Saúde

Pesquisa quer mapear se há hesitação a vacinas em Adamantina e os fatores desse comportamento

Pesquisa é realizada por meio de formulário eletrônico, na internet.

Por: Da Redação atualizado: 5 de setembro de 2022 | 17h25
Conteúdo é dirigido a pais ou responsáveis por crianças, para mapear a adesão à cobertura vacinal ou sua hesitação (Foto: Marcos Lopes/Ministério da Saúde/MG). Conteúdo é dirigido a pais ou responsáveis por crianças, para mapear a adesão à cobertura vacinal ou sua hesitação (Foto: Marcos Lopes/Ministério da Saúde/MG).

Está em andamento em Adamantina uma pesquisa que busca identificar se há hesitação a vacinas na atenção primária à saúde, no município, e os fatores e características locais desse comportamento. O trabalho está sendo desenvolvido pela enfermeira Jéssica Moreira Fernandes, residente do Programa de Saúde Coletiva e Atenção Básica do Centro Universitário de Adamantina (UNIFAI). 

O levantamento de dados ocorre até 31 de outubro por meio do formulário eletrônico (acesse aqui) ou no QR code abaixo. É sigiloso e as informações coletadas subsidiarão os estudos sobre o tema. O conteúdo é dirigido a pais ou responsáveis por crianças, para mapear a adesão à cobertura vacinal ou sua hesitação, neste caso  por se sentir inseguro, falta de tempo ou por diferentes informações que influenciem essa decisão.

 (Divulgação)

Os dados mapeados, de forma geral, serão tabulados e subsidiarão a interpretação do cenário local acerca da cobertura das vacinas, os fatores determinantes para mensuração da cobertura, as características do público hesitante, entre outros aspectos. Ao final, essa tabulação será compartilhada e discutida com os agentes da saúde pública local, e ainda será objeto de uma publicação em revista científica.

Procurada pelo SIGA MAIS, a enfermeira Jéssica Moreira Fernandes pontuou que nos últimos anos, conforme os órgãos de saúde, a cobertura vacinal caiu em todo território nacional, o que também é identificado no estado de São Paulo, condições que preocupam as autoridades de saúde diante do risco de reinstalação de doenças que estavam erradicadas ou sob controle. 

(Foto: Walterson Rosa/Ministério da Saúde). 

Assim, o objetivo da iniciativa é mapear esse comportamento vacinal no município de Adamantina. “Já existem outros estudos que dizem que a hesitação está acontecendo. Mas será que também está acontecendo aqui? É isso que a gente quer levantar”, explica.

Hesitação 

A pesquisadora observa que o declínio na aceitação das vacinas é multifatorial. E apontou como alguns exemplos o desabastecimento parcial de alguns produtos, falta de apoio governamental à vacinação, problemas operacionais na execução de campanhas de vacinação, disseminação de fakenews e o ambiente da pandemia da Covid-19, em que muitas pessoas ficaram em casa, por orientações dos próprios órgãos de saúde, para evitar contatos com outras pessoas e exposição a contágio pelo coronavírus. “Se essas pessoas foram orientadas a ficar em casa, elas também deixaram de ter contato com as unidades de saúde e, consequentemente, não vai se vacinar, ou levar seu filho para vacinar”, analisa.

(Foto: Myke Sena/Ministério da Saúde). 

Porém, ela destaca que um dos principais motivos da baixa cobertura vacinal é a hesitação das pessoas. “Dentre todos esses motivos que eu citei de quedas nas coberturas vacinais o principal é a hesitação, ou seja o atraso na aceitação daquela determinada vacina ou mesmo a recusa de alguma vacina ou de todas as vacinas, apesar da sua disponibilidade do serviço de saúde”, diz. “Então ela está lá, disponível, mas existe essa recusa ou esse atraso na aceitação. Os pais dizem semana que vem levo meu filho, vou amanhã, depois levo, aí acaba não levando, passando do período correto para essa criança estar sendo vacinada”, continua.

Com os dados coletados e posteriormente tabulados, a pesquisadora pretende fazer um pente fino na interpretação dos indicadores apurados e tentar identificar se fatores como renda ou escolaridade estão relacionados à hesitação. 

