O que será que motiva os partidos, políticos e agentes públicos de Adamantina?
É imperativo compreender os meandros do poder da cidade e seus agentes, conhecer intimamente as propostas dos candidatos e cobrá-los, “desmascarar” quem são as empresas e sujeitos que financiam as campanhas , tentar compreender por que apoiam determinados candidatos e partidos.

Precisamos revolucionar o cenário político desse nosso país, começando por nossa cidade. Eu me pergunto, assistindo um pouco mais de perto a cena politica partidária de Adamantina, como votar? Em partidos, em pessoas? Porque é tudo muito confuso, as ideologias dos partidos são muito tênues, difusas e até mesmo inexistentes. Eu tenho a sensação que muitos se filiam a partidos politico, não pela representação, ideologia, significado no cenário municipal, estadual e nacional e, a possibilidade de desenvolver um trabalho significativo e relevante na cidade visando o bem estar da população, mas sim, filiam-se a partidos apenas para ocupar possíveis cargos ou ter uma chance de concorrer a um cargo eletivo, dominar o cenário municipal, sem ao menos saber o que e como fazer gestão, dessa forma, não criam projetos para a cidade que visem o avanço socioambiental, socioeconômico da cidade em médio e longo prazo, e nem mesmo em curto prazo. Esquerda e direita se confundem, emulam e até mesmo inexistem neste micro cenário.
É imperativo compreender os meandros do poder da cidade e seus agentes, conhecer intimamente as propostas dos candidatos e cobrá-los, “desmascarar” quem são as empresas e sujeitos que financiam as campanhas para prefeito e vereadores e, tentar compreender por que apoiam determinados candidatos e partidos, conhecer a composição política da câmara de vereadores e da prefeitura – quem apoia quem e por que - refletir e problematizar as “motivações” políticas e também conhecer as potencialidades e problemas da cidade.
Sabemos que as prefeituras estão em quase estado de penúria, muito devido ao estrangulamento promovido pelo governo federal e estadual, e para piorar o cenário, no caso de Adamantina e região, há nenhuma, ou pouquíssima força política, pois, por estas bandas não conseguimos união para eleger deputados, nem estadual, o que dirá federal, mas muito dessa “miséria”, também, é consequência de administrações obtusas, fisiológicas e clientelistas. Infelizmente nossos políticos se acostumaram a governar com o que tem, não estão “habituados” a buscar novos recursos e investimentos.
Outro grande problema (devido ao clientelismo, fisiologismo e apadrinhamento) é que sujeitos despreparadas assumem secretarias, além de uma máquina extremamente inchada. Há um sucateamento estrutural e também humano, isso é grave e precisa ser revertido, mas para tanto, a população precisa entender este processo e começar a fazer seu papel, que é o de não apenas exigir que a “coisa” certa seja feita e fiscalizar, mas acima de tudo, entender todo este processo, desmascarar e sacudir a cena política partidária de Adamantina, não mais aceitar falácias e incompetentes, pois o preço pago pela sociedade é extremamente alto.
Pois é, meus caros, infelizmente nossa sociedade não consegue atribuir responsabilidades, isso acontece porque não compreende o que é função do cidadão, da federação, do estado e do município, por não participar da vida pública da cidade, por ser subserviente a qualquer autoridade política como se fossem seres superiores e não o que realmente são, agentes públicos que ocupam cargos públicos para servir a população e não se servir da população.
¿O que deveria motivar uma mulher e um homem que se candidatam a ocupar um cargo público, prefeitos, vereadores, secretários, diretores, cargos de confiança, concursados? Nada mais e nada menos do que servir o público com eficiência, competência e correção. Espera-se de pessoas públicas a grandeza de grandes homens, não a covardia de meros oportunistas que se apropriam do público para benefício pessoal ou como cabide de emprego. É inadmissível, triste e revoltante que em uma cidade pequena como Adamantina o público seja uma forma de garantia de emprego, dessa forma muitos que não tem a mínima ligação, habilidade, competência ou aptidão, ocupam cargos simplesmente porque são bons cabos eleitorais. Qual o custo para a cidade? Qual o custo para a população?
Vivemos tempos tão negros e de uma amoralidade e falta de ética ímpar que trabalhar em benefício próprio ou de grupos, nem causa vergonha nos agentes públicos, enquanto uma sociedade apática silencia diante da desfaçatez, incompetência e desmandos dos agentes públicos, aceitando a falsa premissa de que todos são iguais. Sempre serão iguais enquanto formos dóceis, subservientes e servis.
O problema, infelizmente, está enraizado em nosso sistema político partidário, ocupado por sujeitos que orbitam na esfera do poder entra ano e sai ano, que não trazem nada ou muito pouco de novo, apenas carregam os mesmos vícios do passado. Infelizmente muitos políticos usam do poder como status, para impulsionar suas vidas pessoais ou dos “seus”, se servindo do bem público e não servindo ao público, se são probos, infelizmente, muitos, são arcaicos, incompetentes, retrógrados, pouco inovadores e nada visionários - apenas a boa vontade não faz um grande político. Há no município, sim há, políticos sérios, comprometidos e atuantes - antigos políticos e jovens políticos - mas estes devem ser maioria, nunca a minoria. Enquanto nós não compreendermos todo este processo, continuaremos sendo as vítimas passivas desse sistema de poder.
Isabel Cristina Gonçalves é Adamantinense, Oceanógrafa, Mestre em Educação e Doutora em Educação Ambiental. Atualmente trabalha como pesquisadora, Pós-Doutoranda, pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no projeto: "Mudanças climáticas globais e impactos na zona costeira: modelos, indicadores, obras civis e fatores de mitigação/adaptação - REDELITORAL NORTE SP" | Acesse aqui seu perfil no Facebook.