Lula: “Primeiro-Ministro” na República dos bananas
Permanece um governo que se contradiz, em ser pior àquilo que sempre combateu.

A nomeação de Lula para ocupar a Casa Civil põe fim ao mandato Dilma, que passa a ocupar o posto de “Presidente Emérita”, um último suspiro de socorro, diante da agonizante e desastrosa gestão governamental e da trágica, promíscua e criminosa atuação política, que saqueou o país para financiar um plano de poder, que segue em pleno curso.
Lula volta a ocupar cadeira em torno da mesa de decisões do Planalto Central, na tentativa de, na versão governista, empreender esforços para reconstruir a base de apoio e esvaziar o pedido de impeachment que ameaça o quarto mandato petista, no (des)comando do País. Em síntese, Dilma pediu socorro, por ser incapaz de lidar com o que tem sobre sua mesa.
Por outro lado, a interpretação da oposição, e da sociedade brasileira, é que a manobra foi usada para garantir foro privilegiado ao ministro Lula e tirar do juiz Sérgio Moro a investigação em torno dele, condição prevista na legislação brasileira. É aquilo que, se ocorrido sob qualquer outra sigla partidária, o PT chamaria de golpe.
A oposição, por sua vez, apenas murmura, e vai tentar, por vias judiciais, barrar a posse de Lula na Casa Civil, com a argumentação de que a decisão de Dilma, em nomeá-lo, estaria obstruindo a Justiça. É o que restou fazer.
Nesse aspecto, Lula não vai deixar de ser investigado, já que a competência sai da Justiça Federal de Curitiba e vai para o Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília. À sombra dos Poderes, instalados na mesma avenida, as relações políticas e o poder sem limites que Lula sempre teve, podem de alguma forma recrutar forças ocultas na tentativa de minimizar, ou retardar ao máximo, a aplicação da Lei.
A questão é: por quem ele vai ser investigado, e por quem ele deixa de ser investigado, já que a atuação de Sérgio Moro, aclamada e reconhecida pela sociedade brasileira, se faz aparentemente sem restrições e cerceamento, no amplo exercício da investigação judiciária e aplicação da Lei, e que revelou uma atuação criminosa de políticos e empresários, em torno do plano de poder petista.
Lula tenta assim salvar a própria pele, e fará de tudo para isso. Dilma, assume de fato a figuração política como sub-presidente ou rainha decorativa, e sem saída, dividindo o trono com seu criador. Usaram dessa medida escapista como último recurso para tentar manter-se no poder, a qualquer custo. Negligenciaram, por exemplo, a aclamação popular do último domingo, nas ruas de todo o Brasil, quando os brasileiros pediram um basta na corrupção e os corruptos, entre os quais, Lula é investigado.
A sociedade brasileira foi ignorada, e no atual contexto, é o que menos importa. Essa turma toda que está no poder, está rindo disso. O foco agora é garantir a sobrevivência do plano de poder, que se costura sob o viés político e é financiado pelo dinheiro público saqueado por meio do propinoduto engenhosamente construído por políticos e empresários.
A república de bananas é hoje a república dos bananas. A indignação brasileira, ao que tudo indica, não irá além dos desabafos virtuais. A reação precisaria ser rápida, inteligente e mobilizadora, mas infelizmente não será.
Permanece um governo que se contradiz, em ser pior àquilo que sempre combateu, com uma atuação decadente e criminosa que, arrogantemente, negligencia toda a expectativa popular, e ao invés de fazer o limpa, coloca mais um “para dentro”, dando-lhe poder, espaço e proteção, coisa que, aliás, deviam ser tiradas de bandidos.