Coronavírus

22 de março: um ano de comércio alternando entre restrições e portas fechadas em Adamantina

Ao SIGA MAIS, presidente da Associação Comercial e do Sincomercio falam sobre o setor.

Por: Acácio Rocha | Da Redação | acacio@sigamais.com atualizado: 23 de maro de 2021 | 11h27
Comércio de Adamantina: um ano de aflição, perdas e desemprego (Imagem: Siga Mais). Comércio de Adamantina: um ano de aflição, perdas e desemprego (Imagem: Siga Mais).

O principal empregador de Adamantina – o comércio – está há um 1 ano com restrições de funcionamento e em muitos momentos com portas fechadas para atendimento ao público, na pandemia da Covid-19.

Na cidade, as primeiras medidas restritivas ao setor foram anunciadas no dia 18 de março do ano passado, ainda a título de recomendações. Depois, no dia 20 de março, foi editado o primeiro decreto pela Prefeitura Municipal com a suspensão do atendimento presencial ao público em estabelecimentos comerciais, com vigência inicial para o período de 22 de março a 5 de abril de 2020.

Desde então, o dia a dia do comércio tem sido marcado por aflições, dramas e incertezas, entre empresários e trabalhadores, que há 365 dias convivem diariamente com prejuízos, queda nas vendas e desemprego. Muitas delas não suportaram e fecharam suas portas.

Comércio: 365 dias sob tensão e incertezas (Imagem: Siga Mais).

Um ano depois, a sociedade vive a expectativa da vacinação, e aposta na imunização como tentativa de para a retomada do convício social, fator que pode desencadear positivamente em todos os setores econômicos e sociais atingidos pela pandemia.  A passos lentos, essa recuperação vai exigir muito esforço, em um ambiente onde interagem a agonia, as incertezas e a esperança.

Sobre as questões da pandemia e seus reflexos no comércio local, o SIGA MAIS ouviu dois representantes do setor, o presidente do Sincomercio Alta Paulista (sindicato patronal do comércio), Sérgio Vanderlei da Silva, e o presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Adamantina, Luis Henrique Sgobbi Mortari.

Crise e o desafio para a subsistência do comércio

Sobre os impactos da pandemia no comércio adamantinense, Sérgio cita dois extremos, onde aponta setores com atividades econômica ativa e empregabilidade, e outros que agonizam na crise. “O setor de comércio e serviços é subdivido em diversos segmentos. Alguns deles, como o de supermercados e farmácias, cresceram com a pandemia e conseguiram segurar as taxas de empregabilidade. Já para outros, principalmente para aqueles que dependem da vida social ativa da cidade, os resultados têm sido desastrosos”, descreve. “Sem a vida social ativa e os inúmeros dias de portas fechadas em razão da fase vermelha do Plano São Paulo, muitas empresas viram-se sem o fluxo de caixa diário, comprometendo consideravelmente a saúde financeira das mesmas. Muitos empresários ainda tentaram sobreviver a 2020 fazendo empréstimos em instituições financeiras e parcelando tributos e impostos atrasados com os Governos, acreditando em um 2021 melhor. Passados três meses deste novo ano, as perspectivas não são das melhores”, continua o presidente do Sincomercio. 

Sérgio Vanderlei da Silva, presidente do Sincomercio  (Imagem: Life FM).

Diante das altas restrições ao setor, ele reclama pela necessidade de maior suporte econômico, emergencial, pela estrutura governamental. “A grande maioria das empresas do comércio e de serviços é composta por pequenos e micros. Empresas que não possuem capital de giro e que necessitam do fluxo de caixa diário para manter suas obrigações em dia. A maior queixa é justamente esta: como manter em dia todas as obrigações de uma empresa sem o dinheiro? O Governo manda fechar, mas ele também precisa ajudar com subsídios e financiamentos acessíveis a juros baixos, para que não haja uma falência em massa”, ressalta Sérgio Vanderlei.

A perspectiva para 2021, na visão do presidente da ACE, também não é promissora. “Os impactos foram e continuarão negativos durante todo o desenrolar do ano de 2021. Tivemos fechamentos de lojas, pequenas indústrias e com isso, consequentes demissões em massa e a queda do poder de compra do consumidor”, pontua. “O maior desafio e as maiores queixas, sem dúvida nenhuma, estão na queda das receitas e a proibição das empresas trabalharem, pois os custos fixos dispararam, os impostos aumentaram e ainda há falta sensibilidade para renegociações junto a fornecedores, locatários, entre outros”, observa Luis Henrique.

