Cidades

Sérgio: “Prefeitura deveria estar preparada para honrar compromissos com os prestadores de serviços”

Em entrevista exclusiva, Sérgio Vanderlei, presidente da ExpoVerde 2015, fala ao SIGA MAIS.

Por: Da Redação atualizado: 19 de outubro de 2015 | 19h20
Sérgio Vanderlei: ?Realizamos a maior festa de todos os tempos e gostaríamos que tudo fosse resolvido com a mesma seriedade? (Foto: Arquivo). Sérgio Vanderlei: ?Realizamos a maior festa de todos os tempos e gostaríamos que tudo fosse resolvido com a mesma seriedade? (Foto: Arquivo).

O presidente da Comissão Organizadora da ExpoVerde 2015, jornalista e empresário Sérgio Vanderlei, atendeu ao convite do SIGA MAIS e respondeu a vários aspectos que se desencadearam ao longo das últimas semanas, posteriores à sua realização, relativos sobretudo ao não pagamento de fornecedores que trabalharam no evento.
Na última terça-feira (13), um grupo de trabalhadores ligados às atividades de brigadistas, paramédicos e bombeiros civis, que trabalharam no evento por meio de uma empresa contratada pela Prefeitura através de licitação pública, ocuparam uma audiência pública onde era discutido o orçamento municipal para 2016, reclamando que os serviços prestados não foram pagos, exigindo assim que a Prefeitura liquidasse a dívida.
Na audiência estavam representantes da comunidade, da imprensa, da Prefeitura e vereadores da Câmara Municipal, e a reclamação dos trabalhadores e da empresa contratada ganhou repercussão imediata, sobretudo questionando a realização de um evento, do porte da ExpoVerde, em período de crise econômica.
O evento chegou à sua 27ª edição, e sempre foi motivo de orgulho para os adamantinenses, com também definiu o presidente da atual edição, em reportagem publicada no SIGA MAIS, quando afirmou que “A ExpoVerde representa a força da cidade de Adamantina” (releia aqui).
Sérgio Vanderlei presidiu a Comissão Organizadora, nomeada pelo Prefeito Ivo Santos, para produção executiva do evento. Com ele, outras pessoas da sociedade civil e da própria Prefeitura compuseram o staff, que teve êxito na organização e nos objetivos. Entre os quais, o resultado de público: cerca de 125 mil pessoas foram ao Poliesportivo de Adamantina, nos seis dias de programação (2 a 7 de setembro).
Agora, ao SIGA MAIS, Sérgio Vanderlei responde cada tópico perguntado, onde fala sobre as decisões tomadas na fase preparatória do evento, as dificuldades internas presentes na própria estrutura organizacional e a situação pós-evento.
Sobre a Prefeitura estar ou não preparada, neste ano, para a realização do evento, Sérgio foi objetivo e disse que não. “Os números do evento (receitas e despesas) fecham, mas há muito dinheiro ainda para entrar nos cofres públicos. E a Prefeitura deveria estar preparada para honrar compromissos com os prestadores de serviços”, disse.
Sérgio revelou que enfrentou vários interesses nas diversas frentes da organização. “Deparei-me com muitos vícios e com intenções escusas, mas tive respaldo e contei com o trabalho sério de pessoas da comissão”, revelou.
Agora, diante desse desfecho pós-evento, se vê chateado. “Realizamos a maior festa de todos os tempos e gostaríamos que tudo fosse resolvido com a mesma seriedade”, desabafa. “Fico triste em ver gente séria, que se dedicou sem ganhar um centavo, estar hoje de cabeça baixa, mesmo com o sucesso da festa”.
Sobre presidir a ExpoVerde 2016, hoje sua resposta é não. “Mas posso mudar de decisão, caso me provem que haverá maior comprometimento do Poder Público em nos respaldar, não com dinheiro, mas com seriedade”.

