Cidades

Comportamento, formação de condutores, fiscalização e educação: desafios no trânsito de Adamantina

Reportagem encerra ciclo sobre trânsito de Adamantina, dentro da Semana Nacional do Trânsito.

Por: Da Redação atualizado: 28 de setembro de 2015 | 12h41
O tema de hoje traz uma abordagem sobre trânsito local, formação de condutores e outros desafios, entre os quais as ações em educação para o trânsito e fiscalização mais severa (Foto: Acácio Rocha) O tema de hoje traz uma abordagem sobre trânsito local, formação de condutores e outros desafios, entre os quais as ações em educação para o trânsito e fiscalização mais severa (Foto: Acácio Rocha)

Conforme divulgado à imprensa, a Prefeitura de Adamantina abriu na última sexta-feira sua “Semana do Trânsito”, dentro da programação da semana nacional dedicada ao assunto. Foi realizada panfletagem no centro da cidade, no último sábado (19) e desde segunda-feira (21) até ontem (24) foram realizadas palestras sobre Educação do Trânsito nas escolas municipais. Hoje (25) haverá o encerramento com a palestra “Seja você a mudança no trânsito”, na Etec Eudécio Luiz Vicente, às 19h30 (leia mais aqui).
Dentro dessa temática, o SIGA MAIS trouxe nesta Semana Nacional do Trânsito mais de 10 reportagens dedicadas ao assunto (reveja aqui).
O tema de hoje traz uma abordagem sobre trânsito local, formação de condutores e outros desafios, entre os quais as ações em educação para o trânsito e fiscalização mais severa, a partir do ponto de vista de Newton Natal Cíceri, que atua como instrutor para formação de condutores.
Ele foi procurado pelo SIGA MAIS para falar sobre o trânsito da cidade, e abre a conversa apresentando dados da ONU, que revelam a falha humana como 90% das causas dos acidentes de trânsito. Na balança, entre responsabilizar a organização do trânsito e a questão atitudinal, ele pontua que o mais crítico é o comportamento, de motoristas e pedestres.

Pontos críticos no trânsito de Adamantina

Todavia, Newton destaca que o condutor tem por obrigação, sempre, respeitar o pedestre, considerado a parte mais frágil do trânsito. “Os condutores, em Adamantina, andam quase sempre acima da velocidade estabelecida, não respeitam a sinalização avançam no cruzamento mesmo não tendo a preferencial, param ou estacionam de modo irregular”, contextualiza. “Já o pedestre normalmente não atravessa na faixa a ele destinada, tanto que tiveram que colocar barreiras nas esquinas, além de circular pelo meio da rua”, diz. Nesse último ponto, ele considera a presença de pedestres nas ruas em razão dos inúmeros problemas em calçadas, com desníveis, ocupadas por diversas maneiras e com irregularidades no seu pavimento.
Para ele, a parte da engenharia de transito, em Adamantina, está razoavelmente resolvida. “Se nós compararmos com outras cidades da região, veremos que Adamantina é uma das mais sinalizadas. O trânsito aqui foi razoavelmente elaborado em que pese algumas ruas com sentido único com estacionamento a 45 graus sem propósito algum, e alguns cruzamentos com a faixa de pedestres recuada sem necessidade”, disse.

A educação, de um modo geral, interfere no comportamento do trânsito de Adamantina

Sobre os reflexos do comportamento de motoristas e pedestres na dinâmica do trânsito, Newton disse que toda atitude agressiva causa interferências diretas na relação entre os diversos atores do trânsito local. Ele cita exemplos de atitudes que podem ser caracterizadas como agressividade, entre as quais, o motorista que anda colado no outro carro ou em alta velocidade, o pedestre que anda pelo meio da rua ou não respeita o direito do condutor, e o motociclista que gosta de se exibir no trânsito ou faz ultrapassagens perigosas e irregulares. “Qualquer comportamento fora das regras de transito é agressivo”, define.
Num olhar mais incisivo sobre o trânsito de Adamantina Newton traça como ponto crítico a educação como um todo. “E aqui eu falo de todos os aspectos. Desde o modo como o condutor foi criado na família, escola, relacionamento com seus amigos e comportamento da sociedade em geral, pois tudo acaba afetando no momento que o cidadão tira sua licença e sai dirigindo”, sinaliza. “É fundamental que se tenha ações que mudem o comportamento em relação ao trânsito”, defende o entrevistado.

