Saúde

Médico da linha de frente deixa Central Covid em Adamantina e critica gestão: modelo ultrapassado

“Saúde não se faz só com máquinas e materiais”, disse médico.

Por: Da Redação | Com informações da Life FM atualizado: 12 de maro de 2021 | 13h42
O médico Guilherme Dias Bonadirman deixa a equipe da secretaria municipal de saúde de Adamantina, onde atuou na linha de frente, junto à Central Covid (Reprodução/PM Lucélia). O médico Guilherme Dias Bonadirman deixa a equipe da secretaria municipal de saúde de Adamantina, onde atuou na linha de frente, junto à Central Covid (Reprodução/PM Lucélia).

O médico Guilherme Dias Bonadirman, que desde maio do ano passado estava designado para a Central Covid de Adamantina, em funcionamento no Centro de Saúde (Postão), deixou a linha de frente local, sem aproveitamento no quadro, sobretudo em razão da experiência e toda a vivência e atuação nesse cenário crítico da pandemia.

Na sua saída, em entrevista ao site da Rádio Life FM, publicada no último domingo (7), Guilherme faz críticas ao modelo da gestão municipal de saúde de Adamantina, definindo-o como ultrapassado, à falta de comunicação e valorização dos profissionais, das diversas áreas, que atuam na saúde pública.

Chegada a Adamantina e a atuação na Central Covid

Guilherme Bonadirman iniciou seu trabalho em Adamantina em 27 de abril do ano passado, início da pandemia, por meio do Programa Mais Médicos do Governo Federal, sendo inicialmente designado para a Estratégia de Saúde da Família (ESF) do centro, na Unidade Básica de Saúde (UBS) da rua Nove de Julho. Antes, ele havia atuado na cidade do Rio de Janeiro, onde atendeu os primeiros casos de Covid-19 na capital carioca.

Após sua chegada em Adamantina e o início dos seus trabalhos na UBS da rua Nove de Julho, e considerando sua vivência profissional no Rio de Janeiro, foi convidado pelo secretário municipal de saúde, Gustavo Rufino Taniguchi, para assumir a Centra Covid, sendo o responsável da linha de frente do serviço. De imediato, aceitou o convite e os atendimentos começaram em 18 de maio.

Agora, sua saída gerou repercussão na cidade, sobretudo em razão da qualidade e características dos atendimentos liderados pelo médico.

À Life FM, ele falou sobre os maiores desafios enfrentados durante esse quase um ano à frente da Central Covid. “Além dos desafios óbvios de trabalhar com uma doença infecciosa nova, como a insegurança no início, as atualizações constantes, a jornada exaustiva, o uso dos equipamentos de proteção individual (que apesar de serem pra nossa proteção e deverem ser usados, deixa tudo mais difícil). Mas a má comunicação foi algo que dificultou bastante o trabalho em vários momentos, algumas vezes gerando pequenos problemas fáceis de resolver, outras gerando desconforto. O modelo atual de saúde em Adamantina, principalmente na atenção básica, é ultrapassado e é algo que também complica tudo. Existe um desejo tanto dos funcionários quanto da administração para atualizar esse modelo, mas é algo que ainda não aconteceu”, disse. (Continua após a publicidade... )

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Ele explicou à Life FM que seu contrato venceria no fim de abril próximo, e disse que havia iniciado tratativas com a administração municipal. “Já estava conversando tanto com Adamantina quanto com outras cidades da região sobre meu futuro, infelizmente Adamantina foi a que menos me deu informações pois preferiram aguardar se o governo federal renovaria meu contrato e nunca me foi informado o que aconteceria se isso não ocorresse”.

Sem qualquer perspectiva, decidiu aceitar a oportunidade oferecida pela Prefeitura de Lucélia, onde já atua na Central Covid-19 da cidade. “Minha maior motivação de encerrar meu trabalho em Adamantina foi a má comunicação e a permanência do modelo ultrapassado de trabalhar com saúde. Meu jeito de trabalho é de me entregar 200% e meus princípios maiores são acolhimento, humanização e respeito, e para que eu consiga trabalhar nesse ritmo eu preciso estar de acordo e confortável com o sistema que estou inserido. Minha mudança para Lucélia é porque a atual administração do município segue os mesmos princípios que eu, a comunicação é mais aberta”, disse à Life FM. “Não foi uma escolha fácil, quem me segue nas redes sociais deve ter percebido que nos vídeos que fiz falando da minha saída eu estava com os olhos vermelhos, porque eu chorei bastante nesse último dia me despedindo das minhas equipes do PAS1 e da Central Covid, também fiquei super emocionado com a quantidade de pacientes e funcionários que me procuraram para contar como tinha tocado positivamente a vida deles”, continuou.

Saúde não se faz só com máquinas e materiais

Ainda na entrevista à Life FM, o médico fez seus agradecimentos e um pedido à população e à administração municipal de Adamantina. “Quero reforçar mais uma vez meu carinho e respeito pelos funcionários da Saúde de Adamantina, independente da função e cargo. Eu tive a honra de conhecer e trabalhar com muita gente boa, principalmente as equipes da UBS Nove de Julho e do Centro de Saúde, tenho muito orgulho de chama-las de minhas equipes e vou levá-los no meu coração para sempre, disse. “Eu queria deixar um pedido que vale tanto para a população, quanto para a administração: valorizem e respeitem os profissionais da saúde que vocês têm! Adamantina é uma cidade com bastantes recursos financeiros e o uso desses recursos é muito bem feito, mas Saúde não se faz só com máquinas e materiais. Acolhimento, respeito e humanização não é algo que é só obrigação desses profissionais, eles merecem um tratamento respeitoso e humanizado também”.

Ao final, Guilherme se colocou à disposição e reiterou agradecimentos. “Aos que me procurem nas redes sociais para tirar dúvidas e pedir ajuda, pretendo continuar ajudando todos os que eu conseguir. E aos funcionários de Adamantina, toda minha gratidão e respeito eterno. Contem sempre comigo e boa sorte”, completou.

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