, vergonha, medo ou mesmo sufocadas pelos auspícios da vida moderna, acelerada e rotineira. Mas, como já disseram em outrora: “As tradições não acabam, apenas se reinventam”.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.
 

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