Saúde

Missa presidida por Bispo da Diocese marca chegada de freis franciscanos para gestão da Santa Casa

Celebração religiosa foi marcada pela emoção, compromisso e convocação para que comunidade ajude.

Por: Da Redação atualizado: 18 de janeiro de 2018 | 10h16
Missa em Ação de Graças, realizada na Igreja Matriz de Santo Antônio, foi presidida pelo Bispo da Diocese de Marília (Foto: Cedida/Frei Jacó). Missa em Ação de Graças, realizada na Igreja Matriz de Santo Antônio, foi presidida pelo Bispo da Diocese de Marília (Foto: Cedida/Frei Jacó).

Uma missa solene realizada na noite desta terça-feira (16), na Igreja Matriz de Santo Antônio marcou a chegada oficial dos freis da Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus (ALSF), sediada em Jaci (SP), que desde o dia 8 passado assumiram oficialmente a gestão da Santa Casa de Adamantina.
A cerimônia religiosa atraiu a comunidade, religiosos católicos e de outras denominações religiosas e autoridades, que lotaram as dependências da Igreja. A celebração foi presidida pelo Bispo da Diocese de Marília, Dom Luiz Antonio Cipolini.
A Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus é responsável por mais de 70 instituições de saúde em todo o país. É dirigida pelo Frei Francisco – Nélio Joel Angeli Belotti. A chegada dos religiosos a Adamantina se deu no âmbito de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), decorrente da ação civil pública movida em agosto de 2015 pelo Ministério Público da Comarca local, que tramitou junto ao Poder Judiciário, em razão de irregularidades estruturais (físicas, organizacionais e de prestação de serviços), que poderiam ensejar a interdição judicial e até mesmo o fechamento do hospital.
Assim, a decisão por manter a estrutura em operação e buscar novos caminhos que garantissem o funcionamento e as melhorias esperadas, permitiu chegar a essa solução, cuja viabilidade envolveu os representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Prefeitura, Santa Casa, o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Marília e os próprios freis.
No âmbito religioso, o Bispo Dom Luiz deu aval para atuação dos religiosos em Adamantina, já que, sem o sinal positivo, a Associação Franciscana não poderia gerir a Santa Casa.

Ajuda de todos

Após os ritos religiosos da celebração, as autoridades locais e o Frei Francisco fizeram uso da palavra, diante da comunidade.
O prefeito Márcio Cardim foi o primeiro a se pronunciar. “O Frei Francisco recebe pedidos diários para que assuma serviços de saúde, em diversas cidades brasileiras. E a chegada deles, a Adamantina, foi uma resposta de Deus aos nossos pedidos e orações”, disse. “Que essa obra, que se inicia junto à Santa Casa de Adamantina, vá ao encontro das pessoas que mais necessitam dos serviços de saúde”, disse.
Em seguida, o prefeito fez um chamamento público. “Precisamos ajudar a equipe do Frei a consolidar esse projeto. Eles precisam de cada um de nós”, completou.

