Opinião

Chegou a hora da macumba e das traições

“Sou materialista, mas choro em missas e tenho calafrios em terreiros de candomblé.” (Matheus Nachtergaele).

Por: Nivaldo Londrina Martins do Nascimento
Chegou a hora da macumba e das traições

Curimbembê, curimbembá/ Sete flechas, um grande orixá/ Com sete dias de nascido/ A Jurema o encontrou/ Deitado na folha seca/ O caboclo ela criou. Curimbembê, curimbembá/ Sete flechas, um grande orixá/ Nasceu na mata de Oxossi/ Na aldeia de Juremá/ O caboclo Sete flechas / iluminado por oxalá.

Que me desculpem os escribas das entrevistas “exclusivas”, mas neste ano eles deveriam sair da toca e da mesmice de sempre. Os eleitores merecem informações que realmente os ajudem na decisão que terão que tomar em outubro. Seguindo essa lógica, na sexta-feira passada busquei noticias sobre a política adamantinense num terreiro de candomblé.

Chegando lá, procurei por Lábios Úmidos. No entanto, me disseram que ele havia viajado para Brasília em missão especial. Acredito que o velho conhecido tenha ido auxiliar algum político envolvido na Lava Jato, talvez o Aécim Never que, segundo o colunista Josias de Souza, em breve poderá ser eletrocutado numa linha de transmissão da hidroelétrica de Furnas.

Com a ausência de Lábios Úmidos, fiquei meio perdido no centro de cultos afro-brasileiros. Enquanto isso, o ponto do caboclo Sete flechas era cantado ao ritmo de tambores, que entoavam cada vez mais alto. Porém, não demorou muito para um sujeito atarracado que costuma incorporar uma entidade das trevas chamada Legião, notar a minha presença.

Em seguida, Legião saiu da roda de cantoria e disse: “Você parece político, só nos procura de quatro em quatro anos”. Meio assustado, retruquei que a coisa não era bem assim, pois nunca discriminei ninguém. Depois dessas palavras, ele se lembrou que eu era amigo de Lábios Úmidos e tudo mudou. Agora sim, vou saber coisas da política que ninguém sabe, pensei.

E não é que depois dos pedidos de desculpas pelo mal entendido, em meio a um forte cheiro de pólvora negra e de enxofre, Legião revelou a este humilde articulista fatos que até o bicho ruim duvida que estejam acontecendo em Adamantina. E entre os fatos revelados pelo representante do além, alguns me chamaram a atenção. Vejamos.

Conforme Legião, nem bem foram definidos os nomes dos pré-candidatos ao cargo de prefeito e já tinha gente buscando a ajuda do Exu Tranca-Ruas para fechar o caminho de certo adversário. Como conhecemos o poder de fogo dessa entidade, acreditamos que seria bom o visado cidadão se prevenir e ter sempre em mãos o remédio de colocar debaixo da língua.

Quanto à questão dos vencimentos dos agentes políticos, Legião disse que ela segue sendo estudada pelos membros do Conselho de Assuntos Populares do Centro de Cultos Afrodescendentes, mas adiantou que alguns vereadores ficaram marcados pelas opiniões dadas sobre o delicado assunto e que será difícil eles reverter essa situação até outubro.

Entretanto, o que mais me chamou atenção nas revelações de Legião foi o fato de que têm pessoas da autointitulada grande coligação pensando em roer a corda e bandear para o outro lado. Imagino que acontecendo essa traição, a chance de termos uma reedição da eleição de 2008 é muito grande. Aliás, outro massacre nas urnas é o sonho de consumo de muita gente.

Por hoje é só, mas como iniciei este texto com um ponto do caboclo Sete flechas, nada melhor que encerrá-lo com um ponto da Pomba-gira. Afinal, chegou a hora da macumba e das traições. Dói, dói, dói, dói, dói/ Um amor me faz sofrer/ Dois amores me fazem chorar. Dói, dói, dói, dói, dói/ Um amor me faz sofrer/ Dois amores me fazem chorar...

Axé Antonio Gonçalves de Abreu Filho! Axé Nery da Rádio Cultura! Axé Paulo A. Purificação! Axé Cuca Maluf! Axé Sérgio Barbosa! Axé amigos leitores e amigas leitoras!

Nivaldo Londrina Martins do Nascimento é servidor público municipal e jornalista profissional (Mtb 35079). 

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