Opinião

Perda de audição e o risco aumentado de demência

Perda auditiva já na meia idade provoca mudanças no funcionamento do cérebro.

Anna Caroline S. de Oliveira Gasparini | Fonoaudióloga Colunista
Anna Caroline S. de Oliveira Gasparini | Fonoaudióloga
(Imagem: Franco Antonio Giovanella/Unsplash) (Imagem: Franco Antonio Giovanella/Unsplash)

Segundo o primeiro Relatório Mundial da OMS sobre a audição existem 1,5 bilhão de pessoas no mundo que vivem com certo grau de deficiência auditiva (OMS, 2021). No Brasil o número de pessoas com perda de audição é de mais de 10 milhões, atingindo homens e mulheres de todas as idades, sendo os idosos os mais acometidos (Instituto Locomotiva a partir da PNS 2013 e PNAD 2017).

É cada vez mais comum no depararmos com pessoas que apresentam dificuldades para escutar a televisão, para compreender a fala em um ambiente ruidoso, ou até mesmo com a queixa de que escuta, mas não entende. E nestes casos, as pessoas podem apresentar alguma deficiência auditiva sendo necessária intervenção imediata para diminuir o risco para outras doenças.

Ouvir vai além de apenas escutar o som com as orelhas, pois, para localizar a fonte sonora, perceber sons, discriminar e compreender uma informação sonora é fundamental que o Sistema Auditivo esteja íntegro e trabalhando em sincronia. Segundo Musiek 1988, a audição seria como os ouvidos conversam com o cérebro e como o cérebro compreende o que os ouvidos lhe contam.

Um estudo australiano (FORD et. al.,2018) mostrou que a perda auditiva já na meia idade é capaz de aumentar o risco de demência, pois provoca mudanças no funcionamento do cérebro além das áreas auditivas e que por meio da intervenção precoce é possível mudar esse risco.

Devido à perda de audição, o indivíduo deixa de receber estímulos auditivos como o som do vento, de folhagens, passos de outras pessoas, vozes e consequentemente o cérebro também deixa de receber estes estímulos podendo desenvolver ou agravar algum tipo de demência. Desta forma, avaliar a audição no início dos sintomas trará benefícios, pois é possível começar imediatamente a reabilitação. Portanto, o uso de aparelhos auditivos pelo indivíduo que apresenta perda auditiva auxiliará na recuperação das habilidades auditivas, estimulando o sistema auditivo diminuindo assim o risco para demência.

Desta forma, precisamos explicar aos familiares e amigos que, atualmente, os aparelhos auditivos possuem uma excelente tecnologia e cada pessoa necessita de uma regulagem, ajustes específicos para que volte a escutar sons que com a perda auditiva não são capazes de ouvir e que a falta de estimulação sonora pode acarretar em problemas cognitivos, como de memória, atenção e raciocínio. Portanto, se você conhece alguém ou se você apresenta algum tipo de dificuldade auditiva consulte seu médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo para uma avaliação e assim buscar uma solução imediata.

Anna Caroline S. de Oliveira Gasparini. Fonoaudióloga e mestre em fonoaudiologia. Especialista em audiologia. (CRFa 2 – 19952). Contato: @centroauditivogasparini

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