Foi realizada no último sábado (26) e domingo (27) a 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CEPIR), que reuniu cerca de 650 pessoas no auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, em São Paulo. O evento foi promovido pela Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC), por meio da Coordenadoria de Políticas para a População Negra (CPPN).

Segundo o órgão estadual, a conferência aprovou 15 propostas — sendo seis prioritárias — que serão levadas a Brasília (DF) para a 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), marcada para setembro.

Além das propostas, a CEPIR definiu os 98 delegados que representarão o estado de São Paulo na etapa nacional. Entre eles, estão a adamantinense Jenifer Fernandes e Gleidson Tadeu, de Presidente Prudente, ambos representantes da Região Administrativa de Promoção da Igualdade Racial de Presidente Prudente. Uma das articuladoras da região na construção da CEPIR foi a também adamantinense Meire Cunha, que até o final do ano passado atuava como supervisora da Casa Afro de Adamantina.

Com o coordenador da CPPN, Robson Ferreira (Acervo Pessoal).

Ancestralidade e olhar para o futuro

Em Adamantina, Jenifer atua como psicóloga e preside a Associação Gangazumba de Cultura Negra. Em publicação nas redes sociais, ela destacou a responsabilidade de representar o interior do estado na conferência. “Com a sabedoria que carrego da ancestralidade e o compromisso com as gerações futuras, tive a honra de atuar como delegada, representando o interior profundo de São Paulo na delegação regional de Presidente Prudente, durante a V Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial”, escreveu.

Na mesma postagem, ela enfatizou a relevância do momento e de sua missão como representante da sociedade civil: “Estando à frente da Organização de Sociedade Civil Gangazumba de Cultura Negra, tenho como missão levar, com responsabilidade, as demandas do nosso povo, mas também os saberes que nos sustentam diante dos desafios históricos que enfrentamos”.

 Conferência ocorreu no Memorial da América Latina (Reprodução:SJC).

Jenifer também agradeceu aos responsáveis pela construção da conferência: “Agradeço ao coordenador de Políticas para População Negra da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de SP, Robson Ferreira, por reconhecer e valorizar os territórios que resistem longe dos grandes centros”, disse. “Representar é escutar, refletir e construir coletivamente. É ecoar com responsabilidade e propósito”, concluiu.

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Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial

Com o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”, a 5ª CEPIR foi organizada a partir de três eixos principais e 17 subeixos, reunindo representantes do poder público e da sociedade civil de todas as regiões do estado. O objetivo foi discutir estratégias de enfrentamento às desigualdades raciais e consolidar propostas para a formulação de políticas públicas inclusivas.

O processo de preparação envolveu etapas em 21 das 23 Regiões Administrativas de Promoção da Igualdade Racial do Estado, e contou com a participação de 497 representantes. Em comparação, a 4ª edição da conferência, realizada em janeiro de 2018, mobilizou 347 representantes em 16 regiões — 150 a menos que nesta edição.

 Meire Cunha na primeira fila do evento estadual (Acervo Pessoal).

Para Robson Ferreira, coordenador da CPPN, o evento representa um avanço na mobilização e na construção coletiva da pauta racial: “Este é um momento de grande relevância. Com a participação maciça dos municípios, mostramos que a promoção da igualdade racial é um compromisso que precisa ser assumido por todos nós, com pluralidade, seriedade e continuidade”.

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A organização da 5ª CEPIR foi coordenada em parceria com o Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (CPDCN) e com uma comissão organizadora formada por integrantes de segmentos da sociedade civil e do poder público.

Cida Costa, representante da comissão organizadora, destacou a importância de transformar as propostas em ações efetivas: “É uma alegria estarmos aqui reunidos em um momento tão importante. Que as propostas construídas nesta conferência não quem apenas no papel, mas se transformem em ações concretas que melhorem a vida das pessoas”.

 Robson Ferreira, coordenador da CPPN (Reprodução:SJC).

Já Gil Marcos, presidente do CPDCN, reforçou a necessidade de ampliar a representatividade: “Agradeço a presença de todos, especialmente dos conselheiros estaduais. Este trabalho é fruto de um esforço conjunto. Enquanto não tivermos clareza de que só seremos fortes quando estivermos representados em todas as esferas de poder, continuaremos sendo excluídos das decisões que nos afetam".