Opinião

Violento, manso ou aproveitador: eles fazem parte da história

“No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam” (Carlos Drummond de Andrade).

Por: Nivaldo Londrina Martins do Nascimento
Violento, manso ou aproveitador: eles fazem parte da história

Terezinha de Jesus/ Deu uma queda e foi ao chão/ Acudiram três cavalheiros/ Todos três chapéu na mão/ O primeiro foi seu pai/ O segundo seu irmão/ O terceiro foi aquele/ Que Tereza deu a mão... Essa inocente cantiga de roda retrata bem a época do romantismo, quando as virgens eram pálidas e os poetas, além de ébrios, gostavam de cemitérios; e ambos, quase sempre, morriam de tuberculose.

Todavia, engana-se quem pensa que tudo eram flores. Naqueles tempos já existia um personagem que, não raro, alterava o rumo das coisas. Talvez isso explique porque nem todas as donzelas e nem todos os poetas morriam de tuberculose. Como era absolvido pela justiça em nome da legitima defesa da honra, esse vilão (ou vítima?) não hesitava em matar a amada e, se tivesse oportunidade, o rival. Foi assim que surgiu o corno violento, que além de corno, era assassino.

O corno violento, muitas vezes, não se contentava em matar a mulher, também a esquartejava. Os mais violentos, após esquartejarem-na, distribuíam os pedaços em diferentes lugares. Nas regiões de mulheres bonitas, não era difícil alguém encontrar num canavial, à beira de um carreador, nas gramas de um campinho de futebol, ou mesmo boiando nas águas de um rio o resultado do esquartejamento: uma cabeça, um tronco ou membros. Com o passar dos anos e com a mudança das leis, o corno violento foi se tornando escasso e, dessa forma, surgiu o corno manso.

O corno manso, hoje em dia, é o mais abundante e, portanto, o mais popular. Segundo as más línguas, todo homem apaixonado por uma mulher bonita pode ser, mesmo que em pensamento, um corno manso. A mansidão, por sua vez, tem dupla manifestação. Existem os mansos conscientes, que não causam muitos estragos e os mansos inconscientes, que são os mais frequentes, e que sofrem menos. Não menos que o corno aproveitador, que costuma tirar vantagem da situação.

O corno aproveitador é o pior da espécie. Exerce a função tão bem, com tanta e tamanha dedicação, que deveria ser considerado negociante. Exemplos não faltam. Há os que costumam ir viajar para facilitar a vida dos amigos, os que colocam a perereca para encantar autoridades, a fim de tirar algum proveito e os mais “audaciosos”; aqueles que gostam de ver a mulher com outro, ou com outros. E assim, os cornos, sejam eles violentos, mansos ou aproveitadores, vão fazendo parte da história da humanidade.

Obs: Publiquei este texto pela primeira vez em 2005. Como na época algumas pessoas ficaram furiosas, espero que depois de dez anos a “cabeça” delas tenha mudado. 

Nivaldo Londrina Martins do Nascimento é servidor público e jornalista profissional (Mtb – 35.079/SP).

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