Memória

A charrete e a carroça e seus usos na cidade de Adamantina

Repensando a evolução dos meios de transportes em Adamantina.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
A charrete e a carroça e seus usos na cidade de Adamantina

Aos carroceiros e charreteiros, dedico!

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Nos dias atuais é quase impossível viver sem os adventos da modernidade. Diversos tipos de serviços ou produtos são oferecidos no famoso “delivery”, ou seja, são entregues ou ofertados diretamente na casa do consumidor em tempo recorde.

Mas, poucos vivenciaram como um meio de transporte foi tão fundamental para o escoamento e distribuição de muitos produtos e mercadorias na cidade. A carroça, que hoje é utilizada como um sinônimo pejorativo, em um passado não tão distante foi extremamente necessária para os munícipes.

Na construção de diversos prédios, casas, pontes e até mesmo da linha férrea, a carroça cumpriu o seu papel com força e vigor. Em diversas imagens da década de 1940, era bem difícil ver algum veículo automotor, as carroças imperavam como meio de transporte.

Diversos produtos e serviços eram oferecidos com as carroças. Era bem comum acordar cedo, e ter pães quentinhos e leite fresco ao lado do seu portão, deixado pelo padeiro e leiteiro respectivamente, que os deixavam ainda de madrugada com suas carroças.

Outros produtos que eram revendidos, eram os miúdos de boi ou porco, o popular “bucheiro” os revendia diariamente. Lembro-me que o Sr. Paulo sempre passava em frente à minha casa com sua buzina e nós corríamos para comprar miúdos a pedido da minha avó ou mãe e no final eu ainda ganhava uma voltinha na carroça.

Além de produtos que eram cotidianamente oferecidos, a carroça desempenhou outras funções como meio de transporte, nesse caso a “charrete”. Antes da chegada do táxi, esta cumpriu tal função. Diversas pessoas que chegavam às estações ferroviária ou rodoviária, contratavam tais serviços.

Um fato curioso que descobri em conversas com alguns moradores, foi que na região, era incomum ver mulheres serem transportadas “sozinhas” nas charretes, isso poderia levar a “más interpretações” pelos moradores da cidade.

Um parêntese que merece ser acrescido, se dá com relação ao bebedouro dos cavalos que fica ao lado do Pátio da Feira, infelizmente nem é lembrado mais, e sequer um dia foi restaurado. Uma dica: Por que não o tombar como um patrimônio histórico local, em memória daqueles que muito fizeram pela cidade?

Enfim, lembro-me que existiam diversos “Pontos de carroças” na cidade, mas com os adventos da modernidade e dos meios de transporte, estes acabaram desaparecendo. Carroças e charretes caíram em desuso, mas é bem comum vermos alguns carroceiros no pátio da Estação Recreio (Pátio da Feira) persistindo neste belo ofício, ao longo do tempo.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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