Confira a entrevista:

Na coletiva de imprensa, poucos dias antecedendo o início da ExpoVerde, foi exposto “se seria o momento” para a realização do evento, dada à sua dimensão,  especialmente em decorrência do momento de fragilidade financeira da Prefeitura. Foi até mesmo cogitado não realizar o evento. Porém, a decisão de realizar foi da Administração Municipal. Considerando todos os aspectos positivos e negativos, foi uma decisão acertada?
Sérgio Vanderlei
- Há pouco menos de um mês da ExpoVerde houve a troca de secretários de finanças e tesoureiros do evento. Assumiu nas funções Reinaldo Turra, que nas reuniões subsequentes demonstrou grande preocupação com a situação financeira da Prefeitura e, consequentemente, com a realização da ExpoVerde. Foi cogitado em três reuniões de secretários o cancelamento da festa mesmo há 20 dias do seu acontecimento. Eu como presidente da comissão sempre me coloquei favorável ao evento, pois havia uma comissão trabalhando seriamente há quase um ano para realizar uma festa grandiosa, em que receitas e despesas fossem equilibradas. Ao mesmo tempo eu sempre dizia que se fosse decisão do alto escalão e do prefeito cancelar, não me sentiria envergonhado em comunicar o fato, mesmo com a quebra de contratos e a necessidade de devolução de dinheiro às empresas patrocinadoras. Nesses encontros o prefeito e seus principais secretários foram categóricos em realizar a festa, o que foi acatado pelo secretário e tesoureiro Turra. Hoje é público a complicada situação da prefeitura para cumprir com suas obrigações financeiras. Mas, sinceramente, não sei se o cancelamento da ExpoVerde aliviaria de alguma forma esta situação já existente e desenhada desde o primeiro ano da atual administração pública. Tenho motivos para defender a ExpoVerde, enquanto entretenimento de qualidade e gratuito para a comunidade, enquanto gerador de oportunidades de trabalho e enquanto gerador de renda em nosso comércio.

Financeiramente falando, a Prefeitura estava preparada para um evento dessa grandeza e com esse volume de investimentos?
Sérgio -
Não. Os números do evento (receitas e despesas) fecham, mas há muito dinheiro ainda para entrar nos cofres públicos. E a Prefeitura deveria estar preparada para honrar compromissos com os prestadores de serviços, para ser ressarcida nos próximos meses. Mexemos com órgãos rígidos, como Sebrae e Caixa Federal por exemplo, que ainda não pagaram seus patrocínios em virtude da burocrática prestação de contas que estamos fazendo.

A comissão desempenhou uma atividade que foi delegada pela Administração Municipal, ou seja, executar um evento que é do Município. Em todas as decisões, sobretudo contratações, a Comissão buscou respaldar-se junto à Administração?
Sérgio
- Quando assumi em novembro de 2014 a comissão, me passaram uma situação financeira e o balanço de 2014. Sabíamos dos prejuízos dos anos anteriores e esses números serviram para nos direcionar, para onde buscar mais receitas e onde gastar. A comissão sempre prestou contas aos secretários e ao prefeito dos seus trabalhos e tenho certeza de que tudo foi feito com muita responsabilidade.

O custo final do evento, ficou dentro do que foi projetado, ou seja, estava dentro dos limites de gastos previstos para o mesmo?
Sérgio
- Sim. Como disse houve equilíbrio entre receitas e despesas, mesmo não havendo sobra de caixa de 2014 para 2015 como haviam me passado, mesmo fazendo diversos investimentos no poliesportivo por conta da comissão, e mesmo pagando contas do evento de 2014.

