Memória

O carnaval adamantinense: do baile de salão ao Perobão

Uma análise sobre o carnaval adamantinense nos meados do século XX

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Enquanto uns iam ao Ipê Clube, outros iam para o Perobão (considerada uma madeira de menor valor, portanto, mais popular). Enquanto uns iam ao Ipê Clube, outros iam para o Perobão (considerada uma madeira de menor valor, portanto, mais popular).

O carnaval é uma das maiores festas populares do Brasil. Sua origem remete à antiguidade, em regiões como Egito, Roma e até mesmo a Mesopotâmia. Já a palavra carnaval, vem do latim, carnis levale, que significa retirar a carne, que remete ao jejum quaresmal dos católicos.

No Brasil, a festa foi introduzida pelos colonizadores portugueses. Os “entrudos” como eram conhecidas as primeiras manifestações carnavalescas do país, consistiam em “guerras” de ovos, farinha, frutas podres, etc. Tais festas chegaram até mesmo a serem proibidos em alguns lugares do país.

Com o passar do tempo, novas formas de se comemorar o carnaval surgiram: os bailes de salões, os bonecos gigantes, as marchinhas, os sambas-enredos, as baterias, as escolas de samba e os blocos populares de rua.

Quanto ao carnaval adamantinense, não era muito diferente. As festas ocorriam nos diversos salões de clubes da cidade. Porém, segundo alguns moradores, este era bem dividido na cidade joia. Os mais abastados frequentavam clubes como: ATC, Ipê Clube e o ACREA, já a população que não dispunha de recursos frequentava o carnaval popular de rua, o “Perobão”.

Fiquei curioso em relação ao porquê desse nome, e em conversa com alguns adamantinenses a dúvida foi sanada. Tratava-se de uma brincadeira feita na época por um de seus idealizadores, “enquanto uns iam para o Ipê (considerada uma madeira de lei, e segundo o que já fora dito, era para os mais abastados), outros iam para o Perobão (considerada uma madeira de menor valor, portanto, mais popular) ”.

Todos os anos o Perobão ocorria em lugares diferentes, nos ginásios, nas avenidas centrais e nas praças. A animação em diversos momentos ficava a cargo da Banda Jovens do Ritmo, que contou em certos momentos com a participação de alguns adamantinenses.

O Perobão em Adamantina perdurou até meados da década de 1980, posteriormente surgiram diversos carnavais populares de rua, mas sem a relevância deste. A todos que vivenciaram tal período, ficam as lembranças e os nuances do carnaval adamantinense em uma época onde a as “madeiras” ditavam o ritmo.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.


Decoração de carnaval na Avenida Rio Branco (quadra entre a Rua Deputado Salles filho e a Avenida Santo Antônio). 

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