Ensino

Estudantes de medicina da FAI cobram definição sobre internato; autarquia se manifesta

Alunos cobram critérios para definição do internato, sobretudo pelo impacto na aprendizagem prática.

Por: Da Redação atualizado: 19:14
Grupo de estudantes em frente ao Paco Municipal na noite de segunda-feira. (Imagens: Diego Fernandes/AdamantinaNet/Folha Regional). Grupo de estudantes em frente ao Paco Municipal na noite de segunda-feira. (Imagens: Diego Fernandes/AdamantinaNet/Folha Regional).

Alunos do 8º termo do curso de medicina do Centro Universitário de Adamantina (FAI), identificados como turma 8, realizaram um manifesto público na última segunda-feira (4) em frente ao Paço Municipal, e depois ocuparam o plenário da Câmara Municipal, onde acontecia sessão legislativa ordinária. Eles também divulgaram uma nota onde denunciam incertezas quanto à estrutura do internato médico — etapa final da formação universitária.

No documento, os estudantes relatam preocupação com a qualidade do ensino, cobram definição por parte da instituição e alegam que o impasse representa um risco não apenas à formação dos futuros médicos, mas à segurança da população que será atendida por esses profissionais.

(Imagem: Diego Fernandes/AdamantinaNet/Folha Regional).

Após a manifestação uma reunião foi realizada no dia seguinte (5) no gabinete do prefeito de Adamantina, com representantes dos estudantes, da FAI e vereadores. O Siga Mais solicitou posição da FAI sobre as questões reclamadas pelos estudantes. A instituição se manifestou em nota.  

A pauta dos estudantes

Segundo o texto da nota distribuída pelos estudantes, desde o início do curso teria sido compromissado junto aos alunos um internato dividido entre seis meses em Adamantina, na atenção primária, e um ano e meio em São Carlos, onde, de acordo com os estudantes, existe uma rede de saúde consolidada para práticas clínicas.

No entanto, conforme os estudantes, a FAI estaria revendo esse modelo, propondo manter os alunos por um ano inteiro em Adamantina. Segundo eles – diz a nota – essa nova situação nunca havia sido feita com nenhuma das turmas anteriores. “Agora, por motivos judiciais, políticos e financeiros, a direção da instituição quer nos manter 1 ano inteiro em Adamantina — algo nunca antes feito por nenhuma turma. Seríamos um experimento, mas com a diferença cruel de que não estamos lidando com peças de laboratório: são vidas humanas e uma formação profissional que não pode ser feita pela metade”.

Os estudantes alegam que em Adamantina não haveria infraestrutura adequada para sustentar o internato exclusivamente na cidade. “O discurso institucional fala em reformar a Santa Casa, abrir um posto de especialidades e reorganizar atendimentos. Na teoria é bonito, mas na prática, mesmo nos estágios atuais (que ainda nem são o internato), vivemos a realidade da falta de pacientes. Há especialidades sem atendimento algum; grupos de 12 alunos atendendo apenas 2 pacientes; horas de ociosidade; estágios encerrando mais cedo por falta de demanda”, segue o texto.

(Imagem: Diego Fernandes/AdamantinaNet/Folha Regional).

Apesar da colocação crítica quanto ao internato, os estudantes reiteram em nota serem favoráveis aos investimentos na estrutura da saúde local. “Queremos deixar claro: não somos contra melhorias. Somos contra decisões improvisadas, sem planejamento e que prejudicam a qualidade da nossa formação e colocam vidas em risco. Um médico mal treinado não é apenas um prejuízo acadêmico — é um perigo para toda a sociedade”, prosseguem na nota.

O grupo também critica a ausência de respostas por parte da direção da instituição. Eles afirmam que a reunião decisiva sobre o internato, prevista para segunda-feira (4) não teria ocorrido. No começo da noite realizaram a manifestação pública.

O manifesto finaliza com um apelo à imprensa, à população de Adamantina, às famílias e autoridades para que deem atenção à situação enfrentada pelos estudantes. “Não é apenas por nós. É pela saúde de todos”, conclui o grupo.  

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O que diz a FAI

Sobre as demandas pontuadas pelos estudantes o Siga Mais procurou a FAI. Em nota ao Siga Mais, nesta quarta-feira (6) a instituição dez suas considerações sobre a pauta relacionada ao internato. Veja na íntegra o posicionamento da autarquia:

“O Centro Universitário de Adamantina (FAI), em atenção ao comunicado divulgado por alguns alunos da Turma 8 de Medicina, vem a público esclarecer os fatos e reafirmar seu compromisso com a qualidade da formação acadêmica e o bem-estar de seus discentes.

A FAI assegura a todos — especialmente aos alunos e suas famílias — que nenhum estudante será encaminhado para um internato que não ofereça estrutura completa e segura. Compreendemos as preocupações e reforçamos que a excelência no ensino continua sendo nossa prioridade máxima.