Barreiras: novos candidatos a condutores chegam ao Centro de Formação dizendo  “eu já sei dirigir, não sei o que estou fazendo aqui”

Um dos pontos de crítica genérica e simplista é feita, por muitos, à metodologia adotada na formação de condutores, pelos centros de formação de condutores (CFC). Newton Cíceri destaca que conteúdo do treinamento dado pelos CFCs é suficiente dentro do propósito dele, ou seja conscientizar o novo motorista quanto ao perigo do trânsito no Brasil e como estes novos motoristas deverão se comportar para não se envolver em acidentes e principalmente respeitar o direito dos usuários do trânsito. “O grande problema é você ter que mudar a mentalidade de pessoas adultas que chegam no CFC com um pensamento já pronto, e uma visão totalmente equivocada do que é trânsito”, destaca. “Muitos alunos dizem “eu já sei dirigir, não sei o que estou fazendo aqui, pois já sei dirigir desde os 10, 12 14 anos”. Ou seja, eles acham que dirigir é apenas conseguir controlar um automóvel, trocar de marcha, acelerar e frear”, continua.
E quando ouvem sobre as responsabilidades de condutores e proprietários de veículos ficam, às vezes, assustados. “A maioria dos novos candidatos que chegam para as aulas não tem quase nenhuma noção do que é o trânsito e o quanto ele é perigoso. Afinal, o trânsito é o que mais mata no planeta. Mata mais do que qualquer guerra e aqui no Brasil também é o responsável por milhares de mortos todos os anos”, esclarece.

Fiscalizar, punir e combater a impunidade no trânsito em Adamantina, e investir na educação para o trânsito junto às crianças

Perguntado sobre sugestões que pudessem melhorar a relação no trânsito em Adamantina, Newton é categórico em defender maior fiscalização e aplicar medidas punitivas a infratores. “Existe muita impunidade no trânsito aqui em Adamantina”, reclama. “Quando você aperta a fiscalização os condutores ficam mais atentos. Porém, a fiscalização aqui em Adamantina é muito branda”, continua.
Ele cita como exemplo o abuso de motociclistas que trocam os escapamentos de suas motos para que esta faça mais barulho, o que é ilegal e segundo o Artigo 98 do Código de Trânsito Brasileiro. E explica que tanto o proprietário quanto o executor das alterações são responsáveis. “E o que nós vemos é que ninguém é punido. Eles continuam ai dia e noite perturbando o sossego público e não se vê nenhuma ação por parte dos órgãos responsáveis”.
Quanto a medidas a longo prazo, Newton defende programas de educação para o trânsito envolvendo crianças em séries iniciais, como ocorre em muitos países. “Falta vontade política para isto aqui em Adamantina. Algumas cidades brasileiras já o fizeram e deu certo, com reflexos positivos e imediatos na diminuição no número de acidentes principalmente na questão atropelamento na faixa de pedestres”, disse. Ele aposta em outro efeito com a medida envolvendo as crianças. “Ocorreu o fator inverso neste caso: o filho educa os pais, ou seja, há a cobrança por parte dos  pequenos em relação à atitude dos pais no trânsito”.

Ano do Trânsito: campanhas ampliadas e permanentes

Newton Cíceri faz também outra sugestão, de ampliar as ações da Semana Nacional do Trânsito, previstas no Código de Trânsito Brasileiro. “Na minha opinião nós deveríamos ter o “ano do trânsito”, ou seja termos campanhas o ano inteiro até conscientizar todo os brasileiros. Também deveria ter uma maior prevenção com a presença constante do policiamento em certos locais para coibir o abuso por parte daqueles que não respeitam as leis. A função primeira do policiamento no transito é prevenir. A punição, com multas e outras medidas administrativas é o último recurso a ser utilizado contra o condutor”, finaliza.

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