Letra A

O tamanho do problema

Médico ginecologista e obstetra de carreira reconhecida, Dr. Pacheco vai precisar tirar a Prefeitura de Adamantina da UTI.

Por: Acácio Rocha | acacio@sigamais.com
O tamanho do problema

Dr. Pacheco assume nesta quarta-feira (18) a Prefeitura de Adamantina. Abraça para si a responsabilidade, a partir de agora, com a condução dos destinos da cidade e a herança desastrosa deixada por seu companheiro de chapa.

Médico ginecologista e obstetra de carreira reconhecida, Dr. Pacheco vai precisar tirar a Prefeitura de Adamantina da UTI. A estrutura pública agoniza diante de um desgoverno sem precedentes, endividamento, sucateamento, funcionários desmotivados e uma carga de responsabilidades crescente, da qual não dá pra fugir.

Se não bastasse a trajetória de retração e zero avanço, agora a cidade se vê manchada pelo episódio de suposto desvio de dinheiro público, segundo apuração do Ministério Público que, a partir do elementos investigados, convenceu o Poder Judiciário de que tais evidências são consistentes, ensejando a decisão pelo afastamento do prefeito.

Dr. Pacheco tem uma gestação cheia de complicações pela frente e o tratamento não poderá ser homeopático. Precisará ser incisivo, objetivo e contundente. As decisões de precisão cirúrgica são vitais daqui pra frente.

No campo político, o prefeito Dr. Pacheco vai precisar dialogar muito, sobretudo sensibilizar o legislativo e a sociedade por um pacto de governabilidade. Terá grande enfrentamento interno e externo, e vai precisar administrar ego e perfis do seu entorno, além de desgostosos e frustrados com o governo amarelo que venceu as eleições de 2012. E da qual, Dr. Pacheco faz parte.

Na área da gestão, vai ser preciso promover as mudanças estruturais tão esperadas, e que foram artificialmente implantadas até então. Deverá se apoderar da realidade, tão disponível e evidente, e propor ações radicais a partir dela, e com isso, tentar alcançar a realidade desejada. Tem um caminho difícil pela frente, com a escassez financeira, sucateamento da estrutura – em todos os aspetos – funcionários desmotivados, entre outros.

Nesse campo, por exemplo, vai colher um cenário ainda mais difícil para 2016, diante da recente recusa por aumento em tributos, que impactariam em incremento de receitas a partir do IPTU e na contribuição de iluminação pública. Em posse de um discurso agradável e conveniente junto ao eleitorado, a Câmara disse não ao Ivo, mas vai doer no Dr. Pacheco. E não há remédio que não seja amargo.

Entre os desafios que o médico-prefeito terá pela frente estão, a curto e médio prazos: resolver o drama financeiro, incrementar as receitas, reduzir efetivamente as despesas, enxugar a máquina pública, dialogar com o legislativo e com a sociedade, convencer fornecedores, entre outros.

Entre os desafios de grande complexidade, resolver a gestão dos resíduos sólidos x aterro sanitário, a limitação da capacidade do cemitério, a infraestrutura urbana e a conclusão de obras públicas em andamento.

Evidentemente, e é natural, o médico-prefeito vai querer deixar sua marca. Seja pela redefinição interna, seja pela invocação e aplicação do plano de governo oferecido como instrumento de convencimento na campanha eleitoral, e tão pouco executado, e também tão pouco cobrado.

Porém, com um novo pensamento e uma nova equipe – pois acredita-se que poderão ocorrer mudanças no primeiro escalão – devem haver mais receptividade e menos resistência e influências junto à mesa de decisões, sobre a ideia inicial pela instalação da FATEC em Adamantina, nas proximidades do Jardim Brasil. É demanda importante, atrasada e fácil de resolver. E se consolidar isso, sobretudo dizendo sim à sua instalação na área inicial, têm-se, com este ato, a efetivação de uma das mais importantes conquistas para Adamantina, anunciada em 2011 e desde janeiro de 2013 deixada em segundo plano pelos administradores.

Enfim, o desejo, de todos os adamantinenses, é voltar a se orgulhar da cidade e de suas realizações.

Que o desafio, prestes a iniciar, seja motivado pelo amor à cidade, pelo interesse coletivo, pelas questões e expectativas da comunidade, e que o clubinho das próprias vontades, do ego, da arrogância, da prepotência, e tantas outras características contrárias ao interesse público, não tenha espaço no novo “novo rumo”. Se assim não fizer, será mais do mesmo, de uma dor crônica que até agora fez a cidade agonizar.

É a sua vez, Doutor! Vai ter que descascar abacaxi usando bisturi.

Sobre o autor | Acácio Rocha é jornalista, diretor de conteúdo do Portal Siga Mais | Acesse aqui sua fanpage.

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