Reflexões Matutas

Adamantina, trânsito e política: o que é que tem a ver?

O trânsito de Adamantina sob a perspectiva de um pedestre.

Victor Hugo S. Souza | Historiador, professor, entusiasta das causas regionais e pauliceiense | profvictor97@gmail.com Colunista
Victor Hugo S. Souza | Historiador, professor, entusiasta das causas regionais e pauliceiense | profvictor97@gmail.com
Centro de Adamantina (Foto: Siga Mais). Centro de Adamantina (Foto: Siga Mais).

Quer conhecer o caráter de uma pessoa? Dê poder a ela! Disse uma vez o presidente estadunidense Abraham Lincoln. Embora o presente texto se inicie com a indagação supracitada, as reflexões a seguir não estão tão atreladas ao mandatário norte americano. Tem a ver com vivências cotidianas, percepções simbólicas do pensamento de um povo, um ideário que se manifesta em quase tudo, inclusive no trânsito da “Cidade Joia”.

Provavelmente os pedestres adamantinenses, ou mesmo visitantes e turistas já tenham se deparado com tais situações por um bocado de vezes. Andar a pé por Adamantina configura uma verdadeira arte, que demanda saberes e habilidades um tanto quanto específicas da urbe. Para iniciar esse debate é preciso antes de tudo que saibamos o que é um carro. E ele, o que é? Facilmente qualquer cidadão responderia que é um veículo, um meio de transporte, uma máquina etc., mas o que mais ele é?

O carro é um elemento político, não de caráter político partidário fazendo menção ao partido X ou Y, porém é símbolo político que remete ao ideário de poder. O ser que guia essa máquina coloca-se no topo de uma hierarquia imaginária, ele está legitimado pelo inconsciente coletivo e, nesse sentido, que grupo representa os subordinados? O pedestre, é claro!

A sinalização é clara, há faixas de pedestres dispostas por toda a cidade, mas há uma força supralegal no cidadão adamantinense, ou quiçá um daltonismo generalizado, que impede ao sujeito visualizar o contraste entre a cor do asfalto e as listras brancas. Essa verticalidade no ego do motorista adamantinense, com toda certeza, não é endêmica, mas se potencializa na localidade. Talvez a dureza do adamantium gere certa dificuldade aos nativos para que se dobrem diante da lei.

Sim, é óbvio que jamais se deve generalizar e que deve haver muitas exceções na cidade. Até o presente momento isso não foi negado, nem tampouco será. Mas quantos e quantos já não quase foram atropelados ao tentarem atravessar o cruzamento entre a avenida Rio Branco e a rua Osvaldo Cruz ou mesmo à altura da rua Deputado Sales Filho? Para que não se diga que o problema se restringe ao centro comercial da cidade, não é difícil trazer à memória o mesmo fenômeno acontecendo na intersecção da avenida Ademar de Barros com a alameda Padre Nobrega.

É como se não existissem faixas de pedestres e mesmo esses, já acostumados com o andar da carruagem, aparentam não questionar o problema. Por vezes se espera um bom tempo até que se tenha certeza que nenhum veículo te atropelará, mesmo sobre a área demarcada para que você transite. Em alguma medida, o espírito da grande Adamantina, comum entre as décadas de 1940 e 1960, aparenta ainda pairar sobre a cidade.

Aos caminhadores, sejam esses por gosto ou por necessidade, certamente não é indicado que arrisquem vossas vidas nas faixas de pedestres, mas que reivindiquem e ocupem o direito de ir e vir em segurança, algo conquistado a duras penas. Por isso, clamo: transeuntes de Adamantina, uni-vos!

O debate não pode ficar somente entre nós, reles cidadãos. É preciso que ele adentre a Câmara e a Prefeitura Municipal. Quais os custos para o poder público para que se faça um programa de reeducação dos motoristas? E diante dessa resposta, qual o custo benefício, considerando o bem-estar da população local? Genericamente tratando do tema, não há preço, logo, basta a articulação da sociedade civil junto ao poder público para que caminhar pela zona urbana da “Joia da Alta Paulista” não seja mais uma atividade de risco.

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