Cidades

Fabião: “a gente não sente aquele fervor, aquele fogo de conquistas”

Vereador Fábio Roberto Amadio (PT) é o quarto entrevistado do SIGA MAIS nesta semana.

Por: Da Redação atualizado: 12 de outubro de 2015 | 09h09
Fabião: “a gente não sente aquele fervor, aquele fogo de conquistas”

Fábio Roberto Amadio “Fabião” (PT), é o quarto entrevistado do SIGA MAIS, na rodada de entrevistas com os representantes do legislativo local.
Na entrevista, ele fala sobre os aspectos da administração municipal, sobretudo na gestão dos recursos públicos, na promoção de medidas de economia e contenção de gastos. “É preciso tratar com muito respeito cada centavo”, disse. E critica o uso da política como instrumento de troca de favores. “(...) é a barganha da política. Me ajudou na campanha, devo favor pro filho, pra ele. É o que estamos vendo aí”.
Fabião se mostra decepcionado com a atual administração municipal e antecipou ao SIGA MAIS que pode estar fora das eleições municipais de 2016. “Não sei se serei candidato mais. Estou pra tomar uma decisão, talvez para encerrar minha parte política e dar oportunidade a outros. Só se algo mudar, senão eu encerro”.
Para essa rodada de entrevistas, os nove vereadores da Câmara Municipal de Adamantina foram convidados. Oito aceitaram o convite do SIGA MAIS e responderam nossas perguntas, sendo a presidente Maria de Lourdes Santos Gil (DEM) e os vereadores Fábio Roberto Amadio (PT), Aguinaldo Pires Galvão (DEM), Diniz Parússolo Martins (DEM), Luiz Carlos Galvão (PSDB), Noriko Onishi Saito (PV), Roberto Honório de Oliveira (DEM), Rogério César Sacoman (PSB). Apenas o vereador Hélio José dos Santos (PR), vice-presidente da Câmara Municipal, se recusou a participar.

Qual avaliação o senhor faz da administração Ivo Santos?
Fábio Roberto Amadio (Fabião) 
– Sobre a administração em si, estamos vendo tudo o que está acontecendo. A desculpa é o fato de a arrecadação ter caído. Eles alegam isso. Mas um bom administrador é aquele que administra na escassez. Com dinheiro é fácil administrar. Na escassez você tem que enxugar, ainda mais quando a escassez é de dinheiro público. É preciso tratar com muito respeito cada centavo. A administração municipal de Adamantina caminha com inúmeras obras que não se consegue terminar, sequer o ginásio de esportes, sequer o estádio municipal. São coisas simples. Falta boa vontade. Falta  administração. Temos o UPA que poderia ser unificada com o pronto-socorro, mas parece que não tem interesse, pois se prorroga e empurra. Um prefeito administrador não faz festa. Você na sua casa, quando seu orçamento está difícil, você não sai para jantar com a família. Você procura se conter. Mas Adamantina foi diferente de tudo que aconteceu na região próxima daqui. Os demais prefeitos cortaram festas, pois enxergaram o que estava por acarretar até o final do ano. O nosso não. O nosso entendeu que podia ter festas, ExpoVerde, rodeio. Conversando com o secretário de finanças e ele confidenciou que tem novecentos mil reais empenhados da festa. Pagou-se mais de quatrocentos mil. Chegou um outro empenho de mais de noventa mil. Acreditar que vai vir dinheiro do Governo Federal, fazer uma festa contanto com esse dinheiro, e se não vem? Quem vai pagar? Nosso servidor não pode ficar sem o seu salário. Isso é primordial. É esse o contexto. Eu como, vereador no meu terceiro mandado, é desanimador ver a cidade suja. São coisas simples. O administrador tem que mandar. Tem que sair do gabinete. Ficar vinte e quatro horas ligado, vendo, mandando fazer. Se não faz, não me serve. Na atual conjuntura, cortar gastos,  unificar secretarias, reduzir cargos de confiança. Dê oportunidade para os funcionários que estão concursados. Valorize quem está aqui. Mas é a barganha da política. Me ajudou na campanha, devo favor pro filho, pra ele. É o que estamos vendo aí.

