Memória

Alasca e Sibéria: A verticalização chega a Adamantina

Os entraves na arquitetura urbana de Adamantina na década de 1960.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Início da verticalização da cidade, na década de 60, com a construção dos edifícios que depois se tornaram o Paço Municipal - à esquerda - e o Residencial Dom Bosco - à direita (Fotos: Arquivo Histórico Municipal). Início da verticalização da cidade, na década de 60, com a construção dos edifícios que depois se tornaram o Paço Municipal - à esquerda - e o Residencial Dom Bosco - à direita (Fotos: Arquivo Histórico Municipal).

28 Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? 29 Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, 30 dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’.
Lucas 14:28-30

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No início do patrimônio Adamantina, era bem comum ver casas construídas com as madeiras que eram retiradas da mata virgem da região. Com o passar do tempo, as casas de alvenaria foram chegando e se alastraram pela cidade.

Em fins da década de 1950 e em meio ao Plano de Estabilização Monetária (PEM), criado no Governo de Juscelino Kubitschek, os preços se tornaram atrativos para os investidores na região.

É nesse contexto que, em meados da década de 1960, que a verticalização chega à cidade. Uma empresa lança mão na construção de um prédio residencial em Adamantina, o Edifício Dom Bosco. Os apartamentos foram vendidos em poucos dias. Após alguns meses, há o lançamento de outro grande empreendimento, o atual prédio da Prefeitura, e claro, as vendas também foram um sucesso.

Mas, o que ninguém esperava é que os preços voltariam a subir em meio à construção dos prédios e dos planos econômicos que vigoravam no país. Isso retardou as obras em cerca de cinco anos, restando dos empreendimentos neste período, apenas os “esqueletos” dos prédios em questão.

A população adamantinense, de tão indignada, chegou a apelidar as duas construções de “Alasca” e “Sibéria”, pois acreditavam se tratar de “frias”. Outros lembravam o evangelho de Lucas, e o texto anteriormente supracitado.

Posteriormente, um dos prédios foi declarado de utilidade pública, e é até hoje utilizado como o Paço Municipal. Em fins da década de 1960, as obras foram retomadas e os edifícios em pouco tempo concluídos.

Quando pesquisei sobre esse fato, fiquei pensando em quantas obras e projetos encontramos “parados”, sejam na esfera municipal, estadual e mesmo federal, por esse ou por aquele motivo. Acredito que, se nada for feito, de Sibéria e Alasca, que possuíamos no passado, passaremos a ter o Polo Norte inteiro no Reino de Tão Tão Distante.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.
 

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