Cidades

Diniz: “Essa história de que depois da eleição a cidade volta a uma boa, não é verdadeira”

Vereador Diniz Parússolo Martins (DEM) é o quinto entrevistado do SIGA MAIS nesta semana.

Por: Da Redação atualizado: 12 de outubro de 2015 | 09h09
Diniz: “Essa história de que depois da eleição a cidade volta a uma boa, não é verdadeira”

O SIGA MAIS publica hoje a quinta entrevista da rodada realizada com vereadores da Câmara Municipal de Adamantina. Hoje, é a vez do vereador Diniz Parússolo Martins (DEM). Ele está no seu sexto mandato e preside a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Diniz destaca que a sociedade, como um todo, desconhece a verdadeira função legislativa, cobrando do vereador aquilo que não é de responsabilidade dele, e por outro lado reconhece a própria insatisfação com o exercício do mandato. “Se eu disser pra você que estou plenamente realizado e cumprindo na íntegra o papel que me é confiado no poder legislativo, acho que eu estaria mentindo”, disse. “Eu acredito que nós não atingimos, ainda, o estágio ideal”, completou.
E diz que a participação de lideranças politicas em Adamantina, fora do exercício de mandato, não é produtiva. “Essa história de que depois do acontecimento da eleição a cidade volta a uma boa, “todos amam Adamantina e querem dela participar”, não é verdadeira”, desabafa.
Para essa rodada de entrevistas, os nove vereadores da Câmara Municipal de Adamantina foram convidados. Oito aceitaram o convite do SIGA MAIS e responderam nossas perguntas, sendo a presidente Maria de Lourdes Santos Gil (DEM) e os vereadores Fábio Roberto Amadio (PT), Aguinaldo Pires Galvão (DEM), Diniz Parússolo Martins (DEM), Luiz Carlos Galvão (PSDB), Noriko Onishi Saito (PV), Roberto Honório de Oliveira (DEM), Rogério César Sacoman (PSB). Apenas o vereador Hélio José dos Santos (PR), vice-presidente da Câmara Municipal, se recusou a participar.

Como o senhor avalia seu comportamento e o comportamento da população nas redes sociais, quando o tema é política local?
Diniz Parússolo Martins
– Eu entendo que a participação da sociedade nas redes sociais é de suma importância para a melhoria da qualidade do trabalho, seja do legislativo, seja do executivo. Porém, é preciso que essa participação seja consciente e bastante reflexiva.

E a atuação da imprensa tradicional, sobre os temas envolvendo a classe política de Adamantina?
Diniz
– A imprensa tem cumprido o papel dela com bastante dignidade. Não vejo a imprensa destruindo, denegrindo a imagem dos poderes constituídos. Acho que cumpre o papel dela e leva a informação para a sociedade conforme ela acontece.

Qual avaliação o senhor faz da administração Ivo Santos?
Diniz
– Cada executivo tem a sua maneira de administrar a cidade. O Kiko tinha a dele. O José Laércio Rossi tinha a dele. O Tino Romanini a dele. E o Ivo tem o sistema dele. Algumas coisas foram positivas e outras coisas deixaram a desejar. O que eu vejo e sinto no meu coração é que deveríamos ter uma cidade mais atuante, modernizada, e que isso não aconteceu até o presente momento.

E sobre a relação entre Câmara e Prefeitura Municipal?
Diniz
– Com todo respeito ao poder executivo, falta muito entrosamento entre o executivo e o legislativo. E a falta de entrosamento entre os dois poderes trouxe muitos prejuízos para Adamantina.

Tivemos recentemente o episódio que envolveu a votação do projeto de lei sobre a permuta de área para a Fatec, quando a proposta do prefeito foi derrotada. Com isso, há correntes na cidade que acreditam na existência de uma guerra de forças motivada por diferenças políticas. Qual sua observação sobre essa interpretação de setores da sociedade?
Diniz
– Eu entendo que o prefeito deveria desde o princípio ter aceito aquele terreno nas proximidades do pontilhão da Fepasa e nós já teríamos solucionados de vez o problema da Fatec. Haja vista que em Assis a criação data da mesma que a nossa e já está funcionando, a primeira turma já esta estudando e Adamantina fica nesse banho-maria. Prejudicou sensivelmente uma classe da sociedade que necessita desse tipo de curso, pela falta de um diálogo maior entre o poder executivo e o poder legislativo. É uma pena.

Sobre a atuação de lideranças políticas e nomes da política local, que não estejam atualmente exercendo mandatos políticos, é saudável, participativa ou é só discurso, em Adamantina?
Diniz
– Não é saudável nem é participativa. Essa história de que depois do acontecimento da eleição a cidade volta a uma boa, “todos amam Adamantina e querem dela participar”, não é verdadeira. Não vejo parte positiva nos partidos que estão fora da política, visando o bem estar da comunidade.

O que a FAI tem de positivo, na sua gestão, que poderia servir de exemplo para a Prefeitura de Adamantina e outras prefeituras da região?
Diniz
– A FAI cumpriu o papel que lhe é confiado, voltado para a educação. Adamantina é uma das poucas cidades com trinta e seis mil habitantes que consegue uma faculdade de medicina. Queira Deus que ela tenha um curso altamente expressivo para o bem de todos. Os demais setores da prefeitura deviam se espelhar no que acontece na FAI. Um processo que vem melhorando a cada dia que passa. Os diretores que por lá passaram sempre buscaram trazer para a cidade o que há de melhor. Esse é um ponto extremamente positivo que deve servir de exemplo não só para Adamantina, mas para toda a região.

