Saúde

PAI Nosso Lar avança com reorganização administrativa e novos protocolos terapêuticos

Instituição quer qualificar gestão, protocolos terapêuticos e ser referência no setor.

Por: Da Redação | Acácio Rocha atualizado: 10 de julho de 2025 | 10h57
Clinica PAI Nosso Lar (Arquivo/Siga Mais). Clinica PAI Nosso Lar (Arquivo/Siga Mais).

Após um período de intensa reorganização interna, recuperação da capacidade de gestão e reposicionamento institucional, iniciado em 2017 para superar uma grave crise que ameaçava o encerramento de suas atividades, a Clínica PAI Nosso Lar, de Adamantina, venceu desafios, reconquistou sua credibilidade e avança agora com um processo de modernização administrativa e implantação de novos protocolos terapêuticos no atendimento em saúde mental.

A instituição é referência no SUS para os municípios vinculados ao Departamento Regional de Saúde (DRS IX) de Marília, nos tratamentos psiquiátricos e de dependência química. Além da modernização na gestão e no modelo assistencial, o hospital também passa por obras de ampliação física, que visam qualificar a estrutura de trabalho das equipes e o atendimento aos pacientes.

Desde o início dessa trajetória, no final de 2016 e início de 2017, o movimento de reestruturação contou com o protagonismo da juíza de direito Ruth Duarte Menegatti, que se tornou madrinha da instituição. Inicialmente, o apoio foi emergencial, diante do risco iminente de fechamento do hospital, e depois se consolidou com o apoio de uma nova diretoria, ligada à comunidade católica local.

Mobilização conjunta traça novos desafios para o hospital (Cedida).

Atualmente, a instituição é presidida pelo advogado e contador Luis Eduardo Mazzini Bressan, servidor efetivo da Câmara Municipal de Adamantina, nomeado em março deste ano. A nova gestão recebeu da juíza Ruth Menegatti a proposta de novos desafios. “Após a reestruturação do hospital naquilo que era urgente, sugeri que seguíssemos uma inspiração no modelo do Hospital de Amor de Barretos, liderado por Henrique Prata. Embora atuem em áreas distintas, o princípio em comum é o amor, a humanização do atendimento”, destaca a magistrada.

A busca pelo modelo ainda mais humanizado e qualificado exige a revisão dos parâmetros de gestão e de abordagem terapêutica. Nesse desafio entram em cena os profissionais com qualificação para esses redesenhos. Entre eles está a psicopedagoga e consultora Denise Alves Freire, que atuou na clínica em 2017 e agora retorna para contribuir com o redesenho dos protocolos terapêuticos. Ela integra o núcleo do Roteiro Único de Trabalho Humanizado e do Protocolo Soul Feminina, com atuação em Adamantina e região.

A juíza Ruth Menegatti e Henrique Prata, no PAI (Arquivo/Siga Mais).

Outro pilar do processo é a reorganização administrativa, conduzida pelo consultor Valdenir da Silva Pontes, que atua com as equipes de gestão oferecendo assessoria técnica, conceitual e comportamental em áreas como operações, sistemas e planejamento. Valdenir é professor do curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).

“O trabalho já começou. A equipe da consultoria esteve em campo, avaliou a estrutura existente e, ao longo de um ano, irá implantar o que há de mais avançado em gestão e tratamento em saúde mental”, afirma a juíza Ruth Menegatti.

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Avanços e mudanças

As mudanças propostas impactam práticas já consolidadas na instituição, exigindo atualização frente aos novos paradigmas da saúde mental. “O sistema de saúde é complexo e impõe grandes desafios. Apresentar um novo projeto requer união, e acredito que todos na equipe estão olhando na mesma direção. Essa unidade será determinante”, avalia a juíza.

Ela reconhece que mudanças podem gerar desconforto, mas ressalta a adesão dos profissionais mais engajados. “Desacomoda os acomodados. Mas entre os excelentes profissionais da clínica, já sentimos uma grande aceitação do novo modelo”, destaca.

Capacitação sobre gestão e modernização administrativa (Cedida).

O objetivo, segundo a magistrada, é instituir um protocolo de gestão e atendimento que possa se tornar referência, assim como é o Hospital de Amor em sua área. “A Denise está trabalhando diretamente com a equipe técnica para reformular práticas e tornar cada um protagonista de um tratamento verdadeiramente humano, eficiente e estruturado”, explica.

Ruth Menegatti também reforça seu compromisso com a causa. “Não podemos aceitar passivamente as limitações do sistema. Essa é uma luta por justiça e direitos humanos. Queremos garantir que todos, independentemente da condição financeira, tenham acesso ao melhor tratamento possível.”

