Senado, impeachment e os números
O cenário polÃtico brasileiro atual, sob a apreciação do impeachment contra a presidente Dilma, e a história.

Certa vez disse o filósofo James Ladyman, da Universidade de Bristol do Reino Unido: “pode ser menos enganoso dizer que o universo é feito de matemática do que dizer que é feito de matéria”. Já o físico Brian Greene, da Universidade Columbia, Nova Iorque (EUA), completou: “Talvez por que a matemática seja a realidade”. (Fonte: site Hype Science)
Neste texto o que faço é relatar alguns números, eles podem guardar a realidade do futuro da política brasileira, num dos acontecimentos mais importantes deste século na política de nosso país.
Primeiramente, quais os números do Senado? O Senado Federal compõe, juntamente com a Câmara Federal dos Deputados, o Congresso Nacional. Ambos formam o Legislativo Federal do Brasil, pilar da nossa democracia parlamentar. Composto por 81 senadores, 03 por estados da Federação. O Senado é a câmara alta do Congresso e a eleição é majoritária, com mandato de 08 anos, mas com eleição intercalada a cada 04 anos. Encontra-se na 55ª. legislatura, sendo a 1ª. ocorrida em 1826.
Quantas cadeiras cada partido detêm no Senado? A atual composição do Senado, de acordo com a distribuição de cadeira por partidos, encontra-se distribuída da seguinte maneira: DEM (04), PC do B (01), PDT (03), PMDB (18), PP (06), PPS (01), PP (04), PRB (01), PSB (07), PSC (01), PSD (04), PSDB (11), PT (11), PTB (03), PTC (01), PV (01), PV (01), REDE (01), Sem partido (03), de acordo com o site do Senado Federal do Brasil.
Após o juízo de admissibilidade aceito pela Câmara Federal, por 367 votos favoráveis e 137 contra, 07 abstenções e 02 nulos (ausências), o processo de impeachment seguiu para o Senado, que atuará como principal responsável pela função de processar e julgar.
Dentre as funções do Senado, destaca-se a que mais se encontra em pauta no momento, qual seja, processar e julgar crimes de responsabilidade, relativo aos seguintes cargos do Executivo Federal: Presidente da República, Vice Presidente, Ministros do Supremo Tribunal Federal, Membros do Conselho de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, Procurador-Geral da República, Advogado-Geral da União e, nos crimes conexos ao Presidente e Vice, Ministros de Estado, Comandantes das Forças Armadas, de acordo com o nosso ordenamento jurídico pátrio.
O Senado processa e julga crimes de responsabilidade. Ou seja, mediante uma votação dos senadores decide-se o impeachment do Presidente da República, se o crime em questão for referente ao Presidente.
O processo de impeachment no Senado atualmente, encontra-se na fase de instalação da comissão do impeachment, que deve durar 12 dias, que analisará a denúncia recebida da Câmara. Caso a maioria simples do Senado (41 votos) votar favorável que o processo deva continuar, o Presidente da República é afastado por até 180 dias e o vice-presidente assume. Posteriormente para ser aprovado o impeachment são necessários 54 votos favoráveis do total da câmara alta.
E os números na história do impeachment? O impeachment existe historicamente a mais ou menos 400 anos e nasceu na Inglaterra, em alguns casos o Senado absolveu os presidentes já em outros foi implacável. Alguns chefes de estado de países democráticos passaram por esse processo, nos anos de 1621, 1868, 1974, 1992, 1993, 1999. Nos 06 casos observados abaixo, 02 conseguiram ser absolvidos, enquanto 04 caíram.
Os primeiros a sofrerem impeachment foram os ministros dos monarcas, posto que os monarcas fossem representantes de Deus na terra e não podiam responder pelos crimes. Francis Bacon em 1621 na Inglaterra, equivalente ao primeiro ministro hoje, foi impedido pelo parlamento e afastado do cargo. Em 1868 nos Estados Unidos da América, Andrew Johnson, vice-presidente de Abraham Lincoln, foi processado na Câmara Federal que deu juízo de admissibilidade favorável, porém no Senado, por diferença de um voto, escapou do impeachment. Outro caso famoso foi Richard Nixon em 1974, no caso Watergate, quando sofreu o processo de impeachment, mas renunciou antes. Também nos Estados Unidos, Bill Clinton, em 1999, foi absolvido pelo Senado. Fernando Collor de Melo foi um dos primeiros presidentes latino-americano a sofrer impeachment, fato ocorrido em 1992 no Brasil. Na Venezuela, em 1993, o Presidente Carlos Andrés Perez sofreu também o processo de impeachment e seu cargo foi cassado.
Futuramente, saberemos o desdobramento de mais um processo de impeachment. Mas até lá os números mais debatidos na mídia de agora em diante serão 81, 42, 180 e 55, pois apenas eles têm guardado a realidade desse segredo. De acordo com a pesquisa realizada pela Veja. Com Brasil, até o dia 21 de abril, 45 dos senadores são a favor, 05 indecisos, 11 sem resposta e 20 contra o impeachment.