Consequências

Esse cenário de baixa adesão vacinal traz como consequência o risco de reintrodução de doenças, como alerta a pesquisadora e os órgãos de saúde. “Surtos que aconteceram como a epidemia de sarampo, que acabou atingindo vários estados brasileiros, aconteceram por falta de cobertura vacinal, já que o sarampo é uma das doenças que a gente considerava erradicada e essas baixas coberturas vacinais resultaram nisso”, observa. 

Em recente publicação em seu sita oficial o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) considera que a cobertura vacinal no Brasil está em índices alarmantes. Conforme o órgão, as vacinas têm a missão de proteger o corpo humano: elas 'ensinam' o sistema imunológico a combater vírus e bactérias que desafiam a saúde pública.

(Foto: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde). 

De acordo com dados do Ministério da Saúde – cita a publicação da Fiocruz – a cobertura vacinal da população vem despencando, chegando em 2021 com menos de 59% dos cidadãos imunizados. Em 2020, o índice era de 67% e em 2019, de 73%. O patamar preconizado pelo Ministério da Saúde é de 95%.

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Poliomielite e sarampo no centro das atenções

Ainda conforme a publicação da Fiocruz, até meados de 1980, a poliomielite causava paralisia em quase 100 crianças por dia no planeta, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Somente no Brasil, foram registrados quase 27 mil casos da doença entre 1968 e 1989, ano da última notificação no país. Em 1994, as Américas receberam o certificado de eliminação da doença. 

(Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde). 

Porém, há alguns anos o Ministério da Saúde brasileiro vem alertando para um possível retorno da doença por conta dos baixos índices de vacinação. Em 2021, menos de 70% do público alvo estava com as doses em dia, frente aos mais de 98% em 2015. 

Com o sarampo a história não é diferente. Enquanto de 1990 a 2000, o Brasil registrava mais de 177 mil casos, campanhas de vacinação levaram o país a receber o certificado de eliminação da doença em 2016. 

No entanto, em 2019, o país perdeu o reconhecimento após não conseguir controlar um surto iniciado no Norte, em 2018, que se espalhou para os demais estados.

Óbitos por febre amarela e gripe

A publicação da Fiocruz prossegue, abordando sobre febre amarela e gripe. Prevenível por meio de vacinação desde o final da década de 1930, a febre amarela vitimou milhares de brasileiros nos últimos anos, com centenas de óbitos. 

Devido à baixa cobertura vacinal, segundo o órgão, o país contabilizou somente entre 2016 e 2018 mais casos do que em 55 anos de história: foram 1.150 casos e 407 mortes de 1960 a 2015, contra 2000 notificações e 670 óbitos de 2016 a meados de 2018. 

(Foto: Marcos Lopes/Ministério da Saúde/MG).

Em relação à gripe a situação é a mesma, aponta a Fiocruz. Mesmo com campanhas anuais de vacinação, muitas pessoas não têm comparecido aos postos de saúde para receber o imunizante. O resultado, mais uma vez, é o aumento de casos e mortes. A gripe levou à óbito mais de 1.700 brasileiros somente nos primeiros dois meses de 2022.

Sobre a vacinação no SUS

A população brasileira tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - incluindo imunizantes direcionados a crianças, adolescentes, adultos e idosos. Ao todo, segundo a Fiocruz, são mais de 20 vacinas com recomendações e orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. Recentemente, o país incluiu em seu calendário a imunização contra a Covid-19. 

(Foto: Walterson Rosa/Ministério da Saúde). 

Há quase três décadas, a Lei nº 8.069, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, torna obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.

E, de acordo com o decreto nº 78.231, de 1976, é dever de todo cidadão submeter-se e os menores dos quais tenha a guarda ou responsabilidade, às vacinações obrigatórias definidas pelo calendário nacional de imunizações (clique aqui para conferir).

Serviço

A pesquisa “Análise da hesitação vacinal na Atenção Primária à Saúde”, desenvolvida pela enfermeira Jéssica Moreira Fernandes, tem orientação da professora Rosemary Idalgue Mantovani, do Centro Universitário de Adamantina (UNIFAI). Sua execução foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da Universidade de Marília – UNIMAR.

No formulário da pesquisa estão disponíveis os dados de contato por telefone/WhatsApp e e-mail, para mais informações e outros detalhamentos.

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