No geral, em que há mais erros e mais acertos, na atual administração municipal?
Diniz
– O maior acerto, a meu ver, nós fizemos uma indicação na Câmara antes de começar de fazer o processo da criação da faculdade de medicina na FAI, pedindo que isso acontecesse. Realmente o Márcio Cardim e os demais técnicos da FAI foram em busca da criação da faculdade, e conseguiram, é claro. Então no governo atual, a criação da faculdade de medicina, pelo que ela poderá representar em torno de dois ou três anos, em termos econômicos, culturais, de mudança do perfil da sociedade de Adamantina, é uma das maiores conquistas do governo do Ivo. O aspecto negativo, que já é uma coisa tão batida, cansativa, é a não solução do problema da Fatec. Enquanto outras cidades pedem a criação de penitenciária, Adamantina busca melhorar a capacidade intelectual da nossa juventude, impedindo, inclusive, que nossos jovens busquem em outra cidade o que pode ser oferecido aqui em Adamantina, perto dos seus familiares.

Têm surgido movimentações em várias cidades brasileiras pela redução dos subsídios (salários) dos agentes políticos, entre os quais os vereadores, vice-prefeito, prefeito e secretários. Com seu ponto de vista sobre esse movimento?
Diniz
– O poder legislativo, a meu ver, é a continuidade da melhoria da capacidade de exercer sua cidadania. Olhando por esse aspecto, de melhoria das condições de cidadania da nossa população, acredito que – com todo respeito e sem denegrir, porque também sou vereador - , deveria haver uma redução, porque vai trazer um pouco mais de equilíbrio entre os candidatos e os eleitores.

O que o senhor tem de mais significativo, de resultado efetivo, até agora, no seu atual mandato parlamentar?
Diniz
– A primeira coisa que tenho a dizer. Já tenho seis mandatos de vereador. A sociedade como um todo não conhece ou não sabe qual é, verdadeiramente, a função legislativa. Ficam cobrando do vereador aquilo que não é de responsabilidade dele. Vejo várias entrevistas onde dizem “que o vereador não fez nada”. Não sou eu, por exemplo, que devo ir a Brasília atrás de recursos para o município. Porque eu posso até conseguir. Mas se eu chegar aqui e o prefeito não assinar o convênio e não der a contrapartida, aquilo que nós conseguimos vai por água abaixo. A nossa função principal é legislar e também fiscalizar os atos do poder legislativo. Você poderia perguntar: tudo isso é cumprido, ao pé da letra? Não. Mas é importante citar que atrás, em mandato anterior, fomos a São Bernardo do Campo em uma reunião da Pró-Vida e Adamantina foi a cidade que trouxe um dos maiores recursos distribuídos na época. Foram centro e trinta mil reais. Assinei recentemente convênio de cinquenta mil reais para compra de material permanente para a APAE, há outro projeto em andamento, no valor de duzentos mil reais viabilizado pelo companheiro Aguinaldo Galão, para terminarmos nosso projeto na Chácara da APAE, e também vários volumes de livros para a Biblioteca. Enfim, há uma série de conquista, com os demais vereadores da Câmara que, nesse aspecto, cumpriu. Não seria nem função nossa, mas a Câmara lutou para que viesse mais dinheiro para o município. Neste ano de 2015 a Prefeitura de Adamantina está recebendo cerca de quatro milhões de reais para investimento em infraestrutura.  Esse trabalho conjunto, se fosse mais marcante, a vitória poderia ter sido muito maior.

Qual o perfil desejado para administrar Adamantina a partir de 2017?
Diniz
– Eu acredito que tem que ser gente de mente mais aberta, não importa se ele tem vinte, trinta, quarenta ou cinquenta anos, mas que tenha uma visão moderna de município. Uma cidade que tenha planejamento. Nem o governo federal tem o planejamento adequado para administra o país. Não há um planejamento e não há um encontro perfeito entre o poder legislativo e o poder executivo. Eles estão lá em busca de salário, pensando no dia de amanha em ser reeleito novamente. Tem que ser uma administração moderna, voltada para o bem-estar coletivo da nossa comunidade como um todo. Principalmente agora que temos a faculdade de medicina, a cidade tem que ser modificada, tem que ser melhorada. Um planejamento bem feito, antes do início da nova administração, poderá trazer significativas melhoras para Adamantina.

O saldo da sua atividade política, é de mais realizações ou decepções?
Diniz
– Se eu disser pra você que estou plenamente realizado e cumprindo na íntegra o papel que me é confiado no poder legislativo, acho que eu estaria mentindo. Sou adamantinense de coração e de alma, dirijo a APAE que é uma entidade que tem cinquenta e quatro funcionários e um orçamento de mais de cem mil reais por mês e que precisa de um cuidado todo especial. Eu amo isso aqui do fundo do meu coração. Ainda falta muito pra gente poder adquirir um grau de relacionamento e trabalho entre o executivo e legislativo para o bem-estar de Adamantina. Eu acredito que nós não atingimos, ainda, o estágio ideal.

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