Sobrecarga de restrições ao comércio

Sobre o modelo de relacionamento e imposições do poder governamental ao comércio, Sérgio Vanderlei acredita que poderia ter sido instalado outro modelo que considerasse as características regionais, observando as medidas de controle sanitário, porém menos restritivos, que pudesse permitir, pelo menos, um fôlego de sobrevivência para o setor. “O Governo erra ao decretar o fechamento das empresas em cidades como Adamantina que sequer tem transporte coletivo. Cidades como Adamantina tem na sua base o pequeno negócio, a pequena empresa, que somadas geram mais de 6 mil empregos diretos. São pequenas empresas que atendem seus consumidores ao longo do dia, sem aglomeração e com todas as recomendações sanitárias”, diz.

Ele também pontua diferentes cenários locais para o mesmo tema, com altas restrições ao comércio e outros setores e atividades, que geram aglomeração, até então com pouca intervenção do poder público. “É um contrassenso ver a loja fechada, enquanto pessoas estão se aglomerando em portas de bancos e lotéricas. É um contrassenso ver o restaurante fechado, enquanto jovens se aglomeraram em espaços públicos no final de ano. É um contrassenso ver o salão de cabeleireiro sem poder atender seus clientes, enquanto pessoas passam suas férias em praias e as exibem nas redes sociais”, questiona. “O Governo quis ser duro em algumas situações, mas demonstrou-se incompetente em outras”, ressalta Sérgio. “A população, mesmo amedrontada, não sabe em quem acreditar, no que acreditar. Ficamos tanto tempo fechados em 2020 sem precisão. O momento crítico é o que estamos vivendo agora. Para ajudar a piorar o contexto, vemos uma mídia alarmista e um jogo de interesse político entre os governos”, continua o presidente do Sincomercio

Luis Henrique Sgobbi Mortari, presidente da ACE (Imagem: Life FM).

Em meio a tantas restrições, o presidente da ACE destaca a colaboração do comércio e defende que o setor possa trabalhar. “O comércio foi o maior auxiliar na conscientização da população no uso de máscaras e respeito aos protocolos sociais, defendendo assim a vida e a saúde, porém falta consciência de parte da população que ainda se aglomera em festas”, diz. Não podemos mais ficar fechados apenas por questões políticas e descoordenadas. O comércio deverá ficar aberto o maior período possível para evitar aglomerações e dando opções para os clientes irem de acordo com suas necessidades”, observa Luis Henrique.

Dramas e aflições pessoais

Os reflexos da pandemia, no comércio, desencadearam dramas e aflições pessoais de grande complexidade entre os empresários do setor, que definem o momento como desesperador. “Chego a receber ligações no meio da noite de pessoas próximas sem saber o que elas podem fazer. Também tenho sido procurado de forma legal através da instituição Sincomercio, por meio de mensagens e comunicados”, conta Sérgio Vanderlei. “Os empresários estão desamparados, esta é a verdade. Muitos estão vendo seus sonhos desmoronando. Há os que nem conseguem fechar suas atividades por não terem condições financeiras para isso, já que para fechar um estabelecimento se requer recursos para sanar questões trabalhistas, financiamentos em aberto e impostos atrasados. A situação para é de tristeza, incerteza e de desânimo. O que com certeza compromete a saúde, a alma e a vida”, revela.

Lojas operam dentro das restrições impostas pelo Plano SP (Imagem: Siga Mais).

Mesmo diante de tudo isso, o dirigente do Sincomercio se coloca esperançoso e otimista, e tem se posicionado em defesa do setor. “Mas, como sempre digo, não podemos perder as esperanças. Sou uma pessoa de fé e otimista e tento, sempre que possível, levar uma palavra de apoio, já que nossa atuação como presidente do Sincomercio tem suas limitações”, diz. “Queria poder fazer mais, e sofro também por não conseguir. Comprei brigas com autoridades em favor do comércio, mas, infelizmente, contra um sistema em que interesses obscuros e a incompetência da máquina pública prevalecem, nos sentimos impotentes”, desabafa.

O dirigente da ACE faz ainda uma referência crítica à grande mídia e ao jogo político e de poder. “A grande mídia que é o maior formador de opinião do brasileiro dissemina o medo e a insegurança entre a população e empresários, e o jogo político e o abre e fecha desestimulam todos empresários e colaboradores, criando um ambiente totalmente negativo e de stress”, observa. “Porém sentimos que a grande maioria dos empresários tem muita força e grande vontade de trabalhar respeitando todos os protocolos sanitários, preservando a saúde a vida e os postos de trabalho”, ressalta Luis Henrique. 

