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Vacinar ou não vacinar as crianças, eis a questão

O polêmico debate sobre o sim e o não à vacinação de crianças. Esses pais são zelosos ou irresponsáveis?

Por: Isabel Gonçalves
Vacinar ou não vacinar as crianças, eis a questão

Vacinar ou não vacinar as crianças, eis a questão. Há um movimento muito forte de pais que diz NÃO à vacinação. Estão certos? Estão errados? São pais zelosos ou pais irresponsáveis? E por que este movimento nasceu e ganhou força?

Vejamos...

Uma sociedade adoentada gera dividendos para diversos conglomerados que pautam e doutrinam governos, a indústria farmacêutica influência fortemente a gestão da saúde, e exerce forte pressão nas agencias reguladores, impondo formas de tratamento, remédios e vacinas. A Indústria farmacêutica têm lucros astronômicos vendendo "saúde" para uma sociedade “adoentada”, consequentemente, medicada. Não há doença, mesmo as criadas e “imaginadas” por alguns médicos e cientistas que não tenha remédio, vejam bem, que não tenham remédio, mas nunca cura. Nessa brincadeira, laboratórios de indústrias farmacêuticas ganham quantias obscenas de dinheiro.

Um grande exemplo são as vacinas, nos Estados Unidos o “número de vacinas recomendadas pelo governo americano triplicou nos últimos 30 anos. Em 1982, eram 23 doses de sete diferentes vacinas até os seis anos de idade. Hoje, o governo recomenda 69 doses de 16 vacinas até os 18 anos”.

Em relação às vacinas eu era irredutível, considerava o “suprassumo do alto astral”, uma vacina e resolve-se todos os problemas do planeta. O que seria da África sem elas? O que seria do mundo sem elas? Só termos em conta que as vacinas erradicaram a varíola, ou poliomielite. Lembro que um dos medos do atentado de 11 de setembro foi à possibilidade de uma possível “guerra” química em solo americano, e não foi com o Antraz não, mas sim com uma possível disseminação vírus da varíola, como arma química, pois a população de determinada idade, uma vez erradicada a doença, não tinha mais esta vacina.

Para mim, vacina sempre foi algo sagrado e enviada a terra por todos os bons Deuses. Lembro que critiquei duramente uma amiga que optou por não vacinar seu filho, pois para mim era o gesto mais irresponsável do planeta. Ainda mais que estava sobre forte influência de um seriado que assisti, “Low e Order”, uma série que passa no Universal Channel. O caso em questão era a morte de uma criança por sarampo – casos reais e recorrentes nos EUA. A mãe foi acusada de negligencia e indiciada por homicídio doloso, pois não vacinou a criança e sabia dos riscos que não vacinar poderia trazer para a vida da criança. A mãe foi condenada a prisão.

Mas as coisas começaram a mudar em minha forma de enxergar este “problema” com o vírus da gripe do porco, a H1N1. A gripe que começou no México ganhou o Mundo, superou a gripe aviária. Resultado, pânico generalizado, mortes, medidas profiláticas, o álcool gel e por incrível que pareça um remédio apenas, o Tamiflu da Roche que virou ouro nas prateleiras das farmácias. A Roche triplicou seu faturamento neste ano apenas com o Tamiflu.

Mas aí veio a vacinação, na base do desespero. Eu sou curiosa, e achei alguns documentários e artigos que atribuíam a vacinação contra esta gripe como uma das causas da síndrome de nome Guillain Baré. Vi um documentário que um surto de gripe nos estados unidos na década de 70 provocou uma vacinação em massa e dela surgiram muitos casos de Guillain Baré, pois as vacinas ainda não estavam prontas.

Existem muitas coisas “podres” nos bastidores das indústrias químicas, e em época de medo, pânico e desespero, durante o caos, é o momento propício para ganhar mais e mais, é quando estas multinacionais lucram de forma obscena. No Brasil, como no resto do mundo, durante o surto da gripe do porco, o cenário no foi diferente, houve mortes e desespero, consequentemente, medidas desesperadas foram tomadas. Eu não botei fé na primeira vacinação contra o vírus, cabreira, achei melhor não me vacinar. E como prova de que eu não estava tão louca assim, uma amiga, médica, que tomou a vacina, disse que se tivesse lido o protocolo antes da vacina não teria tomado. Enfim, mas a vacinação em massa foi eficaz, se apareceram casos de Guillain Baré, não fiquei sabendo.

Mas nos estados Unidos, o movimento de não vacinação das crianças, vem ganhando muita força. Marcando posição contra este aumento significativo de vacinas recomendadas pelo governo e, assustados com um estudo publicado em 1998 por Andrew Wakefield que relacionava a vacina Tríplice Viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) ao autismo, pais americanos deixaram de vacinar seus filhos, mesmo depois dessa pesquisa ter sido desacreditada por estudos posteriores, o que sugere uma profunda desconfiança e descrédito nas agencias reguladoras.

Nos EUA, doenças como caxumba, sarampo e coqueluche voltaram a atingir as crianças, pois os pais se recusam a vacinar seus filhos, preferem tratar a doença. Cabe ressaltar, que estes pais que se recusam a vacinar seus filhos, não são nenhum bando de ignorantes cegos, eles compõe um contingente da população que recebem melhores salários e tem maior escolaridade, ou seja, tem acesso a informação e a aconselhamento médico.

Não sou profissional da saúde, mas creio que a vacinação foi fundamental para erradicar muitas doenças. Mas ao mesmo tempo, hoje, parcela da sociedade, não confia piamente nos grandes laboratórios e nas agencias reguladoras, pois em muitos casos nos sentimos cobaias usadas pelo sistema.

Infelizmente, pais ocupados, não podem se dar ao luxo de ficar dias ou até mesmo semanas em casa cuidando dos filhos que contraíram caxumba, gripe, varicela ou catapora. Lembro que no meu tempo de criança, se havia uma delas com catapora, a mãe tratava de colocar o filho saudável junto, para logo pegar a doença. Mas hoje, nessa sociedade do trabalho acelerado e sem tempo, pais que tenham este privilégio é coisa rara de encontrar no “mercado”.

E um ponto a ser considerado neste imbróglio todo é o de que há tanto remédio sendo tomado indiscriminadamente, que acabaram por deixar vírus e bactérias mais resistentes, fazendo com que muitos tratamentos homeopáticos não consigam vencer a doença, forçando pais a medicar seus filhos com remédios cada vez mais fortes. Entramos em um ciclo-vicioso em que fazemos de nosso corpo o receptáculo para vírus e bactérias cada vez mais resistentes, que serão tratados com remédios cada vez mais potentes. Ciclo passado de hospedeiro para hospedeiro.

Os pais não vacinam, mas acabam forçados a tratar a doença, em muitos casos, com remédios que podem causar “danos maiores”. E neste mórbido sistema, do tratamento de doenças, antigas e novas, onde vírus e bactérias estão cada vez mais resistentes, quem ganha é a indústria da doença, ou seja, quem ganha é a indústria farmacêutica.

Isabel Cristina Gonçalves | Adamantinense, Oceanógrafa, Mestre e Doutora em Educação Ambiental. Pós-doutorado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no projeto: "Mudanças climáticas globais e impactos na zona costeira: modelos, indicadores, obras civis e fatores de mitigação/adaptação - REDELITORAL NORTE SP" & KAOSA/Rio Grande – Rio Grande do Sul.
 

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