Prefeitura exonera maestro da Banda Marcial; administração garante que irá manter o programa
Poder público diz que momento é de transição na Banda e atua em questões pontuais na sua estrutura.

O maestro Valter Negrini foi exonerado da função em comissão que exercia na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Adamantina, de diretor de cultura e turismo, onde respondia pela regência e gestão da Banda Marcial (Bamad). A decisão da administração municipal foi publicada em portaria, com efeito a partir de 1º de março.
A medida gerou repercussão na cidade e manifestações nas redes sociais. Os questionamentos especulam sobre os motivos da decisão e também relatam apreensão sobre o futuro da corporação musical, com mais de três décadas de história na cidade, e um risco de ruptura. Um recente ensaio no último sábado (15) estava vazio, com a presença somente dos professores.
Horário de ensaios da Bamad no último sábado (Reprodução).
O tema também repercutiu na Câmara Municipal, na mais recente sessão, realizada semana passada. O vereador Aguinaldo Galvão disse ter sido procurado por diversas famílias cujos filhos fazem parte da Banda, e que demonstraram insatisfação com a saída do maestro.
Valter ingressou na Banda Marcial em seu início na década de 90, como integrante do corpo musical. Passou a ter um desempenho de destaque e liderança, quando foi indicado pelo próprio regente à época para assumir essa função, que desempenhou desde 2002, ou seja, há mais de 20 anos.
Transição
Sobre a decisão de desligamento do maestro e o futuro da Bamad, o Siga Mais procurou a administração municipal na última segunda-feira (17). A reportagem perguntou o que motivou a medida, se a Banda Marcial terá continuidade e como e em que prazo o poder público pretende sanar essa vacância. E também deixou o espaço livre para eventuais considerações.
A resposta da administração municipal foi recebida nesta terça-feira. A Prefeitura não detalhou os motivos que embasaram a medida. A atual gestão se manifestou pontuando sobre a importância da Banda Marcial para a cidade, disse que a corporação vivencia um período de transição e assegurou compromisso e investimentos para a continuidade de suas atividades.
Veja a íntegra da manifestação do poder público:
“A Banda Marcial de Adamantina é um símbolo de cultura, tradição e pertencimento para nossa cidade. Seu futuro está garantido, com investimentos e o compromisso da atual administração municipal para sua continuidade e fortalecimento.
Criada por lei e integrada às políticas públicas de cultura e turismo, a Banda continuará recebendo todo o suporte necessário para manter suas atividades em pleno funcionamento. O momento atual é de reorganização interna, uma medida essencial para aprimorar sua estrutura e garantir ainda mais qualidade aos seus integrantes.
A Administração Municipal reitera sua dedicação à cultura e assegura que qualquer mudança na condução da Banda visa preservar sua excelência e continuidade. O compromisso com a arte e a tradição musical segue firme, promovendo o desenvolvimento e o bem-estar de todos os integrantes.
Destacamos ainda que as atividades de ensaios musicais com os monitores e coreógrafos têm seus profissionais devidamente contratados, com atividades regulares e ativas para a manutenção das programações de aprendizagem.
O atual momento é de transição e atuaremos para que as questões pontuais sejam sanadas o mais breve possível. Reconhecemos toda a importância histórica, cultural e social da Banda Marcial na vida dos participantes e seus familiares. Assim, a administração municipal reafirma compromisso público pela continuidade, fortalecimento diante das readequações as quais estão sendo realizadas”.
Futuro
Mesmo sendo o programa mais longevo entre as políticas públicas de cultura da cidade, a atividade da Banda Marcial não conta com servidores do quadro efetivo (concursados), entre seus profissionais.
Anteriormente a atividade de maestro chegou a ocorrer por meio de contratos de prestação de serviços por prazo determinado. E mais recentemente, seu regente ocupava um cargo em comissão (de confiança). Ambos os cenários não repercutiam em segurança para sua permanência no programa e a continuidade das ações. A cada início de nova gestão municipal o período sempre foi de apreensão.
O quadro de apoio da Banda, como professores de música e do corpo coreográfico, tem sido contratado com base na lei de licitações. Uma delas, a mais recente, concluída em 20 de fevereiro último.
A contratação por licitação pode ser uma alternativa de curto prazo para recompor a regência da Banda Marcial. Outro caminho é a realização de concurso público, o que depende da criação de cargo pela Prefeitura, mediante aprovação legislativa na Câmara Municipal.
Ou ainda, uma hipótese remota seria a eventual nomeação nos mesmos moldes vigente até o mês passado, em cargo comissionado, o que teria entrave, pois a legislação municipal limita um teto para nomeações em comissão entre aqueles que são concursados (efetivos) e aqueles não integrantes do funcionalismo municipal.