O Roteiro Único de Trabalho Humanizado – uma iniciativa do Poder Judiciário de Adamantina, que trilha desde 2018 pelos caminhos da educação preventiva na Nova Alta Paulista – concorre ao Prêmio Innovare, em sua atual edição. A premiação é referência no país ao reconhecer e disseminar práticas transformadoras que se desenvolvem no interior do sistema de Justiça do Brasil.

Na última quarta-feira (21) um consultor do Prêmio Innovare esteve em Adamantina, para conhecer in loco o projeto inscrito. Ele foi recebido no salão do júri do Fórum de Adamantina pela equipe do Roteiro e dos diferentes setores que participam da iniciativa. Representantes do poder público, da subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), dirigentes educacionais e imprensa puderam relatar sobre o programa e seu alcance.

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O Roteiro capacitou cerca de 100 escolas em 40 municípios da Nova Alta Paulista, atingindo cerca de 3,5 mil professores. Sua execução tem como parceiros o Fórum de Adamantina, Fórum de Pacaembu, Fórum de Flórida Paulista, Diretoria Regional de Ensino de Adamantina,  secretarias municipais de educação de Adamantina, Flórida Paulista e Mariápolis,  Penitenciária Feminina de Tupi Paulista, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Militar Ambiental, OAB de Adamantina e Hub Mulher.

Cinco mulheres assinam a iniciativa: Ruth Duarte Menegatti (juíza de direito da 3ª Vara da Comarca de Adamantina), Denise Alves Freire (psicoeducadora), Maria de Fátima Duarte dos Santos de Almeida Pacheco (cientista educacional), Denise Conde Godinho Farias Rocha (neuropsicopedagoga) e Adriana Campos Meiado (doutora em educação).

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Desde 2018

A criação programa originou-se do desejo da magistrada Ruth Menegatti, que atua em Adamantina e buscava novos caminhos de resolução dos conflitos sociais. A trilha escolhida foi da educação preventiva, com a construção de um modelo que tivesse consistência teórica, trouxesse uma formação para professores pautada na cidadania e nos direitos humanos e, ainda utilizasse da credibilidade do Poder Judiciário. Desde então, o plano de ação foi idealizado e implementado sucessivamente. 

(Reprodução).

O Roteiro foi iniciado em julho de 2018 com apresentação da proposta às secretarias de educação dos quatro municípios primeiramente envolvidos: Adamantina, Pacaembu, Irapuru e Flora Rica. Em ato contínuo foi iniciada a formação para os professores. Atualmente, mantém-se a capacitação permanente, a assessoria integrativa, preceptoria individualizada, cursos de formação específica, palestras, oficinas integrativas, conferências e rodas de conversa.

Pelos caminhos da educação

O projeto foi criado tendo como um dos propósitos promover na educação um processo de reflexão da cultura patriarcal e machista na qual a sociedade está imersa. As autoras destacam que essa cultura alimenta a prática de violência contra a mulher, a criança e à família, e apontam a e educação como caminho de transformação desse cenário de violação dos direitos humanos.

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O trabalho parte da valorização do papel do professor e a ele é dado formação específica para reelaborar a sua visão de mundo e a compreensão de que não existe neutralidade. As autoras ressaltam que sempre há um posicionamento que pode estar contaminado de preconceitos limitantes.

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O Roteiro é um programa condutor que desenvolve a educação preventiva com o foco na aprendizagem significativa e promove a formação na cidadania pautada nos direitos humanos. É sustentado por quatro pilares – justiça, respeito, solidariedade e amizade – e apresenta três pontos de base: formar o movimento cognitivo, desenvolver a habilidade de solução e estimular a atitude de prontidão. E ainda trabalha na transversalidade para a formação integral do aluno, com instrumentos que se desenvolvem pelos vieses da educação integrativa, educação humanizada, educação amorosa e educação assertiva.

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O programa inclui diferentes contextos relacionais considerando suas conexões possíveis que indicam caminhos para uma compreensão profunda dos direitos humanos. É um modelo aplicável em todo e qualquer espaço educacional, capaz de promover conhecimentos teoricamente sistematizados e relacioná-los às questões da vida real.

Professor: farol norteador

O Roteiro traz uma visão integrativa do ato democrático de aprender. Nesse aspecto a educação é estimulada para o movimento de aprender a ensinar e transformar a realidade por meio de uma proposta de atuação orgânica pautada na liberdade, onde o professor é o farol norteador, apresentando conceitos de temas relacionados ao Estado de Direito que leva o aluno a pensar, elaborar o sentido dos pensamentos e realizar a atividade na prática, criando a ponte que fomenta a participação ativa dos alunos nas decisões escolares, promovendo a tomada de decisão no coletivo e consequentemente o envolvimento da família na construção de relações mais igualitárias.

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As intervenções realizadas a partir do programa se apoiam na designação de Estado de Direito, visto que o Roteiro visualiza a escola como uma organização destinada a manter a condição de organização por meio de um conjunto de valores e normas existentes na sociedade. Sendo assim, as autoras ressaltam que a escola funciona como um laboratório que prepara a criança e o adolescente para exercer de forma saudável a plena cidadania na vida adulta.