Pandemia, modelos de negócios e competitividade

Durante a pandemia e as restrições ao comércio local determinadas pelo poder público, o acesso a bens e serviços pelo consumidor, de certa forma, foi prejudicado. Com portas fechadas, o abre-fecha e outros fatores, muitos passaram a fazer suas compras por meios eletrônicos, seja em empresas da própria cidade – que já operavam ou intensificara sua presença nessa modalidade – ou em sites e aplicativos de grandes redes e serviços eletrônicos de compras.

Em meio à gestão dos negócios com a crise em curso, muitas empresas locais se viram obrigadas a reconfigurar seu relacionamento com o consumidor. “A pandemia trouxe à tona a revolução digital, obrigando todos a fazerem parte integral desse processo e acelerar as mudanças e ajustes necessários”, diz o presidente da ACE. “No cenário da pandemia, as relações e vendas através de aplicativos, sites e modelos digitais e com entregas serão o fiel da balança para a sobrevivência dos empresários”, aponta.

 De portas fechadas ou com restrições: vendas despencam (Imagem: Siga Mais).

Ele observa que muito empresários se movimentaram rapidamente, porém uma parte significativa não se adequou a esse movimento e aguarda que tudo volte como era antes da pandemia. “É muito importante que todos os empresários locais se atualizem e se adequem a esse novo cenário, pois o modelo de negócio mudou e não voltará mais como era antes”, alerta. “Cada dia mais o modelo digital integrado com o físico ganhará mais força e nesse ponto o pequeno empresário tem muitas vantagens competitivas frente aos grandes sites, entre elas são o atendimento humanizado, entrega rápida e sem custos adicionais, facilidade na troca dos produtos caso necessário entre outras”, ressalta. “A população também deve ter a consciência de prestigiar e privilegiar as compras no comércio local, do seu vizinho, do seu amigo, preservando assim o máximo de empresas abertas e empregos em Adamantina”, reforça o dirigente da ACE.

O presidente do Sincomercio compartilha do mesmo pensamento. “Sem levar em consideração a pandemia, o comércio eletrônico é uma realidade há anos e já vinha com força, mudando o comportamento do consumidor. Claro que a pandemia acelerou o processo e muitos empresários estão mudando hábitos para continuarem vivos”, diz. “A necessidade de consumo sempre irá existir. E chegar até o consumidor é o grande desafio dos empresários, seja por meio presencial ou eletrônico. Quem ainda não se atentou a essas mudanças há no mercado diversos cursos para colocar a empresa no mundo virtual”, avisa Sérgio Vanderlei.

Aprender na dificuldade

Com tudo que tem sido vivenciado pelo comércio, e em meio ao cenário de extrema dificuldade, há oportunidades de aprendizado, como pontua o presidente do Sincomercio. “Penso que a vida é um constante aprendizado. E em momentos difíceis, de grandes dificuldades, com toda certeza a vida está tentando nos mostrar algo”, observa Sérgio Vanderlei. “Ainda estamos vivendo esta pandemia. O que será do amanhã ainda não sabemos. Quem está com a verdade. As mentiras. Os erros e acertos. Só o amanhã nos trará com clareza”, pondera. “Espero que o maior aprendizado disso tudo seja “o ser melhor”. Sermos melhores em tudo o que fazemos, mas, principalmente, que possamos ser melhores perante o mundo, perante nossos semelhantes. Que possamos não mais tapar os olhos para as mazelas da humanidade, para as doenças, para a fome e para a enorme desigualdade social que ainda persiste como um câncer em nossas cidades e pelo mundo afora”, conclui o presidente do Sincomercio.

Aposta da retomada passa pela imunização da população  (Imagem: Siga Mais).

O presidente da ACE também se orienta pela mesma perspectiva, afirmando haver muito aprendizado e evolução. “Nestes momentos de crises e desafios devemos nos debruçar e dedicar ainda mais aos nossos trabalhos e empresas, buscando incansavelmente alternativas, novas oportunidades e criando parcerias”, destaca. “A Associação Comercial (ACE) e o Sebrae estão justamente para apoiar e desenvolver os empresários frente aos desafios, através de orientações, treinamentos e atendimentos, todos realizados através das plataformas digitais”, para ajudar na evolução das empresas e trabalhando incansavelmente na busca das melhores soluções aos desafios atuais”, reforça. (Continua após a publicidade...) ##banenr1##

Principais datas da pandemia em Adamantina

26 de fevereiro de 2020

Confirmado o primeiro caso de coronavírus no Brasil. Vítima é um homem de 61 anos, morador da cidade de São Paulo, que esteve na Itália. Na mesma data, havia 20 casos suspeitos aguardando resultados.

