PolÃcia Civil e Ministério Público descobrem quadrilha que vendia vagas em cursos de medicina
Com pagamento de até R$ 120 mil, terceiros se passavam pelos candidatos e realizavam as provas.

A Polícia Civil de São Paulo, através da Delegacia Seccional de Polícia de Assis (Deinter 8), em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo, deflagrou nesta sexta-feira (12) a “Operação Asclépio”, com objetivo de combater organização criminosa que realiza fraudes em vestibulares para curso de medicina. Na mitologia grega e na mitologia romana, Asclépio é o deus da medicina e da cura.
Segundo nota do Deinter 8, as investigações tiveram início através de notícia de eventual esquema de fraude no vestibular para o curso de medicina da Fundação Educacional do Município de Assis (Fema), ocorrido em abril de 2017, onde sua direção teria descoberto que terceiras pessoas haviam se passado por cinco candidatos e realizaram as provas.
Entretanto, a entidade organizadora do vestibular – Vunesp – constatou inconsistências nas identificações datiloscópicas, assinaturas na folha de respostas e também nas imagens captadas dos candidatos, com as coletadas dos alunos aprovados e posteriormente matriculados no curso.
Assim, foi instaurado o Inquérito Policial nº 01/2018 para apurar os crimes de organização criminosa (Art. 2º da Lei nº 12.850/2013), estelionato (Art. 171 do Código Penal Brasileiro) e falsificação de documento público (Art. 297, também do Código Penal).
No curso das investigações, a Polícia Civil identificou pessoa de Adeli de Oliveira como o principal articulador de engenhoso esquema de venda de vagas para ingresso no curso de medicina e, igualmente, no processo seletivo de transferência de alunos para o mesmo curso em faculdades do Estado de São Paulo, tudo mediante pagamento de valores entre R$ 80 mil e R$ 120 mil por vaga, negociados de forma parcelada ou até mediante permuta de bens móveis e imóveis.
A organização criminosa
Com o avanço das diligências, segundo Deinter 8, apurou-se a constituição de sofisticada organização criminosa composta de três grupos, todos interligados, sendo um grupo familiar, o segundo seria um grupo dos captadores e vendedores de vagas, e o terceiro grupo com intermediários na Universidade Brasil.
O Deinter 8 revelou que o primeiro grupo da organização criminosa é comandado pelo investigado Adeli de Oliveira, que coordena detalhadamente todas as ações, assim como que se vale dos trabalhos de vários subordinados, seus familiares, para organização, preparação das ações criminosas, recebimento e ocultação dos proventos ilícitos.
Já o segundo grupo surgiu pela necessidade de arregimentar captadores e vendedores de vagas, pois como o número de aluno é enorme, Adeli de Oliveira, apenas com seus familiares, não teria condições de atender a oferta de vagas em universidades particulares e à procura dos alunos, valendo-se de outras pessoas para compor o esquema criminoso.
De acordo com o Deinter 8, o terceiro grupo é o de pessoas ligadas a Universidade Brasil, que possui faculdade de medicina com campus em Fernandópolis, “sem os quais seria impossível o êxito do engenho criminoso, sendo identificados também como integrantes da organização criminosa”.
Polícia Civil pede ajuda da população
A polícia Civil de Assis busca identificar investigados que a quadrilha usava como “clone” para fraudar os vestibulares, e pede ajuda da população. Quem souber da identidade de referidas pessoas pode auxiliar através do telefone 181 (disque denúncia), pelo e-mail cip.assis@policiacivil.sp.gov.br ou https://www.webdenuncia.org.br
Até o momento da deflagração da operação, não foi possível identificar as pessoas que se passaram pelos reais candidatos do vestibular. As imagens dessas pessoas, que realizaram as provas foram captadas nas salas de aplicação das provas do vestibular, e agora são divulgadas pela Polícia, que tenta identifica-los. “As fotos são exibidas para esse objetivo, porque há forte suspeita de serem de outros estados da federação”, diz a nota do Deinter. “Nesse sentido a Polícia Civil solicita o apoio da população para que tais indivíduos sejam identificados e responsabilizados como membros da organização criminosa”, completa.
Maiores informações podem ser obtidas junto à Delegacia Seccional da Polícia Civil em Assis, pelo telefone (18) 3302-9222.
A operação desta sexta-feira (12) contou com a participação de 350 policiais civis apoiados em cada região do Estado, Policiais Civis de Minas Gerais e Promotores de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo. Foram cumpridos mandados de 17 prisões temporárias e 55 de buscas e apreensão, todos determinados pelo Poder Judiciário.