Vereador Cid Santos sugere criar comitê médico para adotar tratamento precoce contra a Covid-19
Tema polêmico divide opiniões no Brasil, entre especialistas, população e autoridades públicas.

Em um vídeo publicado em suas redes sociais, o vereador Cid Santos (DEM), de Adamantina, sugeriu que o município crie um comitê médico para estabelecer um tratamento precoce contra a Covid-19 em moradores locais.
No vídeo, o vereador relata o aumento no número de casos e óbitos na cidade, menciona localidades brasileiras onde o tratamento precoce é aplicado, como Porto Feliz (SP), Belém (PA) e Chapecó (SC), e cita medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina.
No vídeo, Cid destacou o caso de Porto Feliz. Ele mencionou que o prefeito da cidade é médico e instituiu o tratamento precoce utilizando os dois medicamentos, disponibilizado àqueles que chegam ao serviço de saúde com sintomas iniciais da doença. “É aí que entra o tratamento precoce. O paciente recebe o kit de tratamento precoce e com acompanhamento médico começa a fazer uso dos medicamentos”, explica. “Essas pessoas estão se recuperando com queda nos casos graves e óbitos”, afirmou.
Com esse cenário, Cid recomenda a adoção de protocolo similar na saúde de Adamantina. Se referindo à crescente no número de casos, internações hospitalares e mortes, o vereador questiona: “Não seria o momento de rever a situação em que se encontra o município?”, pergunta. “Quero sugestionar às autoridades competentes e pedir por aqueles que são a favor do tratamento precoce”, ressalta.
Advogado, jornalista e radialista, o vereador disse no vídeo que tem se dedicado ao assunto. “É hora de mudar o jogo. Estamos numa guerra contra o inimigo que até agora está vencendo. Estamos perdendo a batalha e é hora de rever a situação”, conclui.
Vereador se reúne com secretário de saúde
A proposta já foi apresentada pelo vereador ao secretário municipal de saúde de Adamantina, Gustavo Taniguchi Rufino. Eles se reuniram na manhã desta quarta-feira (14), na Secretaria Municipal de Saúde. Na oportunidade, Cid detalhou sua proposta e apresentou informações mais completas ao gestor local.
O SIGA MAIS teve acesso ao vídeo enviado pelo vereador, onde o secretário de saúde agradece a visita do parlamentar e as sugestões recebidas. “Com certeza, receber a visita de um vereador sério como você, nos passando ideias novas, sempre preocupado em não fazer a politicagem. Sempre preocupado em estar sempre tratando do bem estar da população”, disse Gustavo.
Em seguida, o secretário descreve que algumas propostas já foram adotadas, em âmbito local, e que as novas sugestões terão encaminhamento. “Nós já implementamos algumas destas ideias aqui, mas essas outras ideias você pode ter certeza que estaremos sim estudando e implementando. São ideias interessantíssimas que você, com toda sua expertise e toda sua preocupação com a população de Adamantina, acabou pesquisando, procurando e trazendo aqui para a secretaria. Pode ter certeza que nós estaremos implementando em breve”, afirmou. Assista:
Tratamento off-label
Desde o início da pandemia, no ano passado, o presidente Jair Bolsonaro defende o tratamento off-label de infectados com covid-19, com medicamentos como a hidroxicloroquina, que não tem eficácia científica comprovada contra a doença, mas pode ser prescrita por médicos com a concordância do paciente. O medicamento chamado off-label é aquele prescrito pelo médico que diverge das indicações da bula.
O emprego de medicamentos como a hidroxicloroquina e ivermectina, prescritos preventivamente, ou no tratamento da Covid-19 é um tema polêmico entre especialistas médicos e cientistas, autoridades públicas e população, e não tem embasamento pelos institutos de pesquisas e agências reguladoras, para a doença.
Porém, seu uso tem ocorrido voluntariamente por pessoas, e ainda estimulado em diversas cidades brasileiras com a distribuição de kits pela rede pública de saúde, na tentativa de criar uma barreira preventiva à doença, na população, e ainda na identificação de sintomas iniciais. Há também a prescrição do medicamento em tratamentos da doença, em hospitais, em condutas off-label alinhadas entre médicos e pacientes.
Na terça-feira da semana passada, dia 6, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu comunicado alertando sobre o uso indiscriminado de medicamentos e sobre os efeitos adversos resultados de práticas como a “falta de prescrição de acordo com as diretrizes clínicas baseadas em evidências científicas”.
Segundo o sistema de notificações de farmacovigilância da Anvisa, o número de registros de reações adversas pelo uso da cloroquina saltou de 30 em 2019 para 242 em 2020, um aumento de mais de 800%. O medicamento também passou a encabeçar a lista dos medicamentos com maior número de reações adversas. No comunicado a Anvisa também pede que médicos e pacientes relatem à agência efeitos adversos pelo uso de medicamentos. (Continua após a publicidade...)
Sugestão de outro vereador já ocorreu em 2020
Em dezembro do ano passado o então vereador Eder Ruete, que era presidente da Câmara Municipal, apresentou o Requerimento Nº 241/2020, dirigido ao prefeito local, onde buscou saber se a administração municipal pretendia distribuir kits dos mesmos medicamentos a moradores locais, para o tratamento dos casos positivos do Covid-19.
Veja o que diz o documento: “A Secretaria Municipal de Saúde tem planos de elaborar algumas ações, no sentido de distribuir à população kits com os medicamentos hidroxicloroquina e ivermectina para o tratamento dos casos positivos do Covid-19 em nossa cidade? Tal medida foi alcançada com grande êxito em outras cidades”.