16 de março de 2020

Prefeitura de Adamantina convoca coletiva de imprensa sobre Coronavírus, programada para o dia 17 de março. O comunicado à imprensa não detalhou a pauta, mas a expectativa é que fossem anunciadas as primeiras medidas locais de enfrentamento ao avanço da doença.

16 de março de 2020

Prefeitura de Adamantina edita o primeiro decreto com um conjunto inicial de medidas para enfrentamento ao Coronavírus. Essas novas determinações estão contidas no Decreto Nº 6.104, de 16 de março de 2020.

17 de março de 2020

São Paulo registra primeira morte pelo coronavírus no Brasil. O homem tinha 62 anos e estava internado em um hospital particular. O paciente tinha histórico de diabetes, hipertensão e hiperplasia prostática — aumento benigno da próstata, comum em homens mais velhos.

18 de março de 2020

Prefeitura de Adamantina amplia medidas de enfrentamento ao coronavírus, com suspensão aulas, atendimento em projetos socias, atividades esportivas, restrições de acesso aos prédios públicos e feitas as recomendações iniciais ao setor privado.

20 de março de 2020

Decreto municipal determina fechamento do comércio de Adamantina a partir do dia 22 de março. A primeira medida mais severa em relação aos setores econômicos locais suspendeu o atendimento presencial ao público em estabelecimentos comerciais em funcionamento de Adamantina no período de 22 de março a 5 de abril de 2020.

25 de março de 2020

Paciente internado em Adamantina com suspeita de coronavírus desmente boatos e mostra recuperação. Após áudio anônimo, paciente se manifesta, mostra recuperação e elogia a Santa Casa de Adamantina.

22 de abril de 2020

Adamantina registra primeiro caso positivo de Covid-19. O paciente de 44 anos ficou internado na Santa Casa local durante o período de isolamento e não precisou ser encaminhado para a UTI. Após o tratamento, teve alta hospitalar, curado da doença. 

12 de maio de 2020

Morre agente penitenciário de 57 anos, de Adamantina, primeiro óbito positivo por Covid-19 de morador da cidade. Ele foi internado no Hospital das Clínicas de Marília, onde ficou entubado e mesmo com o suporte, seu quadro de saúde se agravou, não resistindo. O homem é a primeira vítima positivo da doença, entre moradores da cidade, que foi a óbito. O sepultamento direito, sem velório, aconteceu dia 13 de maio no Cemitério da Saudade, em Adamantina. Ele trabalhava na Penitenciária de Pracinha.

20 de janeiro de 2021

Adamantina recebe as primeiras doses da vacina Coronavac. Cidade pode iniciar vacinação dos grupos prioritários. O primeiro lote tem 640 doses, o que permite imunizar 320 pessoas.

21 de janeiro de 2021

Foi iniciada a imunização contra a Covid-19, em Adamantina, dentro da preconização do Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde (MS) em atender aos grupos prioritários, entre os quais os profissionais da saúde. Quem recebeu a primeira dose do imunizante Coronavac, na cidade, foi a enfermeira Daiane Stefani Périco, que atua na UTI da Santa Casa e na clínica PAI Nosso Lar.

19 de março de 2021

O óbito de uma mulher de 84 anos é o 47º registro de morte em Adamantina, em decorrência da Covid-19, desde o início da pandemia. De acordo com a Prefeitura local, há 55 moradores ativos com a doença. São 1.693 casos acumulados, desde o início da pandemia, com 1.591 moradores curados da doença, e o total agora de 47 óbitos. Há 113 casos suspeitos aguardando resultados dos exames, enviados para análise do Instituto Adolfo Lutz, e ainda 19 pacientes com Covid-19 hospitalizados na Santa Casa local, dos quais 11 são de Adamantina. Destes, 6 estão sob isolamento em leitos de enfermaria e 5 na UTI Covid. Há ainda 8 pacientes de outras cidades, dos quais 3 internados na enfermaria e 5 na UTI. Em Adamantina há 5.503 vacinados contra a Covid-19.  

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