Justiça e inspiração

A fala seguinte foi do juiz Carlos Gustavo Urquiza Scarazzato, titular da 2ª Vara da Comarca de Adamantina, a quem coube liderar a articulação pela vinda dos Freis a Adamantina, diante da responsabilidade de decidir sobre a Ação Civil Pública, proposta pelo Ministério Público.
A atuação no campo judicial exigiu ampla articulação, dentro das possibilidades previstas no ordenamento jurídico brasileiro. Por lado, as atribuições do cargo poderiam subsidiar decisões e impor obrigações, e inclusive, no âmbito legal, existiam justificativas e amparo para até mesmo a suspensão e/ou o fechamento do hospital.
Mas a decisão foi pela construção de um novo cenário, que permitisse a restruturação administrativa e organizacional do hospital.
A primeira fala do magistrado foi dirigida aos religiosos católicos, em agradecimento. “Os padres não mediram esforços”, disse. Ele destacou também a atuação e apoio de líderes religiosos de outras denominações. “É importante contar com esse apoio, que superar qualquer sectarismo”, completou.
Depois, o magistrado se dirigiu ao prefeito Márcio Cardim e sua equipe. “Foi um parceiro indispensável nessa jornada, que não mediu esforços”, citou. Após, agradeceu também o apoio da Câmara Municipal.
Em seguida o juiz Carlos Scarazzato agradeceu a atuação do Ministério Público local, e citou o trabalho do promotor de justiça Rodrigo de Andrade Figaro Caldeira. “A ação civil pública do Ministério Público foi imperiosa”, ressaltou. “O Ministério Público é motor de transformações sociais”, completou.
Ainda no rol dos agradecimentos, o magistrado fez um deferimento aos colegas da Comarca. “O Poder Judiciário é uno e tenho vivido a experiência de unidade interna em nossa Comarca”, relatou. Ele citou a juíza Ruth Duarte Menegatti, que há um ano lidera mobilização semelhante, que tem permitido a restruturação do PAI Nosso Lar – nova denominação da Clínica de Repouso Nosso Lar – a quem define como fonte de inspiração para o trabalho que se propôs liderar em favor da Santa Casa de Adamantina. “Conte sempre comigo para as infinitas batalhas”, completou.
Ainda referente ao Poder Judiciário, agradeceu também toda a equipe do Fórum de Adamantina. “É com a comunhão de esforços que construímos o Judiciário que tanto queremos”, continuou.
A menção seguinte do juiz Carlos Scarazzato foi dirigida à Irmandade da Santa Casa de Adamantina, na pessoa do provedor Leonardo Munhoz. “A Irmandade teve a grandeza ímpar de reconhecer a necessidade do incremento de uma gestão especializada, em favor dos enfermos, que reclamam por melhores condições de tratamento”, relatou.
Por fim, o magistrado se dirigiu aos Frei Francisco e aos religiosos da Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus. Carlos Scarazzato usou do ditado popular e parafraseou dizendo que uma andorinha só não faz verão. “Se fôssemos isolados, nada poderíamos fazer, a não ser bater asas. Mas Deus nos deu andorinhas teimosas, capazes de encantar outras milhares de andorinhas e aproximar aqueles que conseguem se sensibilizar”, disse.
Dessa forma, o magistrado se referiu aos Freis como andorinhas teimosas. “Minha fala é de gratidão ao exemplo que nos inspira a atender os novos desafios, em não deixar os nossos irmãos desassistidos no inverno da doença”, destacou.
O magistrado compartilhou também como se portou diante do tema complexo que recaiu sobre sua decisão, no âmbito da ação civil pública. “Pedi inspiração a Deus, quando a esfera judicial levava ao possível fechamento do hospital”, disse. Nesse estágio o juiz conheceu o trabalho dos religiosos e foi apresentado ao Frei Francisco.
No final, o magistrado destacou a importância da união e somatório de forças para que os avanços aconteçam. “Até então essa atuação se desenvolveu nas cercanias do Poder Judiciário. Agora, exige envolvimento da comunidade, indispensável para que tudo isso se concretize”, completou.

Curais os doentes

A fala final foi do Frei Francisco. Ele expôs sobre o trabalho da Associação, que hoje atuam em 72 serviços de saúde no Brasil, nos estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás e Pará, e em outubro próximo expande a atuação em saúde junto às comunidades ribeirinhas do Amazonas, com o lançamento de um Barco Hospital, em atendimento a um pedido feito pelo Papa Francisco.
Esse carisma pelos doentes foi experimentado pelo Frei Francisco, em tom de desafio missionário, assim que foi ordenado padre e passou a atuar em Jaci, na região de São José do Rio Preto. “Não havia médicos na cidade e comecei a cuidar dos doentes”, disse.
Assim, evidenciando a missão apostólica de ir pelo mundo e pregar o Evangelho, dentro dos ensinamentos de Jesus Cristo, Frei Francisco invocou também o desafio de promover a cura dos doentes, como também ensina e convoca Jesus Cristo.
Soma-se também o exemplo e a inspiração de São Francisco de Assis, que curava leprosos. “Isso marca a inclusão da ordem franciscana no mundo da saúde”, disse. “Temos o dever de Jesus Cristo e de São Francisco, e o dever de cidadão”, completou.
Segundo Frei Francisco, todas as pessoas podem fazer alguma coisa pela transformação da saúde no Brasil. Ele explicou que rotineiramente recebe pedidos para gerir serviços de saúde e busca na religiosidade e nos princípios a inspiração para as decisões. “Entrego tudo nas mãos da Divina Providência. Vou sentindo a vontade de Deus, e hoje aqui estamos”, detalhou o religioso.
Ele destacou que a Santa Casa de Adamantina tem sua missão em prestar atendimento à população de Adamantina e da região, e caminha para se tornar um hospital de ensino, diante do curso de medicina existente na cidade.
Frei Francisco definiu a Santa Casa como sendo a única obra que atende a pessoa antes mesmo dela nascer. “Precisa estar preparada para atender”, disse. “E aqui, perante o público, me comprometo a dar tudo o que houver, dentro das minhas possibilidades. Que Deus nos dê força e coragem e assim possamos dar continuidade a essa missão, de ir por todo o mundo, levar o Evangelho e curar os doentes”, finalizou.


 

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