Como a imprensa local tem interpretado o trabalho de vocês, vereadores?
Fabião
– Com relação à Câmara, vai bem. É uma Câmara enxuta e que racionaliza seus gastos.  Além disso, nós é que temos buscado emendas, salvando o município com dinheiro vindo das áreas federal e estadual. Do outro lado, não temos vendo o prefeito empenhar-se. O que temos conseguido é a partir de contatos deputados amigos de Adamantina. Nisso, acredito que a imprensa de Adamantina tem reconhecido o trabalho dos vereadores.

Sobre o episódio envolvendo a investigação do Ministério Público no pagamento de precatórios pela Prefeitura, qual a posição da Câmara nisso?
Fabião
- Se até o dia dez não vir nada [por parte da Promotoria] a Câmara tem que constituir uma comissão e conversar com o promotor de justiça. Estamos sendo cobrados. Não é possível emitir um cheque, depositar na conta pessoal do secretário e ir negociar um precatório. E após a vinda do Ministério Público, devolver os valores à prefeitura com juros. Eu não consigo entender. Isso é gravíssimo e a Câmara não vai se omitir.

E o diálogo entre Câmara e Prefeitura Municipal?
Fabião –
  Péssimo. Temos um administrador turrão, cabeça dura, não aceita opinião, você vê pela Fatec o que está acontecendo. Eu, no lugar do prefeito, teria o maior diálogo, diuturnamente com os vereadores. Administrar juntos. Viria nas sessões. “Eu sou executivo, sou prefeito, sou autoridade máxima”. Não é assim não. Estamos vendo o que está acontecendo. Falta de iniciativa e diálogo. A Câmara não tem culpa não, por não ter aprovado a permuta de terreno para a Fatec.

Esse episódio envolvendo a votação do projeto de lei de permuta de área do matadouro pela área onde o prefeito defende a instalação da Fatec gerou muita especulação na cidade. Por que chegou nesse ponto?
Fabião
– Se o empresário quer dar uma área a troco do matadouro, tudo bem. Mas não condicione isso à exigência de aprovação do terreno para a Fatec. Da maneira que está sendo conduzido a prefeitura anão tem condições de, no mínimo, meio milhão de reais de investimentos dentro da propriedade. Agora, há interesses . Temos outras prioridades na cidade, porque já temos a área. É um prefeito de cabeça dura.

Sobre a atuação de lideranças políticas e nomes da política local, que não estejam atualmente exercendo mandatos políticos, é saudável, participativa ou é só discurso, em Adamantina?
Fabião
– Tem algumas iniciativas participativas, outras visam interesse. Verificamos pessoas na política que se acham empreendedores,  mas querem usufruir de algo do município. As indagações ao bem vindas e aceitas, até porque não somos donos da verdade, de forma alguma. Mas temos um conhecimento amplo de dez anos. Já vimos no passado tudo o que aconteceu e por isso me prontifiquei a ser vereador, para ajudar. Mas tem gente que quer viver da política. Estou desanimado com Adamantina, com a administração, a gente não sente aquele fervor, aquele fogo de conquistas. Eu penso até, e conversando a minha família, não sei se serei candidato mais. Estou pra tomar uma decisão, talvez para encerrar minha parte política e dar oportunidade a outros. Só se algo mudar, senão eu encerro.

O que a FAI tem de positivo, na sua gestão, que poderia servir de exemplo para a Prefeitura de Adamantina e outras prefeituras da região?
Fabião
– Administrar seriamente e ir em busca de conquistas. O exemplo recente é a conquista do curso de medicina para a região. Isso foi plantado, e tem pessoas que foram atrás. E só saiu porque o diretor Márcio Cardim faz parte do Conselho Estadual de Educação. É importante dizer que a estrutura vem sendo plantada. O Gilson Parisoto sonhou com essa estrutura, e antes disso outro exemplo de sonho era o curso de direito, quando na época tínhamos só em Tupã. Vamos sonhar e acreditar que os médicos que sairão de Adamantina sejam bons profissionais e levem o nome de Adamantina longe. A diferença é administrar, é ter seriedade e não ter barganha política.

