As marcas de uma pandemia por aqui
Um breve relato sobre algumas situações oriundas do atual cenário de pandemia.

“Prefiro a angústia da busca do que a paz da acomodação”.
Dom Resende Costa
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Em meio aos atuais “tempos obscuros pós-coronavirais” tenho visto algumas publicações nas ditas “Redes Antissociais” sobre este ou aquele assunto. No entanto, uma delas acabou me chamando a atenção. Tratava-se da estátua do saudoso “Cônego João Batista de Aquino”, ex-padre e ex-prefeito da terrinha, com uma máscara no rosto.
Para quem não sabe ou não se lembra, a Praça José Costa (Praça da Estação) possui duas estátuas (bustos) de políticos locais. Uma do saudoso ex-vereador e membro da colônia japonesa, Ihity Endo e a outra do Cônego, conforme mencionado acima.
Pois bem, ainda sobre a referida imagem, poderia até parecer engraçado, se a imagem fosse em outro momento ou em outra época. Mas, como se sabe, infelizmente, passamos dos 100 mil mortos pela Covid-19. E tal imagem nos traz apenas reflexões e lembranças daqueles que se foram por conta dessa pandemia. Inclusive por aqui.
Nós, historiadores, como já relatado em outros textos e afins, temos como ofício, a análise, a problematização, a desconstrução de inúmeras fontes, a fim de chegarmos a resultados não abordados e/ou não conhecidos pela maioria.
E nesse sentido, fico a me perguntar: Como retrataremos o ano de 2020 para a posteridade, a partir do que vivenciamos? Uma foto? Um vídeo? Um relato de alguém? Uma estatística? Quem sabe... Um dia, num futuro próximo, estaremos analisando “postagens” feitas nas redes sociais, por este ou aquele personagem, tentando reconstruir e/ou analisar o que estamos vivenciando no hoje!
Proponho um exercício visual: Se você der uma breve passada pelas ruas e calçadas, com certeza conseguirá ver marcas físicas de tudo isso. Calçadas com marcas de distanciamento, lojas com portas entreabertas ou mesmo fechadas e até mesmo objetos que a alguns meses sequer imaginávamos que um dia utilizaríamos para sair de casa.
E assim caminhamos para uma “nova realidade dentro de um novo normal”. Que as marcas, hoje vísiveis, desse presente “obscuro”, logo possam ser apagadas ou pelo menos amenizadas! Que assim seja!
Tiago Rafael dos Santos Alves
Professor, Historiador e Gestor Ambiental
Membro Correspondente da ACL e AMLJF
(Foto: Siga Mais).