Memória

A rua como espaço de lazer e diversão: do que brincávamos mesmo?

Uma breve análise dos jogos e brincadeiras populares nas décadas passadas.

Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental Colunista
Tiago Rafael | Professor, historiador e gestor ambiental
Imagem: Acervo/Estadão. Imagem: Acervo/Estadão.

Vem brincar na rua / De peteca e amarelinha / Meia, meia lua / Se essa rua fosse minha [...]
[...] Pique, pique / Pique esconde / Esconde, aonde? / Bilboquê / Bola de mão / Roda pião / Pique, grude / Bolinha de gude / Mamãe, posso ir / Brincar na rua?
(Kitty Driemeyer)

* * *

A alguns dias vi um anúncio em uma rede social, sobre um torneio de bétia (ou bets, como queiram) na cidade de Adamantina. Pois bem, nos dias atuais esta é uma brincadeira que cada vez mais está acabando. Tempos atrás, este e outros jogos faziam a diversão de muitas crianças, e a rua era o palco onde tudo isso acontecia.

A nossa diversão era chegar da escola e poder ir para a rua brincar. Bastavam dois chinelos, e o nosso gol estava pronto. Em meio a tudo isso, quantos “dedões” se perderam em meio ao asfalto. Além do nosso “futebol de rua”, haviam as “queimadas”, “pega-pega”, “esconde-esconde”, “balança-caixão”, “polícia e ladrão” (os cachos de mamonas que o digam), e por aí vai...

Em julho, período de férias escolares, as pipas imperavam nos céus da cidade. Tinha pipa para todos os gostos e bolsos, coloridas, de tecido e até mesmo feitas com sacolinhas de mercado. Outro brinquedo que fabricávamos e adorávamos era o carrinho de rolimã, que consistia em nada mais que, uma tábua de madeira, um eixo dianteiro com um rolamento, onde direcionávamos o carrinho e um eixo traseiro com outros dois rolamentos. É claro que haviam os carrinhos mais elaborados e com maiores detalhes, mas o que importava mesmo era a diversão.

Quanto as brincadeiras de corda, é claro que você se lembrará até mesmo das músicas cantadas quando pulávamos: “Salada, saladinha, temperada na cozinha [...]” (é claro que terminava com fogo, foguinho e a velocidade também aumentava); “[...] quantos filhos você pretende ter [...]”; “Um homem bateu em minha porta [...]”; enfim, diversas eram as músicas cantadas na brincadeira de pular corda.

Pé-na-lata, elástico, pião, bilboquê, bolinha de gude (ou “burica”), peteca, 3 cortes, salva, estátua, adoleta, amarelinha, entre tantas outras. Diversas foram as brincadeiras e os brinquedos que marcaram a nossa infância, não careciam de luxo e sequer custavam alguma coisa, algo difícil de se ver hoje em dia.

Infelizmente no atual cenário desse “admirável mundo novo”, a felicidade e a diversão cada vez mais acabam sendo medidas pelo poder aquisitivo, pela posse ou não de tecnologia, pelo “like” ou pelas “visualizações”. E quanto ao “mundo real”? É deixado de lado, para que se possa viver cada vez “mais cedo" as utopias do “fake world”. A nós, sobram as lembranças de uma época onde a “rua” ditava a diversão e nós “curtíamos” e “compartilhávamos” tudo isso.

Tiago Rafael dos Santos Alves é historiador. Acesse aqui seu perfil.

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