No geral, em que há mais erros e mais acertos, na atual administração municipal?
Fabião
– Um erro é a Fatec. Uma novela. E não poderia estar assim. Acerto é a Casa de Apoio em Jaú. Fora isso não consigo verificar algo que aconteceu e que seja significativo. Tomara que o ano que vem tudo aconteça:  praças esportivas, UPA, e que a pavimentação asfáltica se estenda.

A administração, na divulgação das conquistas para a cidade, às quais muitas têm a participação direta dos vereadores, têm dado o crédito a vocês?
Fabião
– Não buscamos isso. É o dever nosso.  Agora se temos o nome citado, muito mais ânimo vai dar. Não é dever do vereador buscar emendas, mas fazemos porque temos relacionamento e conseguimos isso. Porém, nada mais justo do que elogiar, quando se é merecedor.

Têm surgido movimentações em várias cidades brasileiras pela redução dos subsídios (salários) dos agentes políticos, entre os quais os vereadores, vice-prefeito, prefeito e secretários. Com seu ponto de vista sobre esse movimento?
Fabião
– O vereador hoje, em Adamantina,  ganha líquido em torno de dois mil e novecentos reais. Pelo meu trabalho, pelo que faço, pela economia que a Câmara faz com apenas nove vereadores, quando poderíamos ter onze, treze - porque somos conscientes – , para o vereador que trabalha, que busca emendas, os ganhos são justificáveis. Vamos retroceder dez anos. Tenho como conquistas a cobertura de quadras em escolas públicas, o barracão no poliesportivo, pavimentação asfáltica com o deputado Arlindo Chinaglia quando asfaltamos quase a cidade inteira na época do Kiko e agora quase um milhão de reais, o kit com carro e equipamentos para o conselho tutelar, emenda para a santa casa por meio do deputado Donizete Braga, enfim, se somar, percebe-se que para o vereador que trabalham busca, usa sua estrutura e ajuda as entidades, a remuneração se justifica. Repito: tem que reduzir despesas no executivo, secretarias, cargos de  confiança que não são concursados. Aqui é enxuto. Agora, se houver um consenso no geral, não sou contra. Vereador não é profissão. Você está vereador. A comunidade entendeu meu trabalho e minha capacidade para isso. O vereador precisa ganhar sim. Agora , se tiver que ser revisto, nada contra.

Qual o perfil desejado para administrar Adamantina a partir de 2017?
Fabião
– Ser administrador. Tratar o dinheiro público com muita seriedade. Chega de barganha politica. Tem que ser gerente. Gerenciar o dinheiro público muito mais do que o nosso, em nossa casa. Ter visão. Adamantina parou no tempo faz três anos. Um erro total. Eu penso que tem que surgir alguém, um nome novo, de garra. Não vamos cometer o erro de retroceder com politiqueiros anteriores. Vamos constituir uma pessoa nova. Gente que queira Adamantina como um polo regional na Alta Paulista. Veja quantos loteamentos e empresários com visão. O poder público tem que acompanhar. Esqueça a barganha política. Tem que ser administrador.

O saldo de sua atividade política é de mais realizações ou decepções?
Fabião
– Realizações. O meu trabalho é de realização. Se eu parar, tenho certeza e a consciência tranquila, que muita conquistas na cidade têm minha colaboração. É obrigação do vereador. Em legislaturas anteriores teve vereador que fez dez empenhos em um ano para ir a São Paulo. O que trouxe para Adamantina? Nada. Foi passear? Vou de ônibus, desço na Barra Funda e volto no fim do dia. Sobre mim, tenho consciência tranquila do meu trabalho.

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