Saúde

Continuou a salvar vidas: família autorizou doação de órgãos do enfermeiro Claudio Gonçalves

Após AVC e morte cerebral, família autorizou doação de órgãos do enfermeiro Cláudio Gonçalves.

Por: Da Redação | Com informações do Diário do Oeste atualizado: 12 de outubro de 2021 | 17h23
Porta-retrato com uma foto do enfermeiro Cláudio, nas homenagens realizadas por colegas da Santa Casa (Cedida). Porta-retrato com uma foto do enfermeiro Cláudio, nas homenagens realizadas por colegas da Santa Casa (Cedida).

Uma reportagem publicada na edição desta sexta-feira (8) do jornal Diário do Oeste revelou que a família do enfermeiro Cláudio Roberto Gonçalves da Silva, “Tato”, de 48 anos, sepultado na manhã de ontem (7) no Cemitério da Saudade, em Adamantina, autorizou a captação de órgãos, o que se deu após a constatação de sua morte cerebral, ocorrida na terça-feira (5), decorrente de sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico que evoluiu rapidamente para o óbito.

Diante da intensidade do AVC e seus desdobramentos, Claudio foi transferido da Santa Casa de Adamantina – onde foi atendido inicialmente e estabilizado – para o Hospital das Clínicas (HC) de Marília. Assistido por especialistas da área, recebeu todo o suporte para seu quadro clínico grave, porém não resistiu.

Com a constatação da morte cerebral – caracterizada pela completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro, quando o sangue que vem do corpo e supre o órgão é bloqueado e o cérebro morre –, houve a consulta formal por representantes do hospital sobre a possibilidade de doação de órgãos, o que foi prontamente aceito pela família.

Homenagens e orações na Capela da Santa Casa (Cedida).

A partir dessa decisão as equipes profissionais foram mobilizadas pelo HC. Nos procedimentos de captação, foram coletados pulmões, córneas, rins e fígado. A atitude permitiu que o enfermeiro continuasse a contribuir com a missão profissional e humana de salvar vidas, o que mantém ainda mais viva a sua memória, entre aqueles que conviveram com o profissional, como também, a partir de agora, entre os pacientes receptores.

Cláudio era filho de Neusa da Silva e Zacarias Gonçalves da Silva, ambos já falecidos, era irmão de Marcos Lama, Rogério e Ângela Gonçalves da Silva. “É uma perda muito grande, vai deixar um buraco muito grande em todos nós. Vai ser muito duro não ter mais aquela pessoa humana perto de nós”, afirmou, emocionado, o irmão Marcos, ao Diário do Oeste.

Referência em carinho e cuidados aos pacientes

O enfermeiro Claudio construiu uma carreira de 25 anos que fez dele referência em cuidados, profissionalismo, gentileza, alegria, sensibilidade, atenção e atendimento humanizado aos pacientes, como também no relacionamento com os colegas.

Desde as primeiras informações sobre o acometimento pelo AVC, as manifestações de carinho, solidariedade e fé se multiplicaram, o que se deu a partir do contatos dos colegas e amigos com familiares e nas redes sociais. Seu velório, na manhã desta quinta-feira, seguido do sepultamento, também foram marcados por fortes emoções.

Santa Casa ganhou ipê em homenagem ao enfermeiro

Na Santa Casa de Adamantina os colegas de trabalho realizaram duas homenagens em memória ao Cláudio. Uma delas foi um momento de oração e reflexões, na Capela do hospital, marcado por forte emoção. A iniciativa também possibilitou um apoio mútuo e solidário entre trabalhadores, que sentiram a perda do amigo.

Ipê plantado no pátio da ala masculina, em homenagem ao enfermeiro (Cedida).

Outra iniciativa, também na Santa Casa, foi o plantio de um ipê no pátio da ala masculina. A expectativa é que a árvore cresça e sua sombra e flores possam simbolicamente representar o enfermeiro.

Manifestações 

O Diário do Oeste buscou nas redes sociais manifestações publicadas por pessoas que conviveram com o enfermeiro Cláudio. “É assim que vamos nos lembrar de você, Claudinho: sorrindo e fazendo todos ao seu lado sorrir. Nossos dias exaustivos de trabalho no pronto socorro se tornavam mais leves ao seu lado. Foram quase 10 anos. É difícil aceitar, mas Deus te queria ao lado dele. Ser humano especial, generoso e dono de um coração enorme. Nunca esquecerei dos “ Bom dia, maravilhosa. “ ou “ Dra, faz o meu kit pobreza? “ Que seu encontro com Deus seja lindo, como foi sua jornada aqui na Terra. Nossa família Santa Casa de Adamantina está em luto”, afirmou a médica Maria Gabriela em mensagem postada nas redes sociais.

Cícera Lima Lourencini, também lamentou a morte do ex-aluno e colega de profissão. Ela lembrou ainda de outra perda para a área de enfermagem, ocorrida neste ano, de Daniela Benites, que travou uma longa batalha contra um câncer. “Quando estive com vocês aí, Dani e Cláudio, não sabia que era a última vez. Fiquei tão feliz aquele dia por poder vê-los, estar próximos a duas pessoas tão iluminadas, meus colegas enfermeiros, ex-alunos tão queridos”.

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Saiba mais sobre doação de órgãos

O SIGA MAIS buscou uma referência segura sobre doação de órgãos e encontrou um conteúdo de orientações no site oficial do Ministério da Saúde, por meio do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo doação e transplantes realizados no país.

Segundo a publicação, o Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Em números absolutos é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Por meio do SUS, a rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante. Com isso, a saúde pública responde por cerca de 95% dos transplantes no país.

Apesar do grande volume de cirurgias realizadas, a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão ainda é grande, onde diversos fatores contribuem para este número. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), um dos principais é a negação familiar, uma vez que no Brasil, para ser doador, não é preciso deixar nada por escrito, e sim comunicar à família, pois somente os parentes podem autorizar a doação.

Para mudar este quadro e permitir que cada vez mais pessoas que estão na fila dos transplantes possam voltar a desfrutar de uma vida confortável, é essencial inserir a temática da doação no cotidiano da sociedade, promovendo esclarecimento e orientações, já que na maioria das vezes o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam da doação. Todos os anos, milhares de vidas são salvas por meio desse gesto.

Para saber mais sobre o temaacesse aqui.

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