Consultoria em gestão inicia mapeamento e formação

O projeto de reorganização e modernização administrativa já foi iniciado com as equipes de gestão. Ele aprofunda o processo de transformação da clínica nos últimos anos, com o realinhamento de protocolos e adoção de novos modelos de gestão.

Segundo Valdenir da Silva Pontes, sócio-diretor da SPZ Consultoria & Educação, a proposta da consultoria é oferecer suporte técnico e estratégico à instituição, fortalecendo sua estrutura administrativa.

Atualmente, o trabalho está na fase inicial, com diagnóstico organizacional e aplicação de um curso básico de formação em liderança e gerenciamento de equipes, no formato híbrido, voltado ao desenvolvimento dos gestores atuais e de colaboradores com potencial para funções estratégicas.

Consultor Valdenir e núcleo gestor da Clínica (Cedida).

A previsão é que a consultoria acompanhe a clínica por até 12 meses, com ações presenciais e remotas, adaptando-se às demandas da instituição e promovendo avanços contínuos.

Esse projeto soma-se às iniciativas em andamento, como o redesenho terapêutico liderado por Denise Freire e outras ações internas conduzidas pelas equipes da PAI Nosso Lar. “A acolhida tem sido essencial. A equipe da clínica, seus diretores e mantenedores têm demonstrado grande disposição para essa transformação. Isso nos motiva a seguir com entusiasmo”, afirma Valdenir.

Reabilitação: foco na autonomia do paciente

Denise Freire detalha que seu desafio atual é redesenhar os protocolos de atendimento, fortalecendo o protagonismo da equipe multiprofissional. A proposta é reorganizar as estratégias terapêuticas, que já vinham sendo implantadas, agora com maior sistematização e foco na autonomia dos pacientes.

Uma das principais estratégias é o uso da educação e do trabalho como ferramentas de reabilitação. Os pacientes serão classificados por níveis de comprometimento – leve, médio e grave – e, a partir disso, serão direcionados a oficinas e atividades compatíveis com suas capacidades. “À medida que evoluírem, poderão mudar de categoria, avançando no processo de autoconhecimento e autonomia”, explica.

Denise Freire apresenta novo organograma (Cedida).

A equipe multiprofissional será coordenada para que o paciente possa sair do estado de surto e iniciar uma jornada de reconstrução da autonomia. “Sabemos que a doença mental é crônica, mas quanto mais autonomia o paciente adquire, mais próxima de uma vida saudável ele pode chegar, com menos necessidade de internações”, defende Denise.

As diretrizes contam com dois modelos de internação: até 60 dias para pacientes em surto psicótico (perda de contato com a realidade) e até 30 dias para desintoxicação de dependentes químicos. Ambos serão instrumentalizados com a nova abordagem terapêutica multiprofissional.

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Trajetória, superação e conquistas

Fundada em setembro de 1969, a Clínica PAI Nosso Lar completa mais de cinco décadas de atuação em Adamantina, dedicando-se à atenção em saúde mental, com foco no tratamento psiquiátrico e da dependência química. Ao longo desses 52 anos, enfrentou períodos de grandes desafios, mas conseguiu manter o atendimento a um público vulnerável, muitas vezes sem qualquer outra alternativa de acolhimento ambulatorial. Atualmente, é referência para 62 municípios vinculados ao Departamento Regional de Saúde (DRS) de Marília.

Um dos momentos mais críticos de sua história recente ocorreu entre o final de 2016 e o início de 2017, quando a instituição esteve prestes a encerrar suas atividades. O eventual fechamento colocaria em risco o atendimento a pacientes transitórios e residentes da Clínica – muitos dos quais não mantêm vínculos familiares ou cujas famílias não possuem estrutura para acolhê-los ou recursos para buscar outros serviços.

Ruth Menegatti e o presidente da Clínica, Eduardo Bressan (Arquivo/Siga Mais).

Além disso, a entidade enfrentava uma grave crise financeira, com dívidas superiores a R$ 30 milhões e sem perspectivas de continuidade dos atendimentos, mantidos por meio de recursos do SUS, repasses públicos e apoio da comunidade.

Em 2022, a Clínica obteve uma importante vitória judicial: a extinção da dívida, o que permitiu sua reabilitação financeira e a regularização da Certidão Negativa de Débitos (CND).

Também em 2022, a instituição iniciou o processo de desospitalização de 45 pacientes que residiam na Clínica. A medida marcou o início de uma nova fase de reinserção social, com esses pacientes passando a viver em residências terapêuticas – moradias convencionais assistidas pelo sistema público de saúde e referenciadas pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), tanto em Adamantina quanto em seus municípios de origem.

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