Denominar ou não denominar? Eis a questão!
Um breve texto sobre a proposta de denominação do Campus II da UNIFAI.

“A prática de nomear ruas, monumentos e prédios é uma atividade menos inocente do que se costuma supor. Um olhar atento constata que esse processo é caracterizado pelo esforço de perenização da memória de personagens e fatos da história nacional ou local. ”
(DIAS, 2000, p. 103)
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Na última quarta-feira (09), acabei acompanhando presencialmente a Sessão Ordinária da Câmara da terrinha. Dentre os projetos a serem apreciados em Discussão única, constava o PDL nº 062/2020 – de autoria dos Vereadores Acácio Rocha Perez Guerrero, Alcio Roberto Ikeda Júnior, Aguinaldo Pires Galvão, Eder do Nascimento Ruete, Eduardo Rodrigues Fiorillo, Hélio José dos Santos, João Davoli, Maria de Lourdes Santos Gil e Paulo César Cervelheira de Oliveira – que “Dispunha sobre a alteração da denominação da Biblioteca Pública Municipal de Adamantina de Cônego João Baptista de Aquino para Jurema Gomes Moreira Citeli”. Conforme já divulgado por todos os canais da imprensa local, tal PDL fora aprovado por unanimidade e segue para a sanção do Prefeito.
Pois bem, da mesma maneira que por aqui escrevi anteriormente, justifico que não haveria melhor maneira de homenagear tão querida pessoa. Da mesma forma, que em hipótese alguma a memória do Cônego João Batista de Aquino, seria esquecida. Haja vista que, outras homenagens se fazem presentes ao mesmo na terrinha. Pois bem, aplaudo e congratulo a Câmara Municipal de Adamantina, pela acolhida ao desejo de muitos dos moradores daqui.
No entanto, e aqui cabe a outra parte do texto de hoje, outro PDL ganhou os holofotes nos últimos dias. O Projeto de Lei nº 061/2020 – PM – que “Dispõe sobre a denominação do Campus II do Centro Universitário de Adamantina – UNIFAI de ‘Prefeito Tino Romanini’”. Cabe destacar que o mesmo foi retirado da votação na última sessão, tendo em vista que muitos moradores não concordaram com tal homenagem ao referido ex-prefeito, naquele local.
Conforme já relatado em outrora, pesquisei o surgimento da FAFIA e da FEO em Adamantina, em minha graduação em história. Muitos foram os personagens envolvidos na instalação da FAFIA. E claro, o ex-prefeito Tino, também foi peça fundamental em sua instalação, assim como os Profs. Gilson João Parisoto, Antonio Jorge, Cássio Stersi dos Santos, entre outros tantos professores e funcionários.
Há de ressaltar que em seu início, fins da década de 1960, a FAFIA (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina), passou por inúmeras dificuldades (financeiras e estruturais) que em muitos momentos precisaram e nem sempre foram sanadas pela Prefeitura Municipal à época. Foram tempos díficeis, que estes e outros tantos, que os vivenciaram, conseguiram superar.
Com o passar dos anos, surgiu a FEO (Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia), que como uma “irmã” agregou a FAFIA novos cursos e novas oportunidades. E assim, FAFIA e FEO cresciam, juntamente até a sua unificação em 1997, como FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas).
Daí pra frente a história já conhecida, vieram novos cursos e novas transformações, e não nos cabe por aqui mencionar este ou aquele gestor ou político. No entanto, ambos os personagens da discussão em questão (Tino e Gilson) fazem jus a tal homenagem (e não só eles, que fique bem claro!). Ah... E só para lembrar, temos 3 campi universitários por aqui.
Outro ponto, (sabemos que não é necessário, mas...) que tal tentar ouvir os principais envolvidos, a UNIFAI, através de seus Gestores, Professores e Funcionários. Talvez um questionário interno resolvesse tal “pendenga”. A partir do mesmo, poderiam sair as possíveis definições de locais e homenagens. E claro, sem desmerecer este ou aquele personagem.
Enfim, penso que muitos “dissabores” como esse, poderiam ser evitados, se o “povo” e os “principais envolvidos” fossem mais “ouvidos”. Vamos aguardar!
Tiago Rafael dos Santos Alves
Professor, Historiador e Gestor Ambiental
Membro Correspondente da ACL e da AMLJF