Memória

Da carta social à rede social

Uma breve análise do encurtamento das distâncias ao longo do tempo.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Da carta social à rede social

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.”
Maria Julia Paes de Silva

* * *

Dias atrás, em uma de minhas aulas um aluno surgiu com um termo que até então eu não conhecia, um tal de “stalkear”. Fui procurar posteriormente e vi que se referia ao ato de vasculhar os perfis e contas de outras pessoas nas redes sociais.

Isso me fez pensar em quantas palavras acabaram surgindo com a invasão das redes sociais nos últimos anos: “like”, “twittar”, “follow”, “unfollow”, “selfie”, entre outras. E o interessante é que muitas delas acabaram sendo incorporadas ao nosso cotidiano e até mesmo “aportuguesadas”.

Os mais velhos (ou melhor, os nascidos antes dos anos 2000) é claro que se lembrarão dos primórdios da era da navegação, quando esperávamos até a meia-noite para iniciarmos a conexão, que era discada ainda. Era comum o uso dos bate-papos nos diversos portais, do ICQ, do MSN e do Orkut (e de sua mini fazenda), vivenciamos uma época onde o “Windows só possuíam mato!”.

Com o passar do tempo, novas redes foram surgindo: O Facebook, o Youtube, o Twitter, o Instagran, o Google+, o Skype, o Snapchat e é claro que não podia faltar o Whatsapp. Enfim acabei citando as mais utilizadas, mas tantas outras existem e com as mais diversas finalidades.

Mas, e a primeira rede social? A carta? Acredito que a pergunta deva ser outra: Alguém ainda escreve carta? Bom, pelo menos as que recebo cotidianamente são apenas de empresas de telefonia, cartão de crédito e folders de propagandas diversas.

Com tamanho avanço das redes e a velocidade que são transmitidas as mensagens, o simples ato de se escrever uma carta acabou caindo em desuso. É claro que você vai encontrar um ou outro que ainda o faz, mas é difícil. E não é muito raro encontrar outros que nem sabem como iniciar uma, pois nunca o fizeram.

Me recordo que na infância escrevia para diversos lugares, como qualquer criança da época eu mandava cartas para ganhar álbuns de figurinhas, para promoções de diversos lugares, para o Papai Noel e programas de TV e até mesmo para embaixadas de diversos países.

O problema era o dinheiro para enviar tanta carta. Por sorte, os Correios possuem um programa chamado “carta social”, onde você adquire o selo por um valor simbólico de 1 centavo e envia sua correspondência (e é claro que eu o utilizava com frequência).

Enfim, o fato é que ao longo do tempo as distâncias se “encurtaram” e o velho hábito de se escrever uma singela carta foi deixado para trás, restando apenas a ideia de que um dia estas foram o que as redes sociais são hoje.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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