Siga Mais compara imagens de 2012 e 2019: cadê a árvore que estava aqui?
Levantamento na área central de Adamantina mostra incidência de podas, sem reposição.
A onda de intenso calor vivida nos últimos meses, e cuja tendência para as próximas estações (primavera e verão) é de manter-se, somada às queimadas e à prática de desmatamento (com destaque para os noticiários acerca dos danos ambientais na região amazônica), trouxe um sinal de alerta.
Não distante, o tema também ganhou repercussão local, inclusive com alerta climático emitido pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), de forte onda de calor para os dias 10 e 11 de setembro, para uma faixa que inseriu a cidade de Adamantina e outras localidades nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (reveja).
Nesse contexto, a questão da arborização urbana foi um dos aspectos que gerou discussões entre o público. A crítica se faz em torno do aumento das áreas descobertas por arborização urbana, sobretudo no perímetro central da cidade.
Aleatoriamente, o Siga Mais fez um levantamento e pesquisou imagens públicas do Google Street View, que foram captadas em julho de 2012, e comparou com imagens atuais. O resultado do comparativo antes e depois revela situações de erradicação total de árvores, muitas das quais sem reposição.
Parquinho do Foguete: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Rua Euclides da Cunha: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Rua Arno Kieffer: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Rua Deputado Salles Filho: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Quase 100 podas/mês
No ano passado o assunto foi perguntado pelos vereadores Acácio Rocha e Aguinaldo Galvão, por meio do Requerimento Nº 229, de 3 de setembro, dirigido à Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente (SAAMA), sobre o volume de podas.
Em resposta, por meio do Ofício 694/2018/GAB, de 18 de setembro de 2018, assinado pelo prefeito Márcio Cardim, o documento informa que em todo o ano de 2017 foram autorizadas 1.079 podas de árvores (média de 89 podas/mês), e de janeiro a 31 de agosto de 2018, foram 731 podas (média de 91 podas/mês). Não há detalhamento sobre podas parciais ou totais (supressão).
Avenida Santo Antônio: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Avenida Santo Antônio: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Avenida Santo Antônio: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Pela norma, em se tratando de poda total, devidamente justificada e autorizada, a erradicação é condicionada ao plantio de novo exemplar arbóreo no local ou que o morador firme compromisso com a SAAMA para doação de cinco exemplares de mudas, dentro das exigências definidas em termo próprio.
Para requerer a poda, o cidadão deve formalizar pedido junto à SAAMA, informando endereço e apresentando documentos como RG ou CPF, e contratar profissional habilitado pelo município para realização do serviço. Caso o procedimento apresente irregularidades, o proprietário do imóvel poderá ser notificado e até autuado. (Continua após a publicidade...)
Podas: sim e não
As podas de árvores, em Adamantina, têm legislação própria, e motivam polêmica. Por um lado, há aqueles que defendem uma flexibilização nas podas, por questões paisagísticas, para ampliar a capacidade de iluminação pública noturna, em proteção à fiação elétrica e até mesmo para facilitar a limpeza de ruas, calçadas e imóveis.
Avenida Santo Antônio: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Alameda Armando Salles de Oliveira: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Avenida Dr. Adhemar de Barros: 2012 e 2019 (Google Street View e Siga Mais).
Por outro lado, a manutenção das árvores, sem podas, é defendida ente aqueles que sustentam a necessidade de manter o espaço assistido pela cobertura vegetal, que cria condições de microclima mais confortáveis, além da função natural das árvores, em absorver gás carbônico e produzir oxigênio. Esse cenário também pontua no ranking Município VerdeAzul, realizado pelo Governo de SP, onde em 2018 Adamantina ficou na 24ª posição estadual (reveja).
Arquitetos e urbanistas propõem nova configuração para centro de Adamantina
Em abril de 2018, convidados e estimulados pela pesquisadora Isabel Gonçalves, os arquitetos e urbanistas Maysa Pinhata Battistam e Aviter Bordinhon Ribeira construíram uma proposta (anteprojeto) que reconfigura o centro urbano de Adamantina.
Projeto desenvolvido por arquitetos e urbanista sugere mais conforto ambiental no centro da cidade (Reprodução).
O projeto (reveja) foi apresentado aos vereadores Acácio Rocha e Alcio Ikeda, que por sua vez levaram a proposta para a Prefeitura. O tema exige adesão e participação do poder público municipal e do setor comercial, mas ainda não avançou.