Durante a realização da ExpoVerde você disse que a festa estava paga. Hoje, o cenário revela outra coisa, com fornecedores querendo receber e a Prefeitura não dá qualquer sinalização objetiva sobre prazos para saldar essas dívidas com fornecedores do evento. Qual a situação hoje? Do custo final do evento, quanto foi pago? Quando ainda resta a pagar?
Sérgio
- Quando falei que a festa estava paga foi me referindo a ela não apresentar prejuízos, ou seja, houve o equilíbrio de receitas e despesas. A tesouraria da Prefeitura e do evento ainda não conseguiu fechar o balanço, mas acredito que cerca de 60% dos custos já foram pagos. Em conversa com o secretário Turra ele está à espera da entrada de recursos para cumprir com os pagamentos, o que vem ocorrendo gradativamente. Tenho confiança nele pela sua integridade e competência e tenho a certeza de que todos serão pagos corretamente.

Quais foram as fontes de recursos consolidadas, para a realização da ExpoVerde? Recursos da Prefeitura? Ministério da Cultura? Patrocínios/Publicidade? Locação de espaços para expositores, praça de alimentação, parque e outros? Quanto cada área contribuiu para as receitas do evento? Ainda há recursos a serem recebidos?
Sérgio
- Eu tenho um balanço próprio do evento. Sei tudo o que foi gasto e tudo o que há de receitas. Mas para a divulgação desses números oficiais preciso esperar a conclusão do balanço por parte da Prefeitura.

Considerando o exemplo de situações vivenciadas na ExpoVerde de 2014, os recursos originados da comercialização da praça de alimentação,  da ExpoVerde 2015, foram totalmente recebidos e incorporados às receitas da Festa?
Sérgio
- Sei que existe um contrato assinado, o que nos traz segurança. Mas também preciso do balanço oficial da Prefeitura para saber realmente o que entrou na conta da comissão e o que ainda precisa entrar.

Do final do evento até hoje se passaram mais de 30 dias. Você tem dialogado com a Administração, sobretudo a área financeira, para sanar as pendências com fornecedores?
Sérgio
- Sim, constantemente. Por isso falo da minha tranquilidade em relação ao pagamento de todos os fornecedores e prestadores de serviços. Já foi pago cerca de 60% das despesas e o restante o secretário Turra está empenhado, mesmo porque a Prefeitura enfrenta outros graves problemas neste momento.

Você enfrentou dificuldades internas, relativa a vícios, interesses pessoais e tráfego de influências, para a tomada de decisões. Conseguiu estancar as iniciativas contrárias ao interesse público, e contrárias à correta utilização dos recursos púbicos?
Sérgio
- Procurei fazer a minha parte e por isso hoje durmo com a consciência mais do que tranquila. Deparei-me com muitos vícios e com intenções escusas, mas tive respaldo e contei com o trabalho sério de pessoas da comissão, entre as quais, a retaguarda da assessoria jurídica da Prefeitura, na pessoa da advogada Maria Cristina Dias.

Foram divulgadas informações que sinalizam eventuais falhas no regime de contratação dos shows. A decisão pela inexigibilidade de licitação, por exemplo, tem um documento assinado por você e pela Secretária Municipal de Cultura e Turismo. Você teve assessoramento para essa decisão? De que maneira isso foi encaminhado para que você, na condição de presidente da Comissão Organizadora, endossasse essa iniciativa?
Sérgio
- Esta é uma situação que também me traz tranquilidade. Primeiro porque o vereador que divulgou este fato, antes de ter conhecimento do mesmo, saiu denegrindo a imagem da comissão, acusando membros de ladrões. Mas este caso de calúnia está na Justiça. Digo que fico tranquilo porque todos os artistas foram cotados pela comissão. Ficamos mais de dois meses pesquisando artistas, empresários, preços e os melhores nomes para o evento. Depois dos valores cotados e dos artistas definidos pela comissão é que contratamos uma empresa para gerenciar os contratos, uma vez que a Prefeitura não tinha dinheiro para arcar com o pagamento de 50% exigidos pelos artistas nas assinaturas dos contratos. A empresa contratada em questão teve custo zero para a comissão, apenas gerenciou a relação entre comissão e artistas, nos trazendo tranquilidade, pois se tratavam de artistas de renome e de difícil trato.

