Letra A

FATEC nas mãos do novo rumo sem rumo

Os descaminhos na definição da área da FATEC de Adamantina.

Por: Acácio Rocha | acacio@sigamais.com
FATEC nas mãos do novo rumo sem rumo

O episódio da inércia e indisposição do Poder Público de Adamantina por não decidir pela área de instalação da FATEC de Adamantina, anunciada pelo governador Geraldo Alckmin em 2011, pode ser visto como um crime contra o cidadão.

A cronologia mostra o anúncio da FATEC em 2011. No ano seguinte a Administração Municipal decidiu uma área com total infraestrutura nas proximidades do Jardim Brasil e o Centro Paula Souza (mantenedor da FATEC) chegou a desenhar o projeto de construção e dois blocos com pavimentos térreos e dois andares, porém por ser ano eleitoral a doação da área ao Estado não pôde ser consolidada.

Em 2013 a atual Administração Municipal e um coro de apoiadores, que empunharam bandeiras amarelas na campanha eleitoral, defenderam a mudança da área da FATEC para uma faixa de terras rurais às margens da SP-294, e internamente, entre aqueles diretamente e objetivamente interessados nessa proposta, não houve entendimento.

Depois a tentativa da Administração Municipal foi uma faixa de terras rurais às margens do prolongamento da Avenida Rio Branco, no Jardim Adamantina. E mais uma vez, não houve avanço. A decisão da Câmara Municipal em rejeitar essa proposta, em votação legislativa, foi pautada pela condição de que a instalação da FATEC nessa área exigira investimentos de recursos financeiros que a Prefeitura não tem. Algo em torno de R$ 1 milhão para infraestrutura básica.

Assim, o que temos hoje é a mesma situação de 2011. Uma FATEC anunciada, uma expectativa criada e pouco de concreto, que consolide esse projeto. E nesse aspecto, a atual Administração Municipal tem total responsabilidade, em assumir para si o desejo pessoal de não aceitar qualquer sugestão, sobretudo pela área inicial, nas proximidades do Jardim Brasil. Também não aceita outra sugestão paralela, como a área defronte a Alpavel, para a construção da Faculdade.

Diante dessa incerteza, desgoverno e insegurança administrativa, o Centro Paula Souza não se arrisca em instalar a Faculdade em Adamantina, ou seja, dar início aos cursos em local provisório, sem que haja uma definição objetiva sobre a área que irá abrigar o campus da nova faculdade. Nesse aspecto, instalar e dar início aos cursos é mais importante que construir o prédio definitivo, pois garantem a abertura e funcionamento da FATEC Adamantina.

E hoje, tardiamente, por mais que haja uma luz de razão e coerência, e sobretudo atitude que foque na consolidação da conquista e na arregimentação de garantias pela instalação da Faculdade na cidade, a realidade econômica do Brasil exige contenção. Não há disponibilidade financeira do Governo Estadual em destinar, por exemplo, R$ 20 milhões para a construção de um campus da Faculdade na cidade. E há correntes dentro da estrutura do governo estadual, do alto escalão, que pontuam, dentro da nova realidade: para abrir uma nova FATEC, outra precisaria ser fechada. É esse o novo drama.

Desta forma, o sonho parece que está cada vez mais distante. E pode se tornar pesadelo. A inércia e a prepotência, e a pouca razoabilidade, podem comprometer o futuro da cidade. É muito ruim esse retardamento, que adia o sonho de muita gente da cidade, sobretudo da juventude, em ter acesso ao ensino técnico de nível superior, gratuito, em Adamantina. Porém isso pode se tornar mais amargo se o atual governo perder essa oportunidade, de deixar escapar pelo ralo uma das mais importantes conquistas dos últimos tempos para a cidade e região – que se vê inserida no mapa penitenciário. Quando há uma decisão de governo que pode mudar isso, a mesma se esbarra no ego, na vaidade e na arrogância daqueles que deveriam governar para todos, mas governam somente ao que lhe interessa.

Assim, espera-se que a sociedade se mobilize. O exemplo vivido pela Escola Grion deve ser replicado. Sem engajamento, mobilização, pressão e barulho, organizados, o que teremos é um coro de lamentações, de pouca efetividade. O choro é livre e solitário. A mobilização, todavia, deve também ser livre, estimulada, engajada e solidária.

De maneira prática, basta o poder executivo resgatar a lei que autorizou a doação em 2012, e substituir o ano por 2015. Pronto. O esboço da lei já existe. Na Câmara Municipal, certamente, haverá aprovação unânime e urgente. O que falta, portanto, é vontade em fazer isso e, por consequência, reconhecer o lapso de tempo perdido e admitir que errou. É onde o orgulho fala mais alto, inclusive, é colocado acima do interesse coletivo e o bem comum.

Que a administração do novo rumo dos anos 90, agora sem rumo, dê um novo caminho para o labirinto onde se enfiou. Até porque, o impeditivo do ano eleitoral de 2012 estará presente daqui 50 dias, quando começa o ano eleitoral de 2016.

Adamantina precisa gritar, e fazer o desejo dos adamantinenses ser ouvido lá nos altos do palácio da Osvaldo Cruz, e que a FATEC, de fato, possa ser reconhecida como uma conquista de todos e para todos.

Sobre o autor | Acácio Rocha é jornalista, diretor de conteúdo do Portal Siga Mais | Acesse aqui sua fanpage.

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