Cidades

Os caminhos do lixo: como Adamantina trata a coleta dos resíduos sólidos

Problema não acaba quando o lixo é colocado na rua para a coleta. Amanhã o tema será Usina de Lixo.

Por: Acácio Rocha atualizado: 8 de julho de 2019 | 11h19
Caçamba com lixo aguarda recolhimento no centro de Adamantina (Foto: Acácio Rocha). Caçamba com lixo aguarda recolhimento no centro de Adamantina (Foto: Acácio Rocha).

A coleta e a correta destinação de resíduos sólidos urbanos (RSU) é uma preocupação crescente, em todo o planeta. Em âmbito local, os desafios não são diferentes para o Poder Público de Adamantina, que executa os serviços de maneira direta.
No Brasil, são produzidas aproximadamente 230 mil toneladas de lixo por dia. Cada brasileiro gera, em média, 500 gramas de lixo diariamente, podendo chegar até a mais de 1 kg, dependendo do poder aquisitivo e local em que mora.
Estima-se que o volume médio de RSU gerado em Adamantina é de 30 toneladas/dia. Considerando a população local em 35 mil habitantes, a média diária de lixo produzido por cada adamantinense é de 857 gramas.
E os problemas não podem ser “jogados no lixo”. Precisam ser enfrentados pelo poder público, e exigem, também, uma nova reflexão e atitudes sobre a geração de lixo, onde os aspectos da economia, hábitos e costumes são imediatamente determinantes e quantificam o volume de lixo gerado. Para os governos, decidir sobre a destinação menos lesiva ao meio ambiente. E para as pessoas, a necessidade de entender que o problema do lixo não termina quando ele é colocado para coleta, na porta da casa.
A oceanógrafa, Mestre em Educação e Doutora em Educação Ambiental Isabel Cristina Gonçalves é adamantinense e atualmente trabalha como pesquisadora em seu pós-doutoramento pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Em 2000 defendeu sua dissertação de mestrado na Universidade Federal do Rio Grande tendo como tema a Usina de Reciclagem e Compostagem de Adamantina.
Isabel põe em discussão a necessidade de uma nova postura em relação a hábitos e consumo e seus impactos na geração de lixo. “O ser humano precisa entender que é um produtor de lixo, que é o responsável por este seriíssimo problema social. O lixo não é apenas um problema ambiental, mas também, um problema cultural, este manejo ambiental saudável dos resíduos deve ir muito além do reaproveitamento ou de um depósito seguro, mas também atacar a cultura consumista, os padrões não sustentáveis de produção e consumo”, diz. 

Limitação da estrutura de coleta

Na coleta do lixo existe um relacionamento estreito entre administração do serviço e população. Todos sabem como a coisa funciona na prática, mas a maioria jamais parou para pensar na complexidade de ações que exigem envolvimentos e responsabilidades dos dois lados.
Para a coleta dessas 30 toneladas/dia, a Prefeitura de Adamantina mobiliza uma estrutura com 20 funcionários, distribuídos em cinco equipes e setores. Cada equipe é composta por três coletores e um motorista.
A frota é de cinco caminhões compactadores e mais um reserva, mas que recentemente atravessam sérios problemas operacionais, sobretudo decorrente de falhas e limitações mecânicas da frota. Essa situação tem gerado muitas reclamações de moradores, em diversos bairros da cidade, onde têm ocorrido falhas na coleta do lixo.
A Prefeitura de Adamantina afirma que, embora cumpra com as necessidades, esta quantidade de caminhões e profissionais, como na maioria dos municípios, não é suficiente, tendo em vista a expansão urbana do município, principalmente por loteamentos residenciais o aumento do perímetro percorrido e volume de resíduo.

Composição do lixo

A composição do lixo urbano depende dos hábitos da população, entre outros fatores. Estudos revelam que, em média, 65% da sua composição é de matéria orgânica, 15% de papel e papelão, 7% de plásticos, 2 % de vidros, 3% de metais – materiais com alta reciclabilidade – e o restante se divide entre outros materiais, como panos/tecidos, madeira, borracha, terra, couro, louça – com baixo potencial para a reciclagem – e materiais com potencial poluidor, como pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes.
Segundo a Prefeitura, o resíduo doméstico é coletado seis vezes por semana, e a coleta é dividida entre coleta de orgânicos e coleta de recicláveis.
Só aos domingos não corre coleta de lixo na cidade. Em cinco dias da semana (segunda, terça, quarta, sexta e sábado) é realiza a coleta de lixo orgânico, cujo material é destinado para a disposição final no aterro sanitário.
A coleta seletiva acontece uma vez por semana, às quintas-feiras, quando o material reciclável coletado é levado para Usina de Triagem, onde ele é separado por tipo (papel, plástico, metais e vidro) e posteriormente comercializado e revertido para a receita da prefeitura.
Porém, trata-se de uma dinâmica insuficiente, sendo notório o volume de materiais recicláveis descartados pelos moradores nos dias de coleta de resíduos orgânicos, e o descarte de orgânicos na data exclusivamente reservada para coleta de recicláveis. O lixo, com materiais orgânicos e recicláveis misturado, exige uma maior estrutura de recursos humanos, materiais e insumos além da necessidade, na sua triagem, além de reduzir a vida útil do aterro sanitário, para onde deveriam ser depositados apenas materiais orgânicos, o que, publicamente, não ocorre.

Lixo hospitalar, pilhas, baterias e lâmpadas

O lixo hospitalar de Adamantina, gerado por hospitais, clínicas médicas e veterinárias, laboratórios de análises, postos de saúde e outros estabelecimentos similares, é coletado separado do lixo doméstico. A acomodação desses resíduos é feita no próprio estabelecimento gerador, e posteriormente coletados por uma empresa especializada e licenciada, contratada pela Prefeitura. 
As baterias, pilhas e lâmpadas fluorescentes são recolhidas pelos próprios estabelecimentos comerciais, dentro do que se preconiza como logística reversa. Depois a Prefeitura faz a coleta mensalmente deste material e leva até a usina de lixo para armazenamento. Após reunir um determinado volume, uma empresa especializada faz a descontaminação deste material.
Os pneus velhos, são, dentro dessa mesma dinâmica, são depositados no almoxarifado municipal e recolhidos periodicamente por empresa especializada na destinação desses materiais.

Lixo e educação ambiental

Segundo a Prefeitura de Adamantina, há ações de educação ambiental em Adamantina, focadas na questão dos resíduos sólidos. Inclusive ajudaram Adamantina a pontuar no “Município Verde Azul”, ranking que o município ocupou o 18º lugar na última edição.
O poder público destaca que encontra-se em fase de elaboração um projeto técnico social de inserção de catadores de material reciclável. O objetivo, de acordo com a Prefeitura, é tirá-los da informalidade através do cooperativismo.

Amanhã, reportagem sobre a Usina de Lixo de Adamantina.

Colaborou: Prefeitura de Adamantina 

Fontes de apoio e pesquisa:

A Coleta Seletiva do Lixo Urbano
Sinto muito, mas Adamantina não é exemplo de reciclagem de lixo, nem aqui e nem na China!
Cartilha de limpeza urbana

 

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