Memória

O cavalo Guarani e a reforma da previdência

Um relato sobre a aposentadoria de um cavalo em Adamantina-SP e a reforma da previdência.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Multidão aplaude o cavalo Guarani, que se aposentou em maio de 1958, em Adamantina (Reprodução: Livro Jubileu de Ouro, de Cândido Jorge de Lima). Multidão aplaude o cavalo Guarani, que se aposentou em maio de 1958, em Adamantina (Reprodução: Livro Jubileu de Ouro, de Cândido Jorge de Lima).

A memória é a propriedade de conservar certas informações, propriedade que se refere a um conjunto de funções psíquicas que permite ao indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou reinterpretadas como passadas”. (Jacques Le Goff)

Estava dando uma olhada em meus arquivos pessoais sobre a história de Adamantina, quando de repente vi o livro do Sr. Candido Jorge de Lima. Após algumas folheadas no mesmo, me deparei com um texto que já lido, mas nem me lembrava: “Um cavalo foi aposentado”.

Conta-se um certo cavalo chamado de Guarani, que realizava a coleta de lixo no “carroção” da prefeitura municipal, foi aposentado. Na ocasião, que data de 4 de maio de 1958, teve discurso, faixa de agradecimento e segundo os moradores locais uma grande repercussão nacional.

É claro que um fato bem atípico como este chamou muita atenção na época, mas o que realmente me chamou a atenção foi o fato de pensar que, não sei se teremos a mesma sorte.

A chamada Reforma da Previdência vem tirando o sono de muita gente que está em vias de receber o tão sonhado salário de aposentado.

O fato é que estamos vivendo em país onde a maioria da população está envelhecendo (chegaremos a 140 anos no futuro) e algo precisa ser feito.

Vejo parlamentares se digladiarem nas suas respectivas assembleias e bancadas sobre o caso, uns contra, outros a favor, no entanto “nada” de concreto se firma até o momento.

Idade mínima, regra de transição, tempo de contribuição, INSS, etc. São tantas as questões em pauta, que fico a me perguntar: Onde isso vai parar? Ou melhor: Vai parar?

Enfim, o que realmente nos fica, é o sentimento de quem sabe um dia, termos a mesma sorte e prestígio do saudoso cavalo Guarani, que segundo consta “viveu às custas do erário público” desde então.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.
 

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