Memória

Lendas brasileiras (II): o saci-pererê

Saci-pererê, personagem da cultura e do folclore brasileiro.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
(Imagem: Reprodução/Socaci). (Imagem: Reprodução/Socaci).

“Eu vi o saci bem atrás de um arbusto ali / De repente deu um pulo por cima do muro / E apareceu aqui / É um espertalhão, ele só apronta confusão / ele veste a carapuça / mete sua fuça / onde não é chamado não. ”
(Eu vi o Saci – Marcos Sacramento)

* * *

Em diversos momentos quando criança, sempre ouvi várias histórias sobre os personagens que marcam o nosso folclore, mas o que mais me chamava a atenção era o tal do saci-pererê.

A grosso modo pode-se defini-lo como um menino negro, que possui apenas uma perna, um gorro vermelho na cabeça, um cachimbo na boca e vive fazendo molecagens.

Há muitas versões acerca dessa lenda, algumas misturam elementos europeus, africanos e indígenas. Além disso, outro ponto que merece destaque também se dá com base em como o saci se apresenta as pessoas, para alguns como um ser maléfico, engraçado ou mesmo brincalhão.

O saci ganhou fama na literatura brasileira, nas obras de Monteiro Lobato, nos quadrinhos de Ziraldo e Maurício de Souza, além de ser retratado em diversos filmes, músicas e logomarcas de clubes e empresas. Mas, não para por aí, ele chegou a se nomear espécies de animais, de seres pré-históricos e até mesmo de satélites.

Aqui na terrinha muitos são os difusores das diferentes histórias de sacis. Para se ter uma ideia, tem gente que captura o saci em garrafa, sabe onde fica o sacizeiro  (diz que é no 7º gomo ou nó dos bambus), aprendeu como roubar o gorro dele (para perder as energias e evitar as molecagens), pega com a peneira no redemoinho, e por aí vai...

Histórias não faltam quando o assunto é este e, no intuito de preservar este pedaço da nossa cultura e folclore, existe até uma Sociedade dos Observadores de Saci-SOSACI (https://www.sosaci.org.br), em São Luiz do Paraitinga-SP.

Algumas cidades em nosso país, comemoram o Dia do Saci em 31 de outubro, em oposição ao Dia das Bruxas (Ralôim), como uma forma de valorizar a nossa cultura. Tal dia é instituído em diversas legislações municipais e estaduais, além de haver um Projeto de Lei tramitando na esfera federal, para também institui-la em nosso país. (Aqui fica a deixa para os edis adamantinenses!)

Enfim, histórias e “causos” sobre as diferentes visões, traquinagens e experiências com sacis, não faltam. A nós, cabe ao menos o zelo e a preservação de algo realmente nosso, em um “Brazil” onde o que vem de fora “parece” mais importante e mais ”moderno” do que o próprio “Brasil”.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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