Dória prorroga quarentena estadual até 10 de maio
Governador amplia quarentena até 10 de maio e mantém restrições em todo o Estado de SP.

Em pronunciamento no Palácio dos Bandeirantes no início da tarde desta sexta-feira (17), o governador João Dória (PSDB) prorrogou a quarentena estadual até o dia 10 de maio. A medida está prestes a completar um mês, de restrições ao comércio, serviços e outros setores, e à circulação de pessoas, para desacelerar o contágio pelo novo coronavírus (Covid-19).
A quarentena estadual começou a vigorar em 24 de março, inicialmente com efeitos até 7 de abril, quando na véspera de encerrar esse prazo o governador decidiu prorrogar para mais duas semanas, o que se encerraria na próxima quarta-feira (22).
Em suas justificativas, Dória destacou que a medida restritiva segue recomendações técnicas diante das projeções de um pico de contágio por Covid-19, pontuando que, sem distanciamento social, a previsão de aceleração no número de casos vai provocar sobrecarga dos serviços de saúde e pode ampliar, de maneira expressiva, o número de mortos. “A atitude responsável do Governo do Estado de São Paulo é pela prorrogação desta quarentena e evitar o colapso no atendimento da saúde pública e privada. São Paulo acredita na ciência e nos médicos”, afirmou Doria. “Para reabrir o comércio e os serviços, nós precisamos controlar melhor a contaminação e ter o sistema de saúde em condições de atendimento para salvar vidas”, disse Dória.
De acordo como o Coordenador do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, o médico infectologista David Uip, a decisão do grupo de 15 especialistas em medicina e ciência foi unânime pela prorrogação da quarentena. “Esta manutenção é absolutamente fundamental tanto do ponto de vista da área metropolitana da capital como os da Baixada Santista e do interior. Há a falsa impressão que a doença se limita à Grande São Paulo”, disse Uip. “As medidas atuais são efetivas e estão adequadas para este momento”, acrescentou.
Comércio agoniza
De um lado as questões sanitárias. Do outro, os reflexos econômicos e sociais que já repercutem na vida dos cidadãos. A nova decisão anunciada por Dória mantém o isolamento da população e atividade econômica paralisada, sendo asseguradas apenas as atividades essenciais.
Esse ambiente faz o comércio agonizar, com fechamento definitivo de muitas empresas, endividamento e demissões de trabalhadores. Em Adamantina, os reflexos econômicos e sociais das medidas restritivas têm sido destacados pelo Sincomercio Nova Alta Paulista.
Nesta quinta-feira (16) o Siga Mais publicou sobre o tema, em reportagem onde destaca a saída do Sincomercio do Comitê de Contingenciamento Covid-19, instalado pela Prefeitura de Adamantina. O sindicato reconheceu as medidas sanitárias, mas pede socorro também à atividade econômica.
Sem respostas da Prefeitura, o Sindicato deixou o Comitê e pontuou críticas à ausência de iniciativas da Prefeitura em apoio ao setor. “Entendemos ser sim primordial salvar vidas, mas entendemos que salvar vidas é também garantir emprego, renda e comida às famílias do nosso município. O fechamento de empresas e o desemprego em massa, com toda certeza, trará consequências graves como fome, desesperança, doenças diversas, aumento da violência, além de inúmeros outros problemas que poderíamos aqui citar e que chegarão de alguma forma ‘na porta’ do Poder Público”, pontou Sérgio Vanderlei, presidente do Sincomercio (leia mais). (Continua após a publicidade...)
Quase 12 mil casos em SP em um mês
No período de um mês desde o primeiro registro de morte provocada pelo coronavírus em São Paulo, o Estado registrou 11.568 casos confirmados de Covid-19 e 853 mortos pela doença. São Paulo é o epicentro das contaminações por coronavírus no Brasil – o país registrava 30.425 infectados e 1.924 mortes até quinta (16).
Também nos últimos dias, o número de casos de contaminação pelo coronavírus aumentou a pressão sobre os hospitais públicos e privados, principalmente na rede privada. A taxa de ocupação de leitos de UTI já alcança 60% nas regiões metropolitanas da capital, litoral e interior. Algumas unidades da Grande São Paulo já atuam perto do limite de atendimento.
Outro sinal de alerta para a extensão da quarentena, segundo sustenta o governo paulista, foi a queda do índice de isolamento social tanto na média estadual como na medição específica da capital. Na última quinta (16), o Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP), operado em parceria entre operadoras de telefonia móvel e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) da USP, ambos os índices atingiram apenas 49% - a taxa considerada ideal é de 70%.
O Governo de São Paulo também vai intensificar as orientações educativas da Vigilância Sanitária do Estado, com apoio da Polícia Militar e de agentes municipais de fiscalização. Ao longo desta semana, a fiscalização de estabelecimentos que descumpriam a quarentena foi concentrada na Grande São Paulo.