Saúde

UniFAI promove I Workshop sobre suicídio em estudantes de Medicina

Atenção à saúde mental reuniu docentes, discentes e profissionais convidados.

Por: Priscila Caldeira | UniFAI atualizado: 21 de maro de 2018 | 10h15
Psiquiatra Kátia Burle dos Santos Guimarães, membro do Conselho Regional de Medicina do estado de São Paulo (Cremesp), apresenta os resultados do Desafio Psiquiátrico Câmara de Violência em Escolas Médicas (Foto: Priscila Caldeira). Psiquiatra Kátia Burle dos Santos Guimarães, membro do Conselho Regional de Medicina do estado de São Paulo (Cremesp), apresenta os resultados do Desafio Psiquiátrico Câmara de Violência em Escolas Médicas (Foto: Priscila Caldeira).

O Departamento de Medicina do Centro Universitário de Adamantina (UniFAI) realizou na manhã do último sábado, 17, o I Workshop sobre suicídio em estudantes de Medicina. A atenção à saúde mental reuniu docentes, discentes e convidados, no auditório Miguel Reale, Câmpus II.
A primeira etapa de palestras foi composta pela psiquiatra do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), Kátia Burle dos Santos Guimarães, que ministrou sobre os resultados do Desafio Psiquiátrico Câmara de Violência em Escolas Médicas, e por Frei Mateus, da Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, que atua na gestão da Santa Casa de Misericórdia de Adamantina.
Na segunda parte do workshop ocorreu uma mesa redonda presidida pelo médico pediatra e docente da UniFAI, Prof. Me. César Antonio Franco Marinho, e composta pelo coordenador do curso Prof. Dr. Miguel Ângelo De Marchi, a psicóloga e docente da UniFAI, Profª Me. Ana Vitória Salimon dos Santos, a diretora técnica da Santa Casa e Profª Esp. Alessandra Fabíola Endo Yamaguchi da Silva, a Profª Esp. Daniele Oliveira Guedini, Frei Mateus, a psiquiatra Kátia, a psicóloga Denise Freire, consultora técnica da Clínica PAI Nosso Lar, e a juíza de Direito da 3ª Vara e diretora do Fórum de Adamantina, Ruth Duarte Menegatti.
A abertura foi ministrada pelo coordenador do curso. “Procuramos trabalhar a semana toda com a temática em sala de aula. Fizemos com os alunos algumas atividades que pudessem pensar no que traz ansiedade e angústias relacionadas não só ao curso de Medicina, mas sim à família e à própria personalidade. Para nós foi muito interessante porque vimos muitas situações de conflito, ansiedade e depressão em que às vezes estão embutidas no aluno e não percebemos essa reação. Essa primeira etapa foi muito proveitosa para atuarmos em cima disso”, apontou De Marchi.
Segundo o coordenador, o workshop teve o intuito de fazer com que o aluno desse sentido ao que faz no curso de Medicina. “Nesse dar sentido, ele tem que descobrir quais são as suas potencialidades, as suas faltas de habilidades, o que traz da sua casa do ponto de vista social, psicológico e o que ele entende como doença”, disse.
A ideia é criar na UniFAI um núcleo de apoio psicológico para o estudante. “Ao estudante de Medicina com um pouquinho mais de atenção devido realmente a uma estrutura de seis anos de estudo, de ansiedade para o ingresso, durante um curso inteiro e depois, no momento que presta um curso de residência médica. Espero que com um evento como esse, a gente possa levar a frente isso junto às pró-reitorias e à reitoria”, afirmou Miguel.

Workshop

O professor César Marinho idealizou o evento junto ao Departamento de Medicina. “A grande preocupação é devido os transtornos mentais em estudantes de medicina terem uma prevalência alta, bem como a ansiedade e a depressão, o que leva a essa situação preocupante em todos os estudantes”, alertou.
Com o número de suicídio até cinco vezes maior do que a média da população geral, de acordo com o docente é “primordial” a atenção aos fatores desencadeantes para a depressão e transtornos ansiosos.
“Por meio dos temas levantados previamente em sala de aula, levamos a discussão à mesa redonda para que os convidados oferecessem algum caminho. Nas conclusões espera-se que o departamento de Medicina e a instituição promova algum fator preventivo nessa área ou se monte um núcleo de prevenção contra esses agravos em estudantes de medicina”.
A psiquiatra Kátia, membro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), apresentou os resultados do Desafio Psiquiátrico Câmara de Violência em Escolas Médicas.
“A Câmara Temática Interdisciplinar sobre Violência nas Escolas Médicas é uma câmara do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo que eu coordeno e que tem por objetivo o estudo da violência nas escolas médicas nas diferentes maneiras de violência, tanto ainda em algumas escolas que mantêm trote, nos jogos de Medicina. Atuamos nessa tentativa de orientação para a prevenção do suicídio”, explicou.
Conforme aponta a psiquiatra, uma publicação de 2016 no Jama (Journal of the American Medical Association) aponta uma prevalência em torno de 11% de suicídio em estudantes de Medicina, numa pesquisa feita no Canadá e Estados Unidos.
“O que sabemos pela literatura é que há um número maior de suicídios entre estudantes e médicos. Na situação dos médicos, sobretudo, em algumas especialidades, que são anestesiologia e psiquiatria. Existem vários fatores que levam o jovem, principalmente o estudante de Medicina e o médico a cometer suicídio. Além dos fatores gerais, há os específicos que geralmente tem a ver com uma expectativa muito alta que fazem a respeito de si mesmos e com o conhecimento das drogas lícitas e suas ações”, detalhou Kátia.
Frei Mateus abordou a espiritualidade e o suicídio: “A questão da espiritualidade é apontada por grandes estudiosos como um fator que auxilia o estudante a lidar com a questão do suicídio. Isso vem ao encontro muitas vezes com as dificuldades do acadêmico em lidar com conflitos ligados à rotina e à dificuldade no aprendizado que gera essa frustração. A espiritualidade não está ligada apenas a religião. Ela é um campo vasto e tem muitos estudos a respeito disso”.
Enquanto gestor da Santa Casa de Misericórdia de Adamantina, Frei Mateus se disponibiliza para o acolhimento dos estudantes de medicina, que no último dia 14 deram início ao período de estágio.
“Tivemos a alegria de receber a primeira turma de estagiários na nossa Santa Casa que se encontra de portas abertas. Nós, enquanto religiosos, estamos lá na gestão e também à disposição desses acadêmicos para um auxílio se precisar conversar, para orientações, para aquilo que se fizer necessário. A Santa Casa é uma grande mãe que acolhe a todos, não só a população, mas precisa estar atenta para acolher também aos seus colaboradores e estagiários, que também sofrem, pensam e amam”, ressaltou.
O vice-presidente do Centro Acadêmico “Dr. César Marinho”, Caio Janeiro, comenta sobre a relevância do evento. “O workshop é muito importante para nós alunos, até mesmo para os professores que vão ter uma base de como abordar o estudante que esteja com algum problema. Isso nos auxilia a entender melhor a questão até porque podemos, no futuro, receber casos assim e saber diagnosticar”, afirmou.

 

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