A comissão, formada por pessoas externas à Administração Municipal – como você, que a presidiu – e por pessoas da própria estrutura da Prefeitura, foi surpreendida por essa situação de demora no pagamento de fornecedores, gerando todo esse desgaste à imagem do evento e da cidade? O que você tem dito a esses parceiros? Eles estão solidários a você?
Sérgio
- A comissão da ExpoVerde é gigantesca, com mais de 100 pessoas. Mas no dia a dia, ali, há mais de um ano, tive pessoas como Luciana Bellusci, Marcos Lama, Armando Citelli, Ismael Meirelles, Furtado, Alessandro dos Santos, e outros ao meu lado. Pessoas sérias, que amam e se dedicam ao evento. Coloco minha mão no fogo por essas pessoas, pois sei que não fizeram absolutamente nada de errado. Esta situação da Prefeitura, claro, nos deixa chateados, pois realizamos a maior festa de todos os tempos e gostaríamos de que tudo fosse resolvido com a mesma seriedade. Digo que o que importa é a nossa consciência. Fizemos a nossa parte e há situações diversas às nossas vontades.

Muitas pessoas, empresários e parceiros aderiram à ExpoVerde em razão da sua credibilidade pessoal e profissional. O que tem a dizer a essas pessoas que apostaram em você?
Sérgio
- Meu eterno agradecimento e tenho a certeza de que nenhum investidor está arrependido. Esta situação financeira pendente, que tenho certeza será resolvida, não pode apagar o brilho da festa. Foram mais de 120 mil visitantes, as entidades arrecadaram quase R$ 100 mil para seus cofres, tivemos uma festa diferente, organizada, linda visualmente e elogiada dentro e fora do Estado. Recebi inúmeros emails de pessoas distantes que visitaram a festa. Adamantina, o seu povo, estão de parabéns. A ExpoVerde é do povo, é da cidade e precisa estar acima de interesses particulares e políticos. Por isso a defendo. Sinto-me honrado em presidir esta festa e saiu dela de cabeça erguida. Tenho, graças a Deus, muita gente que confia no meu trabalho. E jamais jogarei fora esta credibilidade conquistada com muito suor.

Por todos os resultados positivos da ExpoVerde deste ano, você já é sondado para presidir a edição de 2016. Disposto a esse desafio, ou considera que já deu sua contribuição?
Sérgio
- Confesso que gostaria de presidir mais um ano para acabar de corrigir muita coisa e deixar ainda mais a minha contribuição para Adamantina, sanando situações e firmando a ExpoVerde como o maior evento da Alta Paulista. Motivo de orgulho para todos que amam esta cidade. Sei que podemos fazer uma festa ainda melhor. Mas esta situação em que se encontra a Prefeitura me desanima e desanima os demais membros da comissão. Fico triste em ver gente séria, que se dedicou sem ganhar um centavo, estar hoje de cabeça baixa, mesmo com o sucesso da festa. Fico desanimado porque vejo de um lado a inércia de pessoas de peso de nossa comunidade frente aos acontecimentos políticos, e de outro lado, maldosos espalhando mentiras e afetando sem medo a integridade de outros. As pessoas desta cidade precisam dar mais as mãos. Não só em relação à ExpoVerde, mas em relação a tudo. A ExpoVerde só foi um exemplo de que quando se quer se faz, com união e determinação. Sobre presidir a ExpoVerde 2016 hoje minha resposta é não. Mas posso mudar de decisão, caso me provem que haverá maior comprometimento do Poder Público em nos respaldar, não com dinheiro, mas com seriedade. Agradeço esta entrevista, oportunidade de expor meus pensamentos e esclarecimentos. Fico à disposição de qualquer órgão de imprensa e de qualquer pessoa. Como disse, tenho a minha consciência tranquila e a certeza de que tudo será resolvido. Agradeço a todos que torceram e ainda torcem para que o nome de Adamantina esteja a frente de qualquer outro interesse.
 

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