Sobre o prazo de 4 de agosto de 2025, esclarecemos que essa data marcaria o momento para o NDE (Núcleo Docente Estruturante) apresentar seu parecer técnico sobre as melhorias e reestruturações em andamento. Não se tratava de um prazo para resposta definitiva aos discentes, pois qualquer decisão exige uma análise criteriosa e completa.

As melhorias significativas realizadas na Santa Casa demandaram atenção especial do NDE, com o objetivo de garantir que o relatório final reflita com precisão a atual estrutura hospitalar e os benefícios esperados para a formação médica.

Em reunião realizada ontem [terça-feira] (05/08), com a presença de representantes dos alunos, pais, Prefeitura, secretários e vereadores, ficou acordado que os discentes enviarão à reitoria um comunicado formal com suas intenções e preocupações. Esse documento será analisado juntamente com o parecer do NDE, e uma nova nota oficial será emitida na próxima segunda-feira, 11 de agosto de 2025.

Por fim, informamos que o contrato com a Santa Casa de São Carlos foi renovado por mais cinco anos, assegurando a continuidade e a qualidade do internato externo.

Reafirmamos nosso compromisso com uma formação médica de excelência, formando profissionais competentes e preparados para os desafios da área da saúde. A FAI e a comunidade de Adamantina permanecem unidas nesse propósito”.

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Lei aprovada em julho autoriza internato em São Carlos

Em projeto de lei aprovado no dia 7 de julho deste ano, transformado na Lei Nº 4.438, de 10 de julho de 2025, a FAI obteve autorização para renovar o termo de colaboração com a Santa Casa de São Carlos, pelo valor mensal de R$ 3.963,53 por aluno.

Na mensagem que acompanhou o Projeto de Lei Nº 32/2025, para sua apreciação na Câmara, o texto destaca o objetivo central da renovação do termo de colaboração. “A presente solicitação decorre da necessidade de continuidade da parceria, visto que a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos é credenciada como Hospital de Ensino, possui serviços médicos estruturados e de alta complexidade, atendendo às necessidades de parte do internato médico do curso de Medicina oferecido por esta Autarquia Municipal de Ensino Superior, com o fim de promover formação médica integral e cumprir as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Medicina, instituídas pela Resolução CNE/CES nº 3, de 20/06/2014”, diz o texto assinado pelo prefeito José Carlos Tiveron, em conteúdo subsidiado pela FAI.

O texto da mensagem frisou ainda a importância do internato em ambiente estruturado, e com as ofertas de alta complexidade, para a formação final dos futuros profissionais. “Respeitadas as áreas previstas na grade curricular, a vivência em ambiente hospitalar de alta complexidade é fundamental para a formação integral do estudante, pois possibilita o desenvolvimento de competências técnicas e clínicas essenciais para o manejo de casos complexos e críticos, assegurando a qualidade do atendimento médico”, completa.

(Imagem: Diego Fernandes/AdamantinaNet/Folha Regional).

A mensagem pontua na sequência sobre a estrutura hospitalar local, reconhecendo sua relevância, mas que ainda não estaria qualificado para as demandas e a carga de aprendizagem prática previstas na fase do internato. “A Santa Casa de Adamantina, embora essa seja um Hospital relevante para Adamantina e região, não é classificada como Hospital de alta complexidade, pois não realiza procedimentos de alta tecnologia e custo elevado, característicos dessa categoria, atuando predominantemente em atendimentos de média e baixa complexidade (Hospital de baixa e média complexidade)”, traz o texto.

Na sequência a mensagem aborda as questões estruturais locais do hospital adamantinense e a decisão por realizar o internato na Santa Casa de São Carlos. “É importante esclarecer que em decorrência das reformas e adequações da Santa Casa de Adamantina (comprometendo o espaço físico e o número de leitos disponíveis) e do processo de estruturação de serviços de saúde e da organização da preceptoria (médicos preceptores para atenderem os estudantes em regime de internato), a grade curricular do curso de Medicina da FAI previu 01 semestre (9º termo) de internato em Adamantina e 03 semestres (10º, 11º e 12º termos) de internato em Hospital que pudesse atender às exigências de formação médica integral, surgindo a parceria com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (Hospital de Ensino, com quadro de médico preceptores e de alta complexidade)”.

Encerrando as considerações, o texto da mensagem frisa sobre a continuidade do internato em São Carlos com observância à formação dos estudantes. “Assim, considerando turmas atuais e turmas futuras, a continuidade da parceria com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos é essencial, seja para assegurar formação para os alunos que já estão em regime de internato, seja pela necessidade de formação médica integral, incluindo a vivência em Hospital de alta complexidade dos alunos das próximas turmas (até que a Santa Casa de Adamantina possa ofertar serviços de saúde de alta complexidade)”, completa.

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