Memória

Nove de julho: o que se comemora mesmo?

Um breve relato acerca da Revolução Constitucionalista de 1932.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Nove de julho: o que se comemora mesmo?

“As ocasiões fazem as revoluções.”
(Machado de Assis)

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Em todas as cidades é bem comum as ruas ou praças terem nomes de políticos, cantores, poetas e datas diversas. Nesse sentido, algumas datas são bem comuns, como 9 de julho e 15 de novembro. Esta última faz alusão à Proclamação da República, no entanto a outra é se refere a um movimento específico dos paulistas, a chamada Revolução Constitucionalista de 1932.

Mas, o que foi esta revolução? Para começo de conversa, e sem entrar em méritos de discussões conceituais, tal evento não se trata efetivamente de uma Revolução, mas apenas de uma “Revolta”. Esta por sua vez, visava a derrubada do Governo Vargas (1930-1945) e a Convocação de uma nova Assembleia Constituinte.

Com Vargas na presidência, os paulistas (e também os mineiros) viam todo o seu poderio minguar. Devemos lembrar que é o próprio Getúlio, um gaúcho, quem acaba com a hegemonia destes, na chamada “Política do café com leite”. Além de dissolver o Congresso Nacional, ele também faz o mesmo com as Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais e acaba nomeando interventores com plenos poderes sobre o Executivo e Legislativo local.

Diante desse contexto, na noite de 23 de maio de 1932, a tensão entre varguistas e constitucionalistas acabou culminando na morte de quatro jovens revolucionários, Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade, os quais passaram a denominar a organização paramilitar MMDC (Alguns historiadores acrescentam uma quinta letra “A”, em homenagem a Orlando de Oliveira Alvarenga, que morreu após cerca de três meses internado).

Com tamanha inferioridade militar e sem o auxílio de outros estados, os paulistas acabaram sucumbindo e seu Governo Revolucionário deposto. No entanto, um ano depois uma Assembleia Constituinte fora convocada e em 1934 surgia uma nova Constituição. Quanto às investigações acerca da morte dos quatro (ou cinco) jovens, acabaram sendo arquivadas por prescrição em 1954.

Assim, desde 1997, o dia 9 de julho é considerado feriado no Estado de São Paulo. E infelizmente, nos deixa tristes ver que poucos sabem dessa história quando questionados.

Quanto a nós, ficam apenas exemplos de pessoas que mesmo perdendo as batalhas a que foram expostos, atingiram os seus maiores objetivos mesmo post mortem.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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