Pequenas Mentiras

O chapéu

É vermelho. É branco. É vermelho e branco.

Por: Cesar Carvalho | pequenasmentiras49@gmail.com
O chapéu

Ela estava na calçada, sentada na mesa do bar, bebendo. As mãos trêmulas. Os olhos marejados. Olhou o relógio. Olhou de um lado da rua, olhou para o outro e nada do marido. Abriu a agenda e leu: encontro para discutir a relação. Sua mão trêmula levou o cálice de bebida à boca. Consultou novamente o relógio. Para variar, ele está atrasado, como sempre! Olhou à direita da rua, nada do marido. Virou-se à esquerda e lhe chamou a atenção um jovem de seus vinte e poucos anos. Não eram suas roupas, as tradicionais calças jeans e camiseta, mas o chapéu vermelho, um estranho chapéu triangular, bicudo, tipo Robin Hood, que o tornava estranho.

Curiosa, acompanhou-lhe o andar e, para seu alívio, viu o marido atravessar a rua. Na calçada ele passou pelo jovem e estranhou o exótico chapéu.

No bar, o primeiro comentário do marido foi o bizarro chapéu branco. Mas não é branco, diz a mulher, é vermelho. Ele insistiu, é branco. É vermelho, ela rebateu. Ele teimou. Ela enraiveceu. As vozes aumentaram. Aumentaram. Aumentaram. De repente ela estatelou os olhos e se assustou. O marido, sem entender, girou o rosto e viu o jovem com seu chapéu bicolor, vermelho e branco, entrando no bar.

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