Memória

A Avenida da Ligação: Adamantina e Lucélia conurbadas?

Uma análise sobre a proposta de unificação das duas cidades na década de 1940.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
A Avenida da Ligação: Adamantina e Lucélia conurbadas?

Dando uma folheada em alguns arquivos e registros guardados, acabei visualizando uma foto bem antiga da cidade de Adamantina em seus primórdios. Como era uma imagem do início da década de 1940, acabei me recordando dos relatos em prol desse processo de emancipação e desmembramento do município de Lucélia. Há de se ressaltar que o “município” de Adamantina ainda não existia, sendo nesta época, apenas um dos povoados que eram jurisdicionados à nossa vizinha Lucélia.

Em 1944, fora criada a Comarca de Lucélia, que possuía suas jurisdições até as divisas com o estado do Mato Grosso (hoje Mato Grosso do Sul), abrangendo 4 distritos: a própria Lucélia, Aguapeí do Alto (Flórida Paulista), Gracianópolis (Tupi Paulista) e Guaraniúva (Pacaembu). Tal processo de divisão prejudicava o desenvolvimento do povoado Adamantina.

Os moradores de Adamantina dessa forma, pleiteavam uma posterior cisão e emancipação em relação à Lucélia. No entanto, inúmeras eram as tentativas dos lucelienses de convencer a população local das desvantagens de uma possível cisão.

Até mesmo um projeto urbanístico fora desenvolvido, criando uma “Avenida de Ligação” entre as duas áreas urbanas. Em meio a tal empreendimento diversos órgão seriam instalados: matadouro, hospital, aeroporto, colégio, rodoviária, etc. No entanto, como já sabemos, o projeto não foi aceito pelos moradores e um plebiscito fora organizado para sanar a questão da divisão. Daí pra frente o terreno já é conhecido, vieram a emancipação político-administrativa e a criação da Comarca de Adamantina em décadas posteriores.

Diante disso tudo, o que mais me chamou a atenção foi o fato de se pensar em uma possível conurbação, ou seja, o encontro de diferentes áreas urbanas em decorrência do seu demasiado crescimento geográfico, o que já ocorre em grandes centros urbanos. Analisando pelo lado do “bandeirantismo paulista” da época, a proposta era inviável, por se tratar de uma manutenção da estrutura de apenas uma cidade. No entanto, acredito que em pouco tempo, ao menos o processo de conurbação ocorrerá, basta dar uma breve olhadinha no setor imobiliário das duas cidades.

Deixando de lado os “bairrismos”, e sabendo que isso ocorrerá nas próximas décadas, por que não dar ares urbanísticos mais agradáveis a vicinal que liga as duas cidades? Iluminação adequada, ciclovias, calçamento, arborização, etc. Ganhariam os dois lados. Mas, enquanto a “Avenida da Ligação” não sai do papel, ficamos nós a observar o quanto o bairrismo atrapalha no desenvolvimento das regiões.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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