Projeto leva alunos de quatro cursos da FAI a campo para estudar geociências e impactos ambientais
Excursão didática percorreu municÃpios do interior paulista.

Nos dias 11 e 12 de outubro, alunos dos cursos de agronomia, biologia, história e pedagogia do Centro Universitário de Adamantina – FAI participaram de uma intensa excursão didática interdisciplinar, como parte do Projeto Brotas, coordenado pelo Prof. Dr. José Aparecido dos Santos, doutor em geografia. O objetivo da atividade foi proporcionar aos estudantes uma experiência prática de campo, aprofundando o estudo de rochas, solos, relevo, hidrografia, cobertura vegetal e impactos ambientais.
A proposta está fundamentada na metodologia do pedagogo francês Célestin Freinet, que defende a natureza como uma poderosa ferramenta pedagógica. “A vivência em campo permite ao estudante perceber, com os próprios olhos, processos geográficos, ambientais e históricos que muitas vezes ficam abstratos nas aulas teóricas”, explica o Prof. José Aparecido.
Projeto Brotas (Cedida).
A primeira parada foi no limite entre os municípios de Herculândia e Quintana, onde os estudantes analisaram um afloramento de rocha sedimentar arenítica, pertencente ao Grupo Bauru — formação geológica que cobre cerca de 40% do território do interior paulista. “A partir da decomposição desse arenito, forma-se o Argissolo Vermelho-Amarelo, solo predominante na região. Compreender esse processo é essencial para alunos de Agronomia, Biologia e Geografia”, acrescenta o professor.
Na cidade de Garça, os alunos visitaram nascentes que alimentam as bacias hidrográficas dos rios Aguapeí (ou Feio) e Peixe, além da Estação de Tratamento de Esgoto do Córrego Tibiriçá. A atividade reforçou a importância das bacias hidrográficas como unidades de planejamento e preservação ambiental, tema discutido desde a ECO-92.
Projeto Brotas (Cedida).
Em Bauru, considerada a “capital da erosão urbana”, foi observada uma feição erosiva próxima à nascente do Córrego Água Comprida, que ameaça um condomínio residencial. O grupo também visitou áreas de recomposição vegetal do cerrado, o Zoológico Municipal e o Parque Ecológico.
No trajeto até Brotas, onde os alunos se alojaram, observou-se a transição entre o Planalto Ocidental Paulista e as Cuestas Basálticas, com destaque para os afloramentos de basalto, rocha magmática cuja decomposição origina o solo Terra Roxa. “Essa transição geomorfológica é fundamental para compreendermos a organização do relevo paulista e suas implicações na agricultura e no uso da terra”, explica o coordenador.
No segundo dia, as atividades continuaram na Serra de São Pedro, na divisa entre Brotas e São Pedro-SP. A região marca a transição entre o relevo de cuestas e a Depressão Periférica Paulista, evidenciando as diferenças de formas e de amplitude da paisagem. “Foram dois dias intensos de observação, análise e vivência. Atividades como essa são fundamentais para consolidar o aprendizado e promover uma formação crítica, sensível e conectada à realidade do território”, afirma o professor.
Projeto Brotas (Cedida).
A excursão contou com apoio da Reitoria da FAI, dos coordenadores dos cursos envolvidos e de professores das respectivas áreas. “Agradeço à direção da FAI e à coordenação do curso de Agronomia, que sempre valorizam e apoiam as atividades de campo como parte essencial da formação universitária”, finaliza o Prof. Dr. José Aparecido dos Santos.