Adamantina tem recebido quantidade menor de AstraZeneca para segunda dose, em relação à primeira
Quem recebeu a primeira dose da AstraZeneca deve receber como segunda dose a vacina da Pfizer.

O número elevado de moradores de Adamantina que estão faltosos para o recebimento da segunda dose da vacina contra a Covid-19 pode talvez ser explicado pela resistência dos moradores que receberam como primeira dose o imunizante AstraZeneca, que sofreu um apagão no fornecimento em setembro, em todo o Brasil, situação que levou as autoridades estaduais de saúde a autorizar o uso do imunizante da Pfizer, como segunda dose.
Depois desse apagão no fornecimento de AstraZeneca, a distribuição nacional voltou a ocorrer. Em Adamantina, segundo apurou nesta sexta-feira (8) o SIGA MAIS junto ao poder público municipal, o recebimento do imunizante da Fiocruz para segunda dose tem ocorrido em quantidades menores em comparação ao volume utilizado como primeira dose, situação que foge da capacidade de atuação do município e fica condicionada aos envios feitos pelos órgãos que distribuem as vacinas para as cidades brasileiras.
Após contato do SIGA MAIS, o poder público respondeu em nota sobre a disponibilidade do Imunizante da AstraZeneca na saúde local. “A Prefeitura de Adamantina, por meio da Secretaria de Saúde, informa que o fornecimento da vacina AstraZeneca tem vindo em quantidade menor em comparação com as doses destinadas à primeira dose do imunizante”, explica. “A distribuição enviada ao município vem diretamente do Ministério da Saúde, repassada ao estado de São Paulo e encaminhada aos municípios. As vacinas dos demais fabricantes tem vindo normalmente”, completa.
Em Adamantina, vacinação acontece no CIS (Foto: Siga Mais).
De acordo com a resposta enviada ao SIGA MAIS, a Secretaria Municipal de Saúde reforça que o Governo de São Paulo estipulou, devido à falta de doses da AstraZeneca ocorrida de 1 a 15 de setembro, que as pessoas devem receber a segunda dose da Pfizer. “Com isso, mesmo que o município tenha AstraZeneca em estoque, a pessoa que deveria ter tomado a segunda dose da vacina na primeira quinzena de setembro será imunizada com a Pfizer, pois é determinação do estado”, afirma.
Por fim, a Secretaria Municipal de Saúde reforça que é fundamental que todos os moradores fiquem com o esquema vacinal completo, pois o município vem registrando elevação dos índices de contaminação.
Mais de 1,6 mil faltosos com a segunda dose
Segundo divulgou a Prefeitura de Adamantina nesta quinta-feira (7), 1.684 moradores deixaram de receber a segunda dose na data estipulada. Desse total, são 17 pessoas que tem 18 e 19 anos, 349 com idade entre 20 e 29 anos, 617 na faixa de 30 a 39 anos, 375 com idade de 40 a 49 anos, 286 que tem entre 50 e 59 anos e 40 pessoas na faixa etária de 60 a 89 anos.
Diante disso, a vigilância epidemiológica municipal está fazendo contato telefônico com os faltosos convocando para comparecimento ao CIS (Centro Integrado de Saúde) para completarem o esquema vacinal.
Alerta: alta de casos e internações em Adamantina
Também nesta quinta-feira a Prefeitura de Adamantina divulgou sobre a alta de casos positivos de Covid-19 e internações, entre moradores locais, neste mês de outubro. De acordo com o poder público, somente nos cinco primeiros dias do mês, Adamantina já registrou 64 casos positivos para a Covid-19. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, das 140 notificações, 46% delas resultaram em casos confirmados.
Em um comparativo com o mês de setembro, das 408 notificações que também foram registradas, 115 pessoas testaram positivo, o que significa 28% do total de notificações.
Se formos levar em conta apenas os casos confirmados, Adamantina já atingiu 55% de casos positivos em 5 dias, diante dos 30 dias de setembro.
Quadro epidemiológico de ontem (7), quinta-feira (Arte: Siga Mais).
Comparando ainda apenas cinco primeiros dias de setembro com os cinco primeiros dias de outubro, o município contabilizou no mês anterior 6 casos positivos e em outubro são 64.
A alta de casos pode ter relação direta com recusas de moradores para o recebimento da segunda dose, e ainda o relaxamento das medidas de controle sanitário, como o uso de máscaras de proteção facial e a ocorrência de aglomerações. “A situação é preocupante, temos registrado elevação dos índices, a população não pode descuidar”, pede o secretário de saúde, Gustavo Taniguchi Rufino. “A vacina, o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização constante das mãos são as ferramentas que temos para combater a doença”, completa o gestor.
Misturar Pfizer e AstraZeneca é seguro
A intercambialidade destas vacinas foi aprovada pelo Comitê Científico do Governo do Estado e pelo PEI, que embasaram a decisão em estudos da Organização Mundial de Saúde e orientações do próprio Ministério da Saúde. A decisão também foi aprovada em deliberação bipartite com o Conselho dos Secretario Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems).
Em nota técnica publicada no dia 26 de julho, o Ministério da Saúde cita que os resultados de um estudo de intercambialidade entre as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca indicam uma “resposta imune robusta no esquema heterólogo [mix das vacinas] associado a um bom perfil de segurança”. Ou seja, o estudo sugere que a utilização dos dois imunizantes combinados é segura e produz anticorpos contra a Covid-19.
Vacina AstraZeneca (Foto: Myke Sena/MS).
O mesmo documento destaca outro estudo, realizado no Reino Unido, que “evidenciou uma resposta imune superior no esquema heterólogo naqueles indivíduos que receberam a primeira dose da vacina AstraZeneca”.
No caso das pessoas que receberam a primeira dose da Pfizer, a pesquisa citada pelo Ministério da Saúde afirma que “os parâmetros da resposta imune foram ainda superiores ao observado no esquema homólogo [uma única vacina] da vacina AstraZeneca, uma vacina aprovada para uso e com elevada eficácia contra a Covid-19”.
Em resumo, o que a pesquisa do Reino Unido aponta é que pessoas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Pfizer, e vice-versa, tiveram melhor resposta imune do que as que tomaram as duas doses apenas da AstraZeneca, o que ressalta a efetividade da intercambialidade dos imunizantes.
Vacina Pfizer (Foto: Myke Sena/MS).
Sobre a segurança do processo, esse mesmo estudo apresentado pelo Ministério da Saúde observou uma “taxa de eventos adversos um pouco aumentada no esquema heterólogo, no entanto todos eventos reportados atribuíveis a vacinação foram eventos não graves e autolimitados”.
Por fim, o Ministério da Saúde afirma que, com base nos dados obtidos pelos estudos citados, a própria OMS “optou por atualizar as suas recomendações referentes ao tema, orientando que, em situações onde não seja possível administrar a segunda dose com o mesmo produto, seja por falta do mesmo produto ou por outras preocupações, seria possível a adoção de esquemas heterólogos”. A recomendação, inclusive, é semelhante à adotada por países como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá (Tópico com informações da Câmara Municipal de São Paulo).