Fascismo, Messi e funk: a história por trás de Bella Ciao
Entendendo a história da música Bella Ciao e os seus usos atuais.
“E se io muoio da partigiano / O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao / E se io muoio da partigiano / Tu mi devi seppellir.”
(Bella Ciao)
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Não é nenhuma novidade, mas nos últimos meses a série espanhola, La Casa de Papel, vem agregando mais e mais seguidores, além da trama, que gira em torno de um assalto bilionário à Casa da Moeda de Madri, uma das músicas centrais também acabou reacendendo diversas discussões. Trata-se da Canção Bella Ciao, mas o que ela tem de tão importante?
Na Itália tal canção era o ‘Hino da Resistência’ dos ‘Partigiani’ contra o Fascismo Italiano de Benito Mussolini e das tropas Nazistas durantes a Segunda Guerra Mundial. No entanto, alguns e seus versos também podem ser vistos em canções populares italianas do séc. XIX e mesmo durante a Primeira Guerra Mundial.
Sua origem, ainda é objeto de diversas discussões, alguns pesquisadores apontam semelhanças com algumas canções de comunidades judaicas da Europa Central e Oriental, outros acreditam que esta fora trazida por um imigrante que estava nos EUA e há ainda uma outra que aponta para as canções populares que os trabalhadores executavam nos campos de arroz do Norte da Itália.
Em Bella Ciao torna-se bem evidente o seu teor revolucionário, seu cunho de resistência e protesto em sua letra. Em décadas posteriores, esta também fora utilizada nos diversos movimentos da juventude comunista na Europa e em alguns movimentos contra os Governos Latino-Americanos. Mas, ainda fica a dúvida: Qual a relação que Messi e funk tem com tal canção?
Por sua melodia inconfundível e marcante, sua letra acabou sendo “parodiada” no Brasil, e “Bella Ciao”, acabou virando funk, nas letras do funkeiro MC MM. Mas, isso não para por aí, nos jogos da Seleção Argentina de Futebol, a torcida brasileira, bem criativa por sinal, acabou fazendo a sua própria versão e criando o famoso “Messi tchau”.
Enfim, ficam evidentes os diferentes usos e formas da mesma canção, e na minha singela opinião, a versão original ainda é a melhor. E em tempos de defesa de ditaduras (ou intervenções, como queiram!), aqui ou acolá (pois em Adamantina, isso não ocorre!), essa canção se faz bem presente, onde cabem a sua escuta, a sua compreensão e quiçá uma possível